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Conheça o primeiro café agroflorestal sustentável e orgânico da Amazônia

Produto que mostra ser possível conciliar alta qualidade, produtividade e preservação da floresta agora está à venda também em redes de supermercado

Além de sustentável, fruto produzido na Amazônia é maior e mais adocicado que outros da mesma variedade. (Apuí Agroflorestal/Divulgação)

Além de sustentável, fruto produzido na Amazônia é maior e mais adocicado que outros da mesma variedade. (Apuí Agroflorestal/Divulgação)

EXAME Solutions
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Publicado em 7 de agosto de 2024 às 15h11.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 16h05.

Culturas como açaí, cacau e castanha provavelmente são as primeiras que vêm à mente da maioria das pessoas quando o assunto é produção agrícola na Amazônia. Mas, com grandes avanços em inovação nas últimas décadas, a região tem se mostrado promissora também em outros cultivos, com modelos de plantio cada vez mais desvinculados do desmatamento. 

É o caso do café, que há pelo menos dez anos têm se fortalecido como produto local de alta qualidade, fonte de renda para a agricultura familiar e grande aliado na preservação da floresta

Nesse movimento, o Café Apuí Agroflorestal, do Amazonas, é um dos destaques. Lançado em 2015, é o primeiro café 100% orgânico cultivado em sistema de agrofloresta (SAF) na Amazônia. Com plantio sombreado, integrado com árvores e outras espécies nativas, o padrão contribui para a recuperação de áreas desmatadas e conserva a floresta em pé.

Além do valor agregado pelos relevantes benefícios socioambientais, o café cultivado em Apuí, um híbrido das variedades Robusta e Conilon, também se diferencia pelos atributos únicos de sabor. Graças à combinação do clima quente e úmido da Amazônia com o plantio em sombra, os frutos são maiores e mais adocicados que outros da mesma espécie, originando uma bebida encorpada com sabor intenso. 

Café Apuí Agroflorestal é o primeiro 100% orgânico cultivado em sistema SAF na Amazônia. (Apuí Agroflorestal/Divulgação)

Produção sustentável de ponta a ponta

O sistema produtivo implementado foi uma sugestão da ONG Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) aos produtores locais que haviam abandonado seus cafezais. “A proposta era conter o avanço do desmatamento por meio do desenvolvimento de uma cadeia produtiva sustentável, considerando a realidade e a expertise dos produtores locais”, conta André Vianna, diretor técnico do Idesam.

Para essa retomada, foi preciso incentivar a estruturação de toda uma nova cadeia, envolvendo, por exemplo: capacitar e acompanhar os agricultores; oferecer assistência técnica e extensão rural às famílias (ATER); viabilizar mudas de café e nativas para plantio em consórcio; fortalecer a associação de agricultores; implementar a certificação orgânica participativa; e estabelecer parcerias para torrefação e beneficiamento.

Benefícios do Sistema Agroflorestal

  • Diversificação de renda  
  • Maior estabilidade econômica 
  • Criação de empregos
  • Aumento da qualidade de vida dos agricultores, permitindo que permaneçam em seus lotes
  • Conservação da biodiversidade
  • Melhora da qualidade do solo
  • Regulação do microclima
  • Maior cobertura florestal 
  • Redução do uso de produtos químicos

Os resultados têm sido animadores: de 2014 a 2023, o projeto somou mais de 120 mil mudas de espécies nativas plantadas, apoiando a restauração de 190 hectares de floresta e a conservação de outros 7,7 mil hectares. A produção, ao todo, superou as 100 toneladas de café, abrangeu 113 famílias produtoras e teve seu valor de venda triplicado entre 2017 e 2023.

Venda garantida, e a preço justo

A fim de assegurar a compra da produção e gerenciar a comercialização, em 2019 a organização criou ainda a startup Amazônia Agroflorestal, uma spin-off do Idesam, para ser a ponta comercial do projeto, levando o café para outras regiões. “O objetivo é fechar a cadeia do café e garantir a comercialização do produto”, explica Vianna.

A empresa se compromete a comprar 100% do café produzido localmente. O valor pago é definido em conjunto com os próprios produtores, de forma que seja justo, considerando o preço-base estabelecido e a agregação de valor por ser orgânico e de qualidade.

Nesse contexto, o Idesam é responsável por apresentar a iniciativa a parceiros e captar recursos para possibilitar a implantação dos sistemas agroflorestais, a certificação orgânica, a estruturação do viveiro e outras atividades de campo, como oficinas para a comunidade.

Por meio deste trabalho diversas empresas já participaram como apoiadoras – Fundo Vale, Mercado Livre e Farm são exemplos –, possibilitando a constituição do projeto na dimensão que ele tem hoje. Neste ano, os apoiadores são WeForest, Helexia, IHS, TikTok, WWF, Volcafé, ERM e, recentemente, o Grupo Carrefour, que anunciou o investimento de R$ 28 milhões em projetos destinados ao combate ao desmatamento e à conservação das florestas. 

Expansão para novas regiões

O novo reforço contribuirá para o Café Apuí Agroflorestal apoiar a recuperação de mais de 190 hectares, o que equivale a 1,95 milhão de metros quadrados, até 2027. Segundo o Idesam, a estimativa é que haja ainda o aumento da renda dos pequenos produtores em até 70%. 

Atualmente, além do município de Apuí, o projeto está presente em Matupi, distrito da cidade de Manicoré, e foram implantados sistemas agroflorestais na Vila do Sucunduri, uma área afastada do centro urbano de Apuí. É nessas três regiões que o Idesam planeja expandir o número de SAFs. 

“A expansão visa não apenas aumentar a produção mas também promover o desenvolvimento sustentável, melhorar a qualidade de vida dos produtores locais e conservar a biodiversidade da Amazônia”, salienta Vianna.

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