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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 12h36.
São Paulo - A CPFL Energia aprovou novo contrato para venda da eletricidade da hidrelétrica Serra da Mesa, em Goiás, a preço muito mais baixo que poderia vender no leilão de energia existente A-0, marcado para 30 de abril.
A empresa informou nesta quarta-feira que o preço da energia fechado no contrato com Furnas é de 156,7 reais por megawatt-hora (MWh), líquido de encargos setoriais, e o preço bruto equivalente, incluindo os encargos, é de 182,9 reais por MWh.
A CPFL venderá para Furnas, sua sócia na hidrelétrica, a energia referente à sua participação de 51,54 por cento na usina ou 345,4 megawatts médios. O contrato é para entrega de energia entre 1 de abril deste ano e 16 de abril de 2028.
A CPFL obteve direito a essa energia da usina após aprovação pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na semana passada. Anteriormente, a energia era vendida apenas para Furnas.
Condições de contrato
O preço da energia fechado em contrato com Furnas é inferior ao preço-teto que a CPFL poderia praticar no leilão A-0, de 271 reais por MWh, ou mesmo ao preço que poderia obter com a venda da eletricidade no curto prazo, que atualmente é de 822,83 reais por MWh.
"Esperamos que as ações reajam bem negativamente hoje, a medida que revertem as expectativas positivas construídas ontem quando houve anúncios de preço-teto (para o leilão)", escreveu o analista Vinicius Canheu, do Credit Suisse, em comentário a clientes, após conversar com o diretor financeiro da CPFL, Gustavo Estrella.
As ações da CPFL Energia chegaram a cair mais de 4 por cento na abertura do pregão desta quarta-feira. Entretanto, às 12h, os papeis reduziam a queda a 0,9 por cento, enquanto o Ibovespa tinha alta de 0,71 por cento.
Apesar de obter um preço mais baixo que o esperado pela energia de Serra da Mesa, o contrato fechado com Furnas não tem risco hidrológico para a CPFL, disseram Canheu e analistas do BTG Pactual, separadamente.
O analista do BTG, Antonio Junqueira, acrescenta em relatório que não há cláusula de racionamento de energia no contrato. "Em outras palavras, se um racionamento é anunciado, nada muda para a CPFL. Isso é claramente um contrato de longo prazo bem interessante para o perfil da CPFL, de olhar para oportunidades de criação de valor de longo prazo", escreveu em relatório.
Por outro lado, excluindo a participação em Serra da Mesa, a CPFL agora tem uma exposição de curto prazo ao risco hidrológico e de racionamento -- ou seja, não tem energia dessa usina livre disponível para se proteger da situação de baixo nível de reservatório das hidrelétricas.
O valor líquido presente da venda da energia no leilão A-0 parece ser 10 por cento melhor que o contrato assinado, excluindo risco de hidrologia e racionamento, segundo o BTG.
Na avaliação do banco, isso seria equivalente a vender energia no leilão a 240 reais por MWh. Apesar de um menor valor presente líquido, os analistas do BTG consideram que a opção escolhida por CPFL "tem o melhor risco/retorno".
Atualizado às 12h36