Conversas entre Renova e Brookfield esfriam por discórdias
Segundo fonte, impasse ocorreu porque a Cemig quer participar de uma reestruturação da Renova que deveria ser conduzida pela Brookfield após o negócio
Reuters
Publicado em 13 de julho de 2017 às 11h46.
São Paulo - A relutância do maior acionista da Renova Energia em abandonar a administração da endividada empresa de energia limpa esfriou as conversas sobre uma possível aquisição pela canadense Brookfield Asset Management , disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.
A elétrica mineira Cemig quer participar de uma reestruturação da Renova que deveria ser conduzida pela Brookfield após o negócio, disseram duas das fontes. A Cemig detém 34,2 por cento na Renova Energia.
A posição dos mineiros pode derrubar uma proposta de 1,6 bilhão de reais da Brookfield pelo controle da Renova, disseram as fontes.
O plano da Cemig é primeiro sondar o interesse de outras empresas na disputa pela Renova, como a Oaktree Capital Management e mais dois fundos não identificados, segundo duas das fontes.
A Reuters noticiou na sexta-feira que a Brookfield propôs a compra dos 63,5 por cento que Cemig, Light e RR Participações detém na Renova, por 810 milhões de reais. A empresa canadense ainda injetaria 800 milhões de reais na Renova para ter a gestão total da companhia.
Cemig e Brookfield recusaram-se a comentar. A Light direcionou as questões sobre a Renova para a Cemig, que é sua controladora.
Mas esnobar a oferta da Brookfield, que tem realizado grandes aquisições em energia e infraestrutura no Brasil, pode ser "perigoso" para a Renova, que enfrenta um pesado cronograma de pagamentos de dívidas e tem uma frágil posição de caixa, disse uma das fontes, sob a condição de anonimato.
As Units da Renova saltaram quase 30 por cento desde janeiro, em meio a expectativas de uma aquisição que poderia salvar a companhia de sua forte crise de liquidez, ou mesmo de uma quebra. A Reuters noticiou pela primeira vez a possibilidade de aquisição da Renova pela Brookfield em 1° de março.
A Renova tem sofrido uma crise financeira desde o fim de 2015, após o fracasso de uma parceria com a norte-americana SunEdison, que injetaria dinheiro na empresa, mas desistiu do negócio após entrar em recuperação judicial nos EUA.
Nesta semana, o diretor financeiro da Cemig, Adézio Lima, disse em teleconferência que a venda de fatias da Cemig e da Light na Renova pode levar até 60 dias.