Usiminas: o executivo Sérgio Leite, da diretoria comercial, foi promovido para o comando da produtora de aço (KIKO FERRITE/Site Exame)
Reuters
Publicado em 23 de março de 2017 às 16h35.
Última atualização em 23 de março de 2017 às 18h39.
São Paulo - O conselho de administração da Usiminas mudou nesta quinta-feira o comando da companhia pela segunda vez em um ano, ao afastar o presidente-executivo e promover Sérgio Leite, da diretoria comercial, para o comando da produtora de aço, afirmaram três fontes com conhecimento do assunto.
Por maioria de votos, o conselho de 11 membros da Usiminas afastou o executivo Rômel Erwin de Souza da presidência, em mais um capítulo da disputa pelo controle da companhia travada pelos grupos Techint e Nippon Steel desde 2014. Souza é defendido pelo grupo japonês enquanto Leite é apoiado pelo grupo italiano.
A votação desta quinta-feira teve apoio, além dos três conselheiros indicados pela Techint, do conselheiro representante de minoritários e dos dois conselheiros aprovados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A mudança na diretoria tem efeito imediato, disseram as fontes.
A votação marcou uma repetição de resultado semelhante ocorrido em maio do ano passado, quando o conselho elegeu Leite para o lugar de Souza, em uma decisão que acabou sendo revertida na Justiça em outubro, após processo aberto pela Nippon Steel.
Desta vez, o conselho da Usiminas afastou o executivo sob acusação de que ele fez um acordo que teria violado o estatuto social e regras de conformidade da Usiminas, afirmou uma das fontes com conhecimento do assunto. Não foi possível contatar Souza para comentar. A Usiminas não pode se manifestar de imediato.
O acordo refere-se a um memorando de entendimentos não vinculante assinado por Souza em 2016 sobre o uso de recursos em excesso do caixa da Mineração Usiminas (Musa), uma subsidiária do grupo siderúrgico que tem como sócia a também japonesa Sumitomo Corporation. Nippon Steel e Sumitomo Corp são entidades independentes.
A Reuters publicou em 13 de janeiro, citando documentos, que o acordo assinado por Souza e Wilfred Brujin, presidente da Musa, foi redigido sem a permissão do conselho de administração da siderúrgica. Souza também é presidente do conselho de administração da Musa.
O memorando de entendimento definia que a Usiminas deveria garantir à Musa o mesmo montante de margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) que a mineradora obtinha antes da decisão que paralisou as áreas primárias da siderúrgica em Cubatão, e que fez o volume de minério de ferro produzido pela Musa e consumido pela Usiminas cair de 4 milhões de toneladas por ano para 2,5 milhões de toneladas.
Tanto Nippon Steel quanto Techint não comentaram o assunto de imediato.
A Usiminas teve prejuízo líquido de 577 milhões de reais em 2016, uma melhora ante o resultado negativo de 3,68 bilhões de reais registrados em 2015. A empresa, porém, teve nos três últimos meses do ano passado o 10o prejuízo trimestral consecutivo, pressionada por menor volume de vendas e aumento de despesas.