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Cosan diz que ALL descumpre contratos para escoar açúcar

A Cosan disse que a operadora ferroviária ALL não tem cumprido os volumes contratados para escoamento de açúcar, dando prioridade para a movimentação de grãos

ALL: empresa foi acusada pela Cosan de dar prioridade ao transporte de grãos e descumprir contratos de escoamento de açúcar (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2013 às 21h41.

São Paulo -A gigante do setor de açúcar e etanol Cosan disse nesta sexta-feira que a operadora ferroviária ALL não tem cumprido os volumes contratados para escoamento de açúcar, dando prioridade para a movimentação de grãos.

"Nosso negócio é montado com foco na ferrovia, e nós estamos tendo que usar caminhão (para escoar açúcar)... A gente tem tudo isso negociado e nós estamos tentando repassar isso para a própria concessionária, a ALL", afirmou o presidente da Cosan Infraestrutura, Julio Fontana, no intervalo de um evento em São Paulo.

Segundo ele, esse movimento da ALL de dar prioridade aos embarques de grãos em detrimento do açúcar teve início no ano passado, mas ganhou força nesta temporada em meio à safra recorde de grãos do país.

Questionado sobre qual seria o volume de açúcar escoado por caminhão em vez da ferrovia, um modal tradicionalmente mais barato, o executivo disse que ainda é difícil calcular este percentual.

"A safra começou fraca, estamos no terceiro mês da safra, então ainda não tenho um percentual para te passar", acrescentou.

Em comunicado à imprensa, a ALL afirmou que não prioriza uma carga em detrimento de outra, mas admitiu que restrições de capacidade alheias à sua vontade impediram o atendimento de 100 % dos volumes assumidos em contrato.

Segundo a ALL, esses volumes assumiam a entrada em operação do trecho de duplicação da malha ferroviária entre Itirapina e Santos, ampliando a capacidade de 15 para 35 pares de trem por dia, o que não ocorreu.

"Por questões indígenas e licenças ambientais, a obra atrasou e deve ser concluída em 2014. Adicionalmente o cumprimento dos volumes também dependia do aumento de capacitação na infraestrutura portuária por parte dos clientes, que ainda não foi concluída", afirmou a empresa.

O Brasil colheu no primeiro semestre uma safra recorde de soja, acima de 80 milhões de toneladas. Os embarques em maio foram históricos, de quase 8 milhões de toneladas, e se mantiveram elevados nas primeiras semanas de junho.


Por outro lado, a colheita de cana e o escoamento de açúcar estão ganhando ritmo, apesar de alguns atrasos provocados por chuvas, em meio a uma safra que também será recorde para a cultura.

Segundo a ALL, nos últimos quatro anos o volume de açúcar transportado na bitola larga cresceu mais de três vezes, passando de 1,5 milhão de toneladas para 5 milhões de toneladas. "Nenhuma outra carga em nenhum fluxo da companhia cresceu tanto quanto o açúcar", afirmou a empresa.

Compensações

O executivo da Cosan evitou dar detalhes de como será a negociação para a cobrança da ALL pelos custos maiores com logística.

"Não é só o problema do custo maior com o transporte, é que hoje nós estamos todo organizados para ferrovia e não mais para o caminhão... Estou tendo que replanejar o meu recebimento e a minha entrega no porto por uma coisa que a gente achava que já não usaria mais", explicou Fontana.

Questionado se esta situação implicaria a renegociação de contrato ou eventual ida à Justiça, o executivo descartou a possibilidade.

"Nós vamos ter que buscar uma solução para que se resolva sem (ir à) Justiça. É um contrato de atendimento (com a ALL) e tem que valer, porque estamos em um país que contrato tem de valer... Eles vão ter que nos pagar", disse Fontana.

O executivo anteriormente era o presidente da Rumo Logística (dentro da estrutura da Cosan), mas agora preside a Cosan Infraestrutura, divisão criada recentemente e que está em fase de estruturação para entrar nas disputas por concessões de portos e ferrovias no novo marco regulatório para o setor.

A questão das falhas por parte da ALL foi levantada por Fontana durante a palestra sobre expansão da infraestrutura no Brasil, no Ethanol Summit, na capital paulista.


A atuação da ALL também foi alvo de críticas por parte do diretor-presidente da CPA Trading, Dagoberto Delmar Pinto, empresa paranaense especializada na comercialização de etanol tanto para mercado interno como externo.

