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Cosan se une ao cofundador da Cabify em fundo ESG de R$ 2,7 bilhões

Empresa investe no Fifth Wall, criado por Brendan Wallace e focado em construtechs, que conta com 70 investidores, entre eles a rede de hotéis Marriott e a incorporadora British Land

Brendan Wallace, do Fifth Wall: “No longo prazo, toda empresa terá de descarbonizar” (Bloomberg / Colaborado/Getty Images)

Brendan Wallace, do Fifth Wall: “No longo prazo, toda empresa terá de descarbonizar” (Bloomberg / Colaborado/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 08h30.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 13h16.

Em outros tempos, seria um casamento estranho. Mas, em tempos de descarbonização, a associação entre a brasileira Cosan, de energia, e o fundo americano Fifth Wall Climate Tech Fund, focado no setor de construção, não apenas acontece, como parece a coisa mais natural do mundo. A Cosan anunciou nesta quarta-feira, 6, que fará um investimento de valor não revelado no fundo, que pretende levantar 500 milhões de dólares (cerca de 2,7 bilhões de reais) e, até o momento, arrecadou 140 milhões de dólares (770 milhões de reais). O objetivo: jogar o jogo global da transição para a economia de baixo carbono.

“Temos um objetivo financeiro e queremos ter acesso ao desenvolvimento de novas tecnologias”, afirma Luís Henrique Guimarães, CEO da Cosan. “Poderíamos ter criado nosso próprio fundo, mas optamos por participar desse ecossistema de inovação.”

O Fifth Wall não é um fundo qualquer. Ele foi criado por Brendan Wallace, cofundador da startup de mobilidade Cabify. Ele também foi investidor anjo na Lyft e na SpaceX e namorou a atriz Emma Watson, a intérprete de Hermione Granger na franquia Harry Potter (ainda que por um breve período). Seu foco principal é desenvolver soluções de descarbonização por meio do venture capital.

Entre suas investidas estão a Icon, que produz casas utilizando a tecnologia de impressão 3D, e a Turntide, que produz motores elétricos eficientes utilizados em edificações. Wallace gerencia cerca de 2,5 bilhões de dólares no Fifth Wall. “Tudo que fazemos está relacionado a aquecimento, transporte e mobilidade, então, faz sentido essa parceria com uma empresa de energia”, diz Wallace.

Segundo o CEO da Cosan, a empresa não entrará em novos segmentos de mercado. “Não pretendemos criar uma vertical de negócios”, diz Guimarães. “O que podemos fazer é entrar de sócio em alguma empresa que interesse”. O executivo ressalta que a Cosan precisa fazer parte do palco global da transição energética, e esse investimento é uma forma de estar mais próximo do que acontece no mundo da alta tecnologia, mesmo que em um setor diverso das áreas de atuação da companhia.

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O futuro pós-COP26

Para Wallace, a descarbonização da economia é um processo secular e sem volta. “No longo prazo, toda empresa terá de descarbonizar”, diz ele. “Nosso papel é o do investidor de risco, que viabiliza o desenvolvimento tecnológico e enxerga oportunidades que podem ganhar escala no longo prazo”. A julgar por seu histórico de investimentos bem-sucedidos, a chance de aparecer um unicórnio não é pequena.

Há que se considerar, também, a COP26, Conferência do Clima da ONU, a ser realizada em novembro, na Escócia. O evento deve destravar algumas agendas ligadas ao mercado de carbono, impulsionando de vez o mercado de tecnologias para descarbonização. “Pela primeira vez teremos um dia inteiro de COP dedicado ao setor imobiliário, que responde por 40% do consumo de energia”, destaca Wallace. “O combate às mudanças climáticas é uma ação coletiva e a transição energética aumentará a colaboração.”

A Cosan também se prepara para a COP. Guimarães encara o evento com esse espírito colaborativo destacado por Wallace. “Temos muito a mostrar e a aprender”, afirma. A Cosan está no centro dessa transição energética. Seu etanol de segunda geração (E2G) concorre para ser uma solução global de descarbonização, especialmente em países em desenvolvimento, que terão dificuldades para passar para o carro elétrico a bateria. “Temos de descarbonizar, mas também precisamos que isso seja economicamente viável”, diz o executivo. “Seremos parte desse processo.”

 

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