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Críticas à Amazon aumentam à medida que coronavírus destaca seu poder

Empresa enfrenta críticas de ativistas e de políticos que questionam a crescente influência da gigante da tecnologia também na pandemia

Amazon se comprometeu a destinar, neste trimestre, pelo menos US$ 4 bilhões para a luta contra o novo coronavírus (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Amazon se comprometeu a destinar, neste trimestre, pelo menos US$ 4 bilhões para a luta contra o novo coronavírus (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

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AFP

Publicado em 17 de maio de 2020 às 14h53.

Como a Amazon é cada vez mais uma rota de fuga para lidar com o confinamento trazido pelo novo coronavírus, a empresa enfrenta uma onda de críticas de ativistas e de políticos que questionam a crescente influência deste gigante da tecnologia.

Para atender à crescente demanda por produtos, a empresa contratou quase um milhão de trabalhadores, mas também teve de lidar com protestos sobre a segurança em seus armazéns, enquanto relatava a morte de vários de seus funcionários.

A empresa se comprometeu a destinar, neste trimestre, pelo menos US$ 4 bilhões para a luta contra o novo coronavírus, o equivalente aos lucros que prevê para este período.

A AWS, sua unidade de computação em nuvem, em que se sustenta boa parte da internet, é um elemento-chave nesta crise, já que cada vez mais pessoas e empresas trabalham on-line.

A Amazon mantém seu valor de mercado em níveis recordes, perto de US$ 1,2 trilhão.

"Seu tamanho justifica o escrutínio", disse Dania Rajendra, membro do grupo ativista Athena, uma coalizão dedicada à atividade da Amazon e ao tratamento de seus funcionários.

Seus membros veem com preocupação que a Amazon, que também controla um dos principais serviços de televisão "on demand", infiltre-se cada vez mais em muitos aspectos da vida de cada um de nós.

Apesar do fato de a pandemia ter atingido fortemente a economia mundial, o aumento no valor das ações da Amazon alavancou a fortuna de seu fundador e CEO, Jeff Bezos, estimada em mais de 140 bilhões de dólares.

A empresa sofreu greves em algumas de suas fábricas, devido à falta de segurança e pela reivindicação dos trabalhadores de adicional de periculosidade. Também foi acusada de demitir pessoas por criticarem a empresa.

"É uma minoria que está em greve, mas o sentimento representa milhares, ou centenas de milhares", disse Steve Smith, da Federação dos Trabalhadores da Califórnia.

A Amazon elevou o salário por hora para US$ 15, mais do que o salário mínimo, e pagou bônus durante a pandemia, medidas consideradas insuficientes pelos ativistas, especialmente no caro estado da Califórnia.

"A empresa pode se dar ao luxo de fazer destes empregos empregos de classe média, bons empregos", disse Smith.

As tensões chegaram à capital dos Estados Unidos, Washington. Congressistas responsáveis pelas investigações antitruste pediram a Bezos que responda às denúncias de que a empresa usou dados de terceiros para lançar seus próprios produtos. A Amazon nega a acusação.

A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, chamou a Amazon de "indigna" por demitir o funcionário Chris Smalls, que liderou um protesto para exigir mais segurança.

A empresa alega que demitiu Smalls por ele ter ido trabalhar após ter contato com paciente de coronavírus, violando a quarentena.

Em um comunicado enviado à AFP, a Amazon defendeu suas medidas de segurança no local de trabalho e disse que está implementando seu próprio programa de testes para funcionários.

A empresa também questionou as acusações de que tenta silenciar funcionários críticos da empresa.

A porta-voz Lisa Levandowski disse que alguns funcionários foram demitidos "não por falarem publicamente sobre condições de trabalho, ou de segurança, mas por violarem reiteradamente as políticas internas".

Levandowski acrescentou que a Amazon já oferece o que muitos sindicatos exigem: uma base salarial alta, benefícios de saúde e oportunidades de carreira.

O analista Patrick Moorhead, da Moor Insights & Strategy, disse que a Amazon está sendo mais observada por causa de sua crescente influência global e da riqueza de Bezos.

Para Moorhead, a Amazon também foi prejudicada pela publicidade que dada à busca de uma cidade para instalar sua segunda sede, o que aumentou a conscientização do público sobre as isenções fiscais de que a gigante da tecnologia desfruta.

Segundo o analista, a empresa "não está se beneficiando" da crise da saúde e deveria ter reconhecido o mérito de algumas das 150 medidas tomadas durante a pandemia. Entre elas, fornecer informática de alto desempenho para os pesquisadores de coronavírus.

"Se você pensar na alternativa de fechar a Amazon, muitas pessoas não receberiam os itens de que precisam. Teríamos um grande número de pessoas desempregadas", disse ele.

 

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