Segundo Pinto, a situação também é complicada no Paraná, Estado que é um dos grandes produtores de soja e milho do país.

"Tem uma discussão no Paraná, questionando fortemente a concessão (ferroviária da ALL) com relação ao serviço que tem sido prestado", afirmou.

Atualizada às 21h40

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"Nosso negócio é montado com foco na ferrovia, e nós estamos tendo que usar caminhão (para escoar açúcar)... A gente tem tudo isso negociado e nós estamos tentando repassar isso para a própria concessionária, a ALL", afirmou o presidente da Cosan Infraestrutura, Julio Fontana, no intervalo de um evento em São Paulo.

Segundo ele, esse movimento da ALL de dar prioridade aos embarques de grãos em detrimento do açúcar teve início no ano passado, mas ganhou força nesta temporada em meio à safra recorde de grãos do país.

Questionado sobre qual seria o volume de açúcar escoado por caminhão em vez da ferrovia, um modal tradicionalmente mais barato, o executivo disse que ainda é difícil calcular este percentual.

"A safra começou fraca, estamos no terceiro mês da safra, então ainda não tenho um percentual para te passar", acrescentou.

Em comunicado à imprensa, a ALL afirmou que não prioriza uma carga em detrimento de outra, mas admitiu que restrições de capacidade alheias à sua vontade impediram o atendimento de 100 % dos volumes assumidos em contrato.

Segundo a ALL, esses volumes assumiam a entrada em operação do trecho de duplicação da malha ferroviária entre Itirapina e Santos, ampliando a capacidade de 15 para 35 pares de trem por dia, o que não ocorreu.

"Por questões indígenas e licenças ambientais, a obra atrasou e deve ser concluída em 2014. Adicionalmente o cumprimento dos volumes também dependia do aumento de capacitação na infraestrutura portuária por parte dos clientes, que ainda não foi concluída", afirmou a empresa.

O Brasil colheu no primeiro semestre uma safra recorde de soja, acima de 80 milhões de toneladas. Os embarques em maio foram históricos, de quase 8 milhões de toneladas, e se mantiveram elevados nas primeiras semanas de junho.


Por outro lado, a colheita de cana e o escoamento de açúcar estão ganhando ritmo, apesar de alguns atrasos provocados por chuvas, em meio a uma safra que também será recorde para a cultura.

Segundo a ALL, nos últimos quatro anos o volume de açúcar transportado na bitola larga cresceu mais de três vezes, passando de 1,5 milhão de toneladas para 5 milhões de toneladas. "Nenhuma outra carga em nenhum fluxo da companhia cresceu tanto quanto o açúcar", afirmou a empresa.

Compensações

O executivo da Cosan evitou dar detalhes de como será a negociação para a cobrança da ALL pelos custos maiores com logística.

"Não é só o problema do custo maior com o transporte, é que hoje nós estamos todo organizados para ferrovia e não mais para o caminhão... Estou tendo que replanejar o meu recebimento e a minha entrega no porto por uma coisa que a gente achava que já não usaria mais", explicou Fontana.

Questionado se esta situação implicaria a renegociação de contrato ou eventual ida à Justiça, o executivo descartou a possibilidade.

"Nós vamos ter que buscar uma solução para que se resolva sem (ir à) Justiça. É um contrato de atendimento (com a ALL) e tem que valer, porque estamos em um país que contrato tem de valer... Eles vão ter que nos pagar", disse Fontana.

O executivo anteriormente era o presidente da Rumo Logística (dentro da estrutura da Cosan), mas agora preside a Cosan Infraestrutura, divisão criada recentemente e que está em fase de estruturação para entrar nas disputas por concessões de portos e ferrovias no novo marco regulatório para o setor.

A questão das falhas por parte da ALL foi levantada por Fontana durante a palestra sobre expansão da infraestrutura no Brasil, no Ethanol Summit, na capital paulista.


A atuação da ALL também foi alvo de críticas por parte do diretor-presidente da CPA Trading, Dagoberto Delmar Pinto, empresa paranaense especializada na comercialização de etanol tanto para mercado interno como externo.

Segundo Pinto, a situação também é complicada no Paraná, Estado que é um dos grandes produtores de soja e milho do país.

"Tem uma discussão no Paraná, questionando fortemente a concessão (ferroviária da ALL) com relação ao serviço que tem sido prestado", afirmou.

Atualizada às 21h40

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