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"Corrupção em larga escala acabou na Petrobras", diz diretor

Diretor de governança da Petrobras afirmou que esquemas de corrupção "em larga escala" acabaram na estatal


	Petrobras: para diretor, Lava Jato trouxe condições para que a empresa se abrisse, e hoje não há mais "intocáveis" dentro da empresa
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Petrobras: para diretor, Lava Jato trouxe condições para que a empresa se abrisse, e hoje não há mais "intocáveis" dentro da empresa (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2016 às 09h33.

Rio - Responsável por refazer as políticas de governança na Petrobras para tentar mitigar as irregularidades na estatal, o diretor João Elek Junior diz que a corrupção "em larga escala" acabou na empresa.

Envolvida no maior escândalo de corrupção do País, a petroleira reorganizou estatuto e canais de auditoria e denúncia após a Operação Lava Jato, que revelou o esquema de desvio de pelo menos R$ 6 bilhões, segundo a própria estatal, que se diz vítima do esquema.

Para o executivo, após a operação, houve avanço "institucional" e que já não há "pessoas intocáveis" na empresa e no País.

"É sofrido, mas a Lava Jato trouxe condições para a empresa se abrir. Em dimensão nacional, tivemos mudanças enormes no cenário institucional, pessoas que alguns anos atrás seriam intocáveis estão sendo questionadas como qualquer cidadão", afirmou.

O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que, na última semana, a estatal demitiu o ex-diretor Antonio Sérgio Oliveira Santana por irregularidades na área de RH.

Em nota, a Petrobras informou apenas o desligamento de três funcionários e a aplicação de sanções a outros 17, sem identificar os envolvidos.

Em seis meses, o novo canal de denúncias da estatal registrou mais de 1.400 casos. No período, foram aplicadas 98 advertências e 69 funcionários foram suspensos, ante um total de 84 em 2015.

Demissões por justa causa já somam 20 desde janeiro - o mesmo patamar de todo o último ano. Desde o início do ano, a estatal apura irregularidades em contratos da reforma do Cenpes, alvo de operação da Polícia Federal na última semana.

"Não está no crachá da pessoa ‘eu faço parte do esquema’. Acho que em larga escala (a corrupção) acabou. Pode aparecer um ou outro caso? As delações sugerem que sim", afirmou o diretor. Segundo ele, sua preocupação é não disseminar entre os funcionários a percepção de que "todos são potencialmente culpados".

"O número de envolvidos é pequeno, mas eles fizeram um belo estrago. É como procurar uma agulha no palheiro."

Até o momento, a companhia já recuperou R$ 309 milhões de recursos desviados, no âmbito da Lava Jato. A companhia move "dezenas" de processos contra empresas e ex-funcionários envolvidos no esquema.

"O valor que queremos é o total que tivemos de perda", diz Elek. Até o momento, não houve conclusão dos processos. "É a evolução da Justiça", completa.

Internamente, entre as medidas adotadas para blindar a empresa, o executivo destaca a restrição às decisões individuais e a criação de comitês para avaliar a conformidade, estratégia e viabilidade de projetos.

Além disso, o novo estatuto desenha um perfil "empresarial" para o conselho de administração e a realização de testes de integridade para executivos de carreira a cada promoção interna. O modelo adotado condiz com a nova Lei das Estatais.

"Será que a presença de pessoas muito ligadas ao governo, ao mundo político, desvirtua a empresa? Querer fazer política desenvolvimentista para o País é ótimo, mas será que a Petrobras neste momento pode fazer? Então tem de separar", diz Elek em tom de crítica à orientação da gestão petista.

Para o executivo, a medida pode "blindar" a empresa de novos casos como Pasadena. "As pessoas que vão tomar decisões estratégicas estão muito mais alinhadas com o perfil que a gente acha adequado. É assim que ao longo do tempo poderei dizer: encontramos portas abertas e fechamos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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