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Copel pedirá efeito suspensivo a reajuste, diz Zimmer

Intenção da companhia é, após analisar planilhas que fundamentaram o aumento autorizado pela Aneel, ver se há espaço para a apresentação de uma contraproposta

Copel: tentativa da empresa, agora, será encontrar alternativas que possibilitem reajuste menor (NANI GOIS)
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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2014 às 16h45.

São Paulo - A Companhia Paranaense de Energia ( Copel ), estatal responsável pela distribuição de energia no estado, entrará nesta tarde com um pedido de efeito suspensivo contra o reajuste médio de 35,05% nas contas de luz aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A intenção da companhia é, após analisar as planilhas que fundamentaram o aumento autorizado pela Aneel, ver se há espaço para a apresentação de uma contraproposta.

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"O governador, preocupado com a saúde financeira da empresa e o lado social dos consumidores, deseja entender melhor esses números. Então pedimos, por solicitação do governo, um efeito suspensivo da aplicação junto à Aneel para que possamos conhecer as planilhas", afirma o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Os cálculos preliminares da Copel indicavam reajuste da ordem de 32,45%.

Concedido o efeito suspensivo à aplicação das novas tarifas, que deveriam entrar em vigor já nesta terça-feira, a Copel deve levar entre sete e dez dias para analisar os números e apresentar uma contraproposta.

O governador do Paraná Beto Richa tem como intenção conceder um maior desconto à sociedade, segundo Zimmer.

Tanto que já havia solicitado que o diferimento da tarifa do ano passado não fosse incluído na análise preliminar de 32,45%, diferença esta que não consta no valor aprovado pela Aneel, segundo o executivo.

Em 2013, a Aneel aprovou inicialmente um reajuste tarifário médio de 14,61% à Copel, valor igualmente questionado pela estatal paranaense em um período marcado pelas manifestações que ocuparam as ruas das principais capitais brasileiras.

Semanas depois, foi autorizado um novo porcentual, de 9,55%, e o cálculo de um diferimento parcial de R$ 256 milhões a ser considerado no processo de reajuste deste ano.

Postura semelhante deve ser adotada desta vez.

"Essa tarifa é uma injustiça para o Paraná, que está pagando por um pecado que não cometeu e está vulnerável a uma política do setor elétrico e um planejamento inadequados", sentencia Zimmer.

"Com a falta de usinas com reservatórios, há falta de água e se despacham as térmicas, que deveriam ser despachadas por prazos mais curtos e estão sendo despachadas o tempo todo. Esse custo todo está sendo repassado às tarifas", justifica o executivo.

A tentativa da Copel, agora, será encontrar alternativas que possibilitem um reajuste menor.

"É preciso que haja uma coisa equilibrada, mesmo que tenhamos o equilíbrio no médio prazo. Podemos raciocinar em equilíbrio com mais longo prazo, de um, dois ou três anos, o que para uma empresa com nosso tipo de investimento é absolutamente factível", pontua.

Investimentos

Para analisar as condições de uma eventual contraproposta, a Copel deve analisar as condições do mercado energético previstas pela Aneel assim como olhar para alternativas internamente.

"Precisamos avaliar que, estabelecida certa tarifa, podemos fazer determinada quantidade de investimento na distribuidora. Precisamos reavaliar até que ponto podemos diminuir os investimentos sem ocasionar prejuízo na qualidade, ou com prejuízo pequeno, para que possamos achar um ponto de equilíbrio que atenda o consumidor, o interesse da empresa e dos acionistas", alerta o presidente da Copel.

A redução de investimento não é a única alternativa possível. A diminuição dos resultados e a situação de endividamento da distribuidora também aparecem em uma lista de alternativas a serem analisadas.

Quaisquer que sejam as condições apresentadas pela Copel e o valor sugerido à Aneel, a agência reguladora ainda pode recusar a contraproposta, lembra Zimmer.

A origem do elevado aumento na tarifa aprovada pela Aneel está na situação hidrológica enfrentada pelo Brasil no decorrer ao longo dos últimos dois anos e em fatores excepcionais como a aprovação da MP 579, a chamada MP das renovações, e a demora na entrega de projetos leiloados no leilão A-5 de 2018, fatores que ocasionaram exposição involuntária por parte das distribuidoras.

O montante de energia necessária para atender a base de clientes que não foi contratada pelas distribuidoras em leilões foi negociada no mercado spot, a valores mais elevados.

O preço de liquidação das diferenças (PLD) usado como referência no mercado de curto prazo foi negociado durante parte deste ano no patamar máximo de R$ 822,83/MWh, o equivalente a mais de seis vezes o valor médio de mix de energia da Copel, este na casa dos R$ 120/MWh.

"A tarifa de energia elétrica, para todas as distribuidoras, independe da Copel ou do governador do estado. Apenas declaramos o quanto precisamos de energia e o poder concedente faz um leilão e o resultado desse leilão acaba sendo transferido para a concessionária. Não escolhemos de quem comprar energia, e nem os preços", pondera Zimmer.

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