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Cosan quer investir US$ 1,706 bilhão até 2012

Empresa foca em melhorias do processo produtivo e construção de novas usinas, já que a ebulição do mercado de etanol encareceu a compra de usinas instaladas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Cosan, maior produtora brasileira de açúcar e álcool, pretende investir 1,706 bilhão de dólares até 2012 na construção de novas usinas - os chamados projetos greenfields - e na melhoria do processo produtivo das 17 plantas já instaladas. Entre melhorias e novas plantas, a empresa vai elevar em 50% sua atual capacidade instalada de 40 milhões de toneladas de moagem. A conta não inclui eventuais aquisições e marca uma mudança de estratégia da companhia. Nos últimos anos, seu crescimento deveu-se sobretudo à compra de usinas em operação, mas a ebulição do setor sucroalcooleiro, motivada pelas boas perspectivas do etanol, inflacionou o valor das usinas existentes e levou a Cosan a buscar alternativas de expansão.

"O preço de compra das usinas está nas nuvens", afirma Paulo Diniz, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Cosan. Para ilustrar, o executivo cita que as quatro usinas adquiridas pela empresa entre abril de 2005 e abril de 2006 - Destivale, Mundial, Corona e Bom Retiro - custaram, em média, 40,2 dólares por tonelada de capacidade de moagem. Desde então, o preço médio das plantas subiu 147%. As últimas aquisições vistas no mercado, como a compra da Vale do Rosário por seus minoritários, saíram a um valor médio de 99,5 dólares por tonelada de capacidade. "Talvez seja melhor esperar a próxima onda de consolidação, do que embarcar nessa atual fase de aquisições", diz.

Novas plantas

Por isso, a Cosan decidiu focar em diversos projetos de melhoria interna. Também pretende construir suas três primeiras unidades fora do Estado de São Paulo - todas situadas em Goiás, nos municípios de Montividiu, Paraúna e Jataí. A iniciativa marca uma dupla mudança da Cosan: além de sair de seu Estado-natal, a empresa também apostará na construção das plantas, em vez de comprá-las.

Em conjunto, as três usinas demandarão 650 milhões de dólares - equivalente a 38% do investimento programado até 2012. Quando estiverem plenamente operacionais, daqui a cinco anos, vão agregar 10 milhões de toneladas de capacidade de moagem à companhia.

O primeiro módulo, na usina de Montividiu, entrará em operação em 2009, com capacidade para moer 500.000 toneladas. No ano seguinte, essa unidade será ampliada para 1,5 milhão de toneladas, enquanto as de Paraúna e Jataí iniciarão as operações com 500.000 toneladas de capacidade cada uma.

Por ora, esses são os únicos projetos de greenfield confirmados pela companhia, mas Diniz não descarta outras iniciativas. "O que aprendemos nestes projetos pode ser facilmente replicável. Caso exista interesse de investidores, podemos montar outros greenfields em paralelo", afirma.

Crescimento interno

O segundo maior investimento programado nos próximos anos é a expansão da capacidade das plantas já em operação, por meio de melhorias internas. Até 2012, a Cosan pretende aplicar 501,5 milhões de dólares para elevar a capacidade de moagem de suas 17 usinas já em operação dos atuais 40 milhões de toneladas para 50,6 milhões. Segundo Diniz, esse volume incremental de 10,6 milhões de toneladas é equivalente ao do segundo maior produtor de açúcar e álcool do país.

A maior contribuição virá da usina de Gasa, cuja capacidade será ampliada em 2,6 milhões de toneladas, a um custo de 143 milhões de dólares. Desse volume, 1,6 milhão será agregado em 2009 e o restante, no ano seguinte.

O terceiro maior desembolso programado, 448 milhões de dólares, é para projetos de co-geração de energia dirigidos a oito das 17 usinas em operação. Além de fornecer 100,7 megawatts para a produção do grupo, os projetos também permitirão à Cosan vender, no mercado, 288,3 megawatts, o que deve gerar uma receita adicional de 174,2 milhões de reais por ano. Outra fonte de ganhos serão as 730.952 toneladas de créditos de carbono gerados anualmente.

Os investimentos menores serão a ampliação do número de colheitadeiras das atuais76 para 217 na safra 2011/2012, a um custo de 88 milhões de dólares; e outras melhorias operacionais, como o aumento da produtividade por hectare, com orçamento de 19 milhões.

Futuras aquisições

A Cosan não descarta futuras aquisições, mas vai usar, como referência, o preço de construção das usinas de Goiás - 65 dólares por capacidade de moagem. "Acima desse valor, só compraremos uma usina se for um negócio excepcional", afirma Diniz.

O executivo também espera uma possível desvalorização das usinas já instaladas nos próximos 12 a 18 meses. Isso porque o setor deve passar por algumas dificuldades, como o recuo do preço mundial do açúcar e o câmbio desfavorável. "Aí, talvez tenhamos algum espaço para aquisições", diz.

A construção de uma planta no Caribe também foi avaliada, mas não há nada definido. O projeto é uma alternativa para exportar etanol para os Estados Unidos, já que os países da região são isentos da taxa de importação de 54 centavos de dólar por litro, imposta pelos americanos aos brasileiros. O problema, segundo o diretor comercial e de logística da Cosan, Marcos Lutz, é a incerteza política. "Com uma canetada, o governo americano pode acabar com a sobretaxa e o investimento no Caribe perderia a atratividade", diz. "Investir nesse projeto significa trocar um custo fiscal, dependente da política, por um custo operacional", afirma.

A fonte dos recursos ainda não foi definida. De acordo com Diniz, "absolutamente todas as opções estão em estudo". A Cosan possui cerca de 600 milhões de dólares em caixa, suficiente, segundo o executivo, para tocar os primeiros projetos. A companhia também não descarta parcerias com outros investidores, como os fundos internacionais recém-constituídos para promover a energia limpa, desde que a Cosan seja majoritária nesses acordos. "Não há sentido em sermos minoritários, dado o ponto que queremos alcançar", diz. A empresa espera anunciar, nos próximos dois meses, como vai estruturar financeiramente os investimentos.

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