CPTM chega aos 30 anos mirando serviço 'de metrô' e mais trens a Cumbica
Estatal completa três décadas neste sábado. CEO Pedro Moro está à frente de um plano de investimento de 5 bilhões de reais para melhoria do serviço
Leo Branco
Publicado em 28 de maio de 2022 às 09h40.
Última atualização em 28 de maio de 2022 às 10h50.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, mais conhecida pela sigla CPTM, comemora 30 anos de fundação neste sábado, 28.
Resultado da junção de três empresas de trens de cargas e de passageiros até então administradas de maneira separada, a CPTM tem hoje 200 quilômetros de trilhos, 50 estações, boa parte delas em regiões periféricas da Grande São Paulo. Por mês, em média 40 milhões de passageiros circulam por ali — 80% do fluxo pré-pandemia.
Empresa de capital misto vinculada ao governo paulista, a CPTM é administrada desde 2019 por Pedro Moro, o primeiro funcionário de carreira a chegar ao posto de presidente da estatal — antes, nomeações políticas costumavam dar o tom da liderança.
Em dois anos, apesar do baque da pandemia, Moro comemora alguns feitos da companhia. A começar pelo investimento em tecnologia a fim de equiparar o conforto dos trens ao do metrô.
A companhia aportou 1,1 bilhão de reais, de um total de 5 bilhões de reais previstos até 2025, na reforma de seis estações — algumas delas construídas há mais de 100 anos —, e na automação dos sistemas de sinalização entre os trens.
O objetivo: a redução do intervalo entre um comboio em outro, hoje de até 15 minutos em algumas estações e horários do dia, para 4 minutos em toda a rede, seguindo um padrão já adotado nas linhas mais movimentadas do metrô paulistano, como a 1-Azul.
Hoje, essa espera de 4 minutos já é realidade nos horários de pico nas linhas 10 e 11 da CPTM, que conectam a região central da capital paulista aos municípios de Rio Grande da Serra e Mogi das Cruzes, respectivamente. "A meta é ter o serviço em toda a rede até o fim de 2023", diz Moro.
Em outra frente, a CPTM aposta na melhoria da linha 13-Jade, que conecta a zona leste de São Paulo, ao aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos.
Inaugurada em 2018, a linha sofreu críticas pelo número reduzido de partidas diretas do centro de São Paulo até os arredores do aeroporto.
Atualmente, um trem saindo da estação da Luz, no centro de São Paulo, utiliza os trilhos da linha 12 até a estação Engenheiro Goulart, na zona leste, e, então, segue pela linha 13 até o aeroporto.
Com uma partida por hora, o serviço sofre para decolar — a linha 13 tem algo como 15.000 passageiros diários. Além disso, quem tem como destino o aeroporto precisa descer na estação da CPTM e ainda entrar num ônibus da GRU Airport, administradora do aeroporto, para chegar aos três terminais, numa jornada de até 15 minutos.
A CPTM espera simplificar logo essa jornada até o aeroporto. Investimentos realizados na sinalização das linhas 12 e 13 já permitiram um volume maior de comboios dividindo espaço por ali — o intervalo entre os trens está em 5 minutos no trecho.
Até o fim do ano, a companhia deve ampliar a frequência das partidas direto do centro de São Paulo ao aeroporto para duas por hora.
E, em paralelo, quer estender a conexão direta ao aeroporto até a estação Barra Funda, na zona oeste, uma região mais próxima de eixos comerciais como os das avenidas Paulista e Faria Lima.
“Implantamos máquinas de autoatendimento para pagar com cartão de crédito, celular e Pix”, diz Moro. “Muitos passageiros vinham do exterior e não conseguiam comprar o bilhete. A ideia é digitalizar o processo.”
No radar do presidente da CPTM está, também, a autonomia financeira. A receita da estatal em 2021 superou 1,3 bilhão de reais, 90% disso com bilheteria.
As contas da estatal só fecham com subsídio do governo paulista. No ano passado, esse valor chegou a 1,2 bilhão de reais.
Antes da pandemia, a receita própria chegou a representar perto de 70% do capital da companhia e o superávit estava na mira da empresa.
A queda no número de passageiros por causa do isolamento social (na fase mais aguda da pandemia o tombo chegou a 75% do patamar pré-pandemia), aliada à inflação, complicou o atingimento da meta.
O jeito por ali tem sido negociar no detalhe contratos com fornecedores e buscar novas fontes de recursos.
Em 2021, a receita não tarifária chegou a 150 milhões de reais, alta de 90% na comparação com o ano anterior.
Só de novos contratos para exploração publicitária em trens e estações da CPTM foram 51 milhões de reais. Um leilão de materiais antigos e sem serventia para a companhia levantou 26 milhões de reais aos cofres da companhia.
Nos planos para captar mais recursos fora da bilheteria estão a concessão de espaços comerciais dentro de estações com muito fluxo de passageiros, como a estação Barra Funda. O patrocínio da iniciativa privada a uma determinada estação, os chamados naming rights, também estão no radar de Moro.
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