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"Crise é longa, mas cura será duradoura", diz Seabra, da Natura

Fundador da Natura, Antonio Luiz Seabra deu sua receita para sair da crise durante o encontro EXAME CEO

Antonio Luiz Seabra, durante palestra: executivo acredita que crise mais longa levará à cura duradoura (Germano Luders/Exame)

Antonio Luiz Seabra, durante palestra: executivo acredita que crise mais longa levará à cura duradoura (Germano Luders/Exame)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 8 de agosto de 2017 às 12h55.

Última atualização em 8 de agosto de 2017 às 13h01.

São Paulo - Perto de completar cinco décadas de história, as incertezas econômicas e políticas no país não paralisam a Natura.

Ao contrário: em plena crise, a empresa vem lucrando mais. No segundo trimestre, de abril a junho, seu lucro líquido foi de 163,5 milhões de reais, um aumento de 80% em relação ao mesmo período de 2016.

Além disso, a Natura deu, no início de junho, um grande passo em seu processo de internacionalização: iniciou a compra da britânica The Body Shop, um negócio estimado em 1 bilhão de euros.

Antonio Luiz Seabra, que fundou a Natura em 1969 com o capital de um fusca, relatou como está buscando lidar com a crise no Encontro de CEOs EXAME, realizado nesta terça-feira (8).

O executivo que é um dos três controladores da empresa e faz parte do seu conselho, pontuou que, ao contrário das muitas crises pelas quais o país já passou, a atual é mais longa e, naturalmente, mais desafiadora. “O país tem passado por um empobrecimento que tem afetado a todos”.

Mas Seabra afirma que vem buscando não perder o entusiasmo e seguir a receita de Victor Civita, fundador da Editora Abril que faleceu em 1990. “Civita se baseava em preceitos da medicina chinesa e buscava viver com otimismo, bom humor e esperança. É uma boa receita para superar este momento”.

Essa receita, segundo ele, deve levar à iniciativa. “É o momento de atuar. Podemos remover as almofadas que nos colocam em posições confortáveis para passar por 2017 e 2018 e chegar a outro cenário”.

Durante debate com o diretor editorial de EXAME, André Lahóz, Seabra disse que a oportunidade de compra da The Body Shop foi encarada, inicialmente, com ceticismo. “Sentíamos que a marca já não invocava o mesmo ativismo”.

Contudo, contou o executivo, pesquisas feitas pela Natura concluíram que a marca não tinha apenas presença em 60 países, mas também recall em diversos outros. “Achamos que valia a ousadia fundamentalmente para promover a expansão da empresa, mas também reconstruir o sonho da fundadora da rede, Anitta Roddick”.

Seabra lembra que The Body Shop encabeçou um movimento contra testes em animais. “Acreditamos que esse valor, de respeito à vida, pode ser atualizado”. O fundador da Natura ressaltou, durante o debate, que o negócio não está totalmente fechado.

Apesar do desafio enfrentado na crise atual, Seabra afirmou que uma as crises anteriores serviram para fortalecer a empresa. “Apesar de esta crise se mostrar mais longa, acredito que sua ‘cura’ será duradoura. Acredito que vamos dizer, em 10 ou 15 anos, como ela nos ensinou um novo caminho”.

No processo de expansão da empresa, Seabra nega que a profissionalização pode dar espaço para uma maior burocracia e fragmentação, o que poderia afastar a empresa de suas bandeiras, como a ética e o ativismo social. “É um temor, mas o tempo todo fazemos um movimento contrário. Sabemos que são características terríveis para o negócio”.

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