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Crise do Samsung Note 7 semeia rebelião na Coreia do Sul

Nesta segunda-feira, centenas de proprietários do Galaxy Note 7 entraram com ação de classe para exigir pagamento de indenização

Note 7: a fabricante de telefones lida com a crise mais séria de seus 47 anos de história (Kim Hong-Ji / Reuters)

Luísa Granato

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 18h54.

Seul - A Samsung , durante décadas campeã corporativa da Coreia do Sul , agora enfrenta uma revolta em casa.

Nesta segunda-feira, centenas de proprietários do Samsung Galaxy Note 7, aparelho sujeito a pegar fogo, entraram com ação de classe para exigir pagamento de indenização.

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Horas antes, uma firma sul-coreana de assessoria a investimentos recomendou que os acionistas votassem contra a entrada do vice-presidente Jay Y. Lee no conselho, na mais dura demonstração pública de oposição à ascensão do herdeiro aparente até o momento.

Os dois revezes surgem em um momento em que a fabricante de telefones lida com a crise mais séria de seus 47 anos de história, o desastre em torno do recall global de um telefone com casos de superaquecimento e explosão.

A confusão prejudicou a aura de invulnerabilidade da companhia em seu país e pode gerar maior vigilância sobre uma campeã nacional que antes nunca estava errada.

“A Samsung pode ter se tornado pretensiosa demais ao longo dos anos. Tem acontecido muitas coisas que jamais ocorreriam na Samsung de antes”, disse Park Ju-gun, presidente do órgão fiscalizador corporativo CEOSCORE em Seul.

“O caso minou a confiança da companhia. A Samsung trabalhou duro para construir uma imagem boa, mas sua reputação foi prejudicada.”

De forma mais ampla, o consolidado sistema corporativo da Coreia do Sul tem sido alvo de críticas nos últimos anos por sustentar feudos familiares às custas dos acionistas.

A Samsung, a maior dessas corporações, tem sido atacada por investidores ativistas como Paul Elliott Singer, que no ano passado iniciou uma das maiores brigas por procuração do país ao contestar a fusão de duas importantes afiliadas do grupo Samsung.

Embora o acordo finalmente tenha sido fechado, Singer agora pressiona por mais mudanças na Samsung Electronics.

A Sustinvest, firma de assessoria em voto por procuração com sede em Seul, disse em carta a acionistas que Lee não está qualificado para o conselho porque se beneficiou de transações “entre afiliadas” do grupo Samsung.

Essas transações são comuns entre conglomerados locais, mas enfrentam cada vez mais escrutínio porque gerariam lucros para pessoas de dentro das organizações.

O ataque direto da firma a Lee é incomum: o vice-presidente é considerado membro da realeza corporativa na Coreia.

A Samsung, em si, é apontada há muito tempo como símbolo da ascensão econômica pós-guerra da Coreia do Sul e atualmente obtém uma receita equivalente a um quarto do produto interno bruto do país.

Lee, 48, que deverá suceder o pai, o presidente da empresa, Lee Kun-hee, que está hospitalizado, foi nomeado para o conselho em setembro e enfrentará votação de acionistas na quinta-feira.

Mas a Sustinvest, que no ano passado também foi contrária à fusão da Samsung C&T com a Cheil Industries, disse na carta que Lee foi “beneficiário” de transações entre afiliadas, que “minam o valor corporativo porque excluem a possibilidade de acordos melhores.”

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