(PipeImob/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 15h44.
A vida profissional de Roberto Nascimento está conectada diretamente com o mercado imobiliário e com a tecnologia. Formado em administração, foi um dos responsáveis por implantar a operação brasileira da gigante IBM em 1999. Mas ficou lá só por oito meses. No início do ano 2000, aproveitando o hype do início da internet, lançou um portal de classificados imobiliários digitais, o PlanetaImóvel.
Mesmo numa época em que a internet dava, ainda, seus primeiros passos, o portal de Nascimento despontou. O banco de dados tinha mais de 300.000 listagens e recebia cerca de 40.000 visitantes diariamente. Os bons números chamaram atenção das grandes corporações: a Globo e o jornal Estado de São Paulo compraram a operação, que então passou a se chamar Zap Imóveis, hoje do grupo OLX.
“Eu vivi muito numa época em que tinha que convencer a imobiliária que valeria a pena investir em mídia pela internet”, diz Nascimento. “Hoje, é muito diferente”.
Do Zap, nunca mais saiu da “casinha” do mercado imobiliário. Trabalhou na área de tecnologia de grandes imobiliárias e abriu operações como a Imovelweb, outro nome conhecido do setor, e a Kzas, que foi adquirida pela Creditas, que atua com crédito imobiliário.
Já são pelo menos quatro negócios criados pelo empresário, todos na área de tecnologia, além de outras empresas em que atuou como diretor e investidor. “Eu gosto muito de começar as coisas”, diz.
Agora, então, vem a quinta criação do empreendedor. Nascimento é um dos fundadores da PipeImob, empresa que está nascendo neste ano para fazer a gestão e a digitalização dos documentos que envolvem a aquisição de um imóvel. A ideia é cortar - ou pelo menos, facilitar -as burocracias do setor.
“Se você quiser comprar o imóvel, você vai ter que fazer, em média, 39 documentos”, diz. “Precisa fazer as assinaturas de contrato, pagar, mandar para o cartório, fazer avaliação, etc. Essa parte, hoje nas imobiliárias, continua artesanal. As pessoas mandam documento por WhatsApp, por e-mail, o controle jurídico é por planilha, é um gargalo total”.
“Você pede um hambúrguer e consegue acompanhar em tempo real”, afirma. “No mercado imobiliário, você não consegue acompanhar nada”.
E é um negócio, na visão de Nascimento, bilionário. Nos próximos seis meses, a empresa estima atingir R$ 1 bilhão em volume de imóveis transacionados mensalmente em sua plataforma.
Além de Nascimento, outros dois sócios compõem o trio de fundadores da PipeImob. Os dois parceiros do empreendedor, Danilo Herrero e Olavo Piton Junior, trabalhavam com imobiliárias e enfrentavam essa dificuldade de fazer a gestão dos documentos.
“Quando conheci eles, a empresa estava no início e eu estava começando a desenvolver um projeto parecido”, diz Nascimento. “Comecei a falar da minha ideia e o pessoal começou a me falar sobre a PipeImob. Eu me reuni com os dois, que precisavam de um investidor, e decidimos tocar o negócio”.
Hoje, já são 120 imobiliárias clientes da empresa de tecnologia. Em setembro, foram 520 transações, que movimentaram 220 milhões de reais.
Quando Danilo e Olavo criaram o negócio, cobravam uma mensalidade por uso, mas com a entrada de Nascimento e a transformação da operação, passaram a cobrar uma taxa por transação.
E com essa gestão de documentação e de processos acontecendo digitalmente e de maneira mais organizada, novos produtos poderão ser lançados. Esse é um dos principais objetivos da PipeImob.
“O propósito da empresa é melhorar a reputação do mercado imobiliário”, afirma Nascimento. “Hoje, quando você paga um sinal, esse valor fica parado na conta da imobiliária, porque você não consegue ver em que fase da compra está, quais os documentos que já foram aprovados, se a compra foi feita. Com mais segurança, você consegue garantir, por exemplo, com mais facilidade, a antecipação do corretor, porque consegue visualizar se a compra está sendo feita ou não”.
Dos 220 milhões de reais que transacionaram em setembro, querem praticamente quadruplicar nos próximos seis meses, e de receita em um ano. Veja alguns objetivos:
As proptechs têm dado um chacoalhão no setor imobiliário nos últimos anos, principalmente com a pandemia. Entre maio de 2021 e maio de 2022, o número de empresas ativas no setor cresceu 13,82%, e as rodadas de investimentos nas chamadas proptechs e construtechs movimentaram R$ 5,8 bilhões, de acordo com a Terracota.
Um dos exemplos mais citados é do Quinto Andar, unicórnio brasileiro que simplificou o processo de locação de imóveis. Hoje, a startup é uma referência no setor e já vale 5,1 bilhões de dólares.
A perspectiva do setor, agora, é de crescimento. O tamanho do mercado global PropTech deve atingir US$ 64,3 bilhões até 2028, aumentando a um crescimento de mercado de 15,4% por ano durante o período de previsão.