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Coronavírus derruba o turismo e hotéis começam a fechar as portas

Setor emprega 380 mil trabalhadores diretos e 1,3 milhão indiretos

Sheraton: rede de hotéis registrou taxa de ocupação de 7% em São Paulo (Yuriko Nakao/Getty Images)

Sheraton: rede de hotéis registrou taxa de ocupação de 7% em São Paulo (Yuriko Nakao/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de março de 2020 às 16h37.

Última atualização em 22 de março de 2020 às 20h07.

Com uma taxa média de ocupação abaixo de 10% nesta última semana sobretudo para eventos corporativos, parte dos hotéis, resorts e parques temáticos começou a encerrar suas atividades por tempo indeterminado. "O setor de turismo reagiu de forma imediata à pandemia do coronavírus", disse ao jornal O Estado de S. Paulo Fernando Guinato Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo. Parques temáticos como Beto Carrero, e resorts também fecharam as portas e veem incertezas para os próximos quatro meses por conta da covid-19.

O executivo, que também é diretor-geral do Sheraton São Paulo WTC e do WTC Events Center, disse que na cidade de São Paulo, que concentra a maior parte de turismo de negócios, a taxa de ocupação encerrou esta semana em cerca de 7%. O hotel Bourbon Convention, que fica no bairro do Ibirapuera, próximo ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, o L'Hotel, da região da Avenida Paulista, e o Sheraton, de Santos (litoral paulista), estão entre os que encerraram temporariamente as atividades.

O setor, que emprega 380 mil trabalhadores diretos - e 1,3 milhão indiretos - calculou prejuízo de R$ 2,2 bilhões até o dia 15 de março. "Até o fim do mês, chegará a R$ 3,5 bilhões", afirmou Sérgio Souza, presidente da Associação Brasileira de Resorts (Resorts Brasil). Segundo ele, o setor começou a ficar em alerta há 15 dias, quando os resorts e hotéis começaram a receber pedidos de cancelamentos não só corporativos. "Escolas e famílias começaram a cancelar as reservas."

Nesta semana, as principais associações que representam o setor pediram um pacote de ajuda ao governo federal para manterem os empregos. Pela proposta, o setor se compromete a arcar com 100% dos salários de 10% dos 380 mil funcionários, que seria o contingente necessários para a manutenção dos estabelecimentos. Os 342 mil funcionários restantes não seriam demitidos, mas ficariam em casa com salário pago pelo governo. As entidades aguardam nos próximos dias uma resposta do governo federal.

De acordo com os representantes do setor, os grupos não têm fôlego para arcar seus custos fixos. Pelos cálculos de Guinato, da Abih-São Paulo, os custos fixos dos hotéis são cobertos quando as taxas de ocupações ficam, em média, em 60%. As redes já começaram a negociar com os sindicatos das categorias redução de jornada e salários e antecipação de férias, com pagamentos parcelados em até quatro parcelas.

As grandes redes hoteleiras, que reúnem 650 unidades, preveem o encerramento de suas atividades já a partir da próxima semana, disse Orlando de Souza, presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). "A única alternativa é parar tudo. A receita do setor vai ser zero e não temos como arcar com os custos."

Responsável por 8,6% do PIB, o setor de turismo já tem sido afetado por medidas provisórias adotadas isoladas pelos Estados. "Não estamos falando somente pela cadeia hoteleira. A crise com o coronavírus afeta 52 setores da cadeia do setor do turismo. O governo tem de ser sensível a isso. Serão mais de 4 milhões de empregos afetados. O setor como um todo estava se recuperando, mas agora veio esse baque", afirmou Manoel Linhares, da Abih Nacional.

Importante destino de viagem de brasileiros e turistas estrangeiros, as redes hoteleiras de Porto Seguro, na Bahia, e Santa Catarina, por exemplo, não estão fazendo mais reservas, diz o presidente da Resorts Brasil. As redes de hotéis faturam cerca de R$ 31 bilhões e respondem pela metade do PIB da cadeia do turismo.

Gargalo

Com as incertezas que pairam ainda sobre o setor, Guinato afirmou que a retomada da atividade, quando a crise do coronavírus passar, vai ser outro problema. "As empresas que pediram para cancelar as reservas dos eventos agora pediram para deixar a data em aberto para o segundo semestre. No segundo semestre, contudo, temos muitas reservas já feitas. Vamos ter problemas de agenda." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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