Confira como se faz um esmalte da Impala
O processo de criação do esmalte demora cerca de 8 meses, da concepção de uma coleção até a fase final de fabricação, tudo na fábrica da empresa em São Paulo
Karin Salomão
Publicado em 2 de setembro de 2015 às 09h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h33.
São Paulo – Cerca de 30 novas cores de esmaltes por ano são criadas pela Impala, marca que pertence à Mundial , desde de 2009. Além das coleções de inverno e primavera/verão, ainda há pelo menos outras duas coleções intermediárias. O processo de criação demora cerca de 8 meses, entre a definição dos temas e tendências, até a fase final de fabricação. Tudo isso acontece na fábrica da empresa em Guarulhos, São Paulo. EXAME.com visitou o local para descobrir como se faz um esmalte da Impala - e também entender como a empresa chega até os nomes criativos de cada um dos produtos. Confira nas imagens.
Tudo começa na definição da coleção e das cores dos esmaltes. Atualmente, há 160 cores ativas no portfólio da Impala. São cerca de 5 coleções diferentes todo ano. Uma de primavera/verão, outra no inverno, outras duas feitas no meio do período e uma edição especial. Quem dá as ideias de cores e coleções é a equipe do marketing, que recebe uma pesquisa sobre tendências gerais, desde moda até comportamento. O relatório, além de observações da própria equipe do seu público alvo, ajuda a criar os temas para as próximas coleções.
Tem uma pergunta que quem trabalha na Impala ouve toda hora: como são inventados os nomes dos esmaltes, tão criativos e, às vezes, tão abstratos? Toda a equipe de marketing, composta apenas por mulheres, se reúne para um braimstorm de ideias. Elas passam horas sugerindo nomes, explica Soraia Arraes, diretora do departamento. A Impala busca evitar temas polêmicos e religiosos, nomes estrangeiros e que restrinjam a coleção a um público muito pequeno. A cada 5 anos, o registro dos esmaltes é renovado e os nomes podem ser usados de novo.
Depois de criar a coleção, o marketing passa um briefing, um resumo, para o departamento de pesquisa e desenvolvimento. Indicam não apenas as cores que devem ser desenvolvidas, mas também o tipo de brilho, cobertura, durabilidade e efeitos especiais. A marca Impala busca usar cores vivas e marcantes, que expressem o que seu público está usando nas ruas. Cada coleção tem entre 5 e 8 cores. Mas são criadas mais de 15 opções para chegar à seleção ideal.
A Impala tem, atualmente, 160 cores ativas em seu portfólio. Por incrível que pareça, tudo isso é feito a partir de apenas 12 cores de pigmentos básicos.
Além das tonalidades de pigmento, os esmaltes também recebem micas, que são minerais que darão brilhos e novas opções de cores. Existem micas naturais e sintéticas. Para criar um esmalte, o ideal é usar as fabricadas em laboratório, porque assim é mais fácil manter um padrão em todos os produtos.
Outros tipos de pó também ajudam a deixar a cor mais interessante. O alumínio, por exemplo, deixa a cor metalizada. Já outros componentes tornam o esmalte holográfico ou 3D. Na foto, estão dois tipos diferentes de minerais que podem ser usados. Apesar de ambos parecerem brancos e iguais, o efeito de revestimento, assim como a cor e o tamanho das partículas, é bastante diferente.
Alguns esmaltes também incluem glitter. O que causa esse efeito é um plástico, que recebe um tratamento especial para ser resistente ao esmalte. Eles podem ser de várias cores e formatos, como bolinhas, corações ou partículas bem pequenas.
Depois de receber o briefing, que indica os pilares da coleção a ser desenvolvida, a equipe de pesquisa e desenvolvimento começa a brincar com as cores e outros componentes. Os esmaltes são uma combinação da base, pigmentos e efeitos, como glitter e micas. Como os pigmentos são mais pesados que a base, eles tendem a sedimentar. Por isso, a base tem anti-sedimentantes, que fazem com que a cor fique estável por muito mais tempo.
Aqui, Denis de Paula, supervisor de pesquisa e desenvolvimento, irá fazer um esmalte cor-de-rosa usando um pigmento fúcsia, roxo e um pouco de branco.
Todos os processos para criar uma cor, como quantidade dos ingredientes, ordem de mistura e tempo de agitação, são anotados para poderem ser reproduzidos em escala industrial.
O desenvolvimento do esmalte não termina na hora que a cor é aprovada. A amostra ainda irá passar por uma análise de estabilidade pelos próximos 90 dias. Ela também sofrerá condições extremas de armazenamento, como um freezer ou altas temperaturas. Isso é importante para verificar se a cor e a cobertura do esmalte não irão sofrer alterações. Cada amostra também será testada por dermatologistas, para impedir que irrite a pele. Existiam três componentes alergênicos que antes eram usados em esmaltes e deixaram de ser por causar irritação. No entanto, há pessoas que podem ter alergias a certos tipos de pigmento, as cores usadas no esmalte. Nesse caso, a alergia é diferente para cada um.
Como a cor muda conforme a luz a qual é exposta, as tonalidades são analisadas nessa câmara, que irá imitar a luz do sol, de sombras, de lâmpadas incandescentes e de lâmpadas fluorescentes.
Depois que a coleção é aprovada, suas especificações são levadas para a fábrica, para a produção em larga escala. A tinta dos esmaltes é fabricada em outro local, também em Guarulhos, São Paulo. Ela chega diariamente para envase. Cada um desses galões, chamados book, tem cerca de 30 kg.
Nesse estoque, ficam todos os materiais usados na fabricação dos esmaltes, com exceção do próprio líquido. Aqui, está o PVC para fazer embalagens, os vidrinhos, pincéis, tampas, etiquetas, entre outros. Já o centro de distribuição dos produtos prontos fica em Extrema, Minas Gerais.
Os primeiros itens na linha de produção dos esmaltes são os vidrinhos. A fábrica tem 12 linhas de envase e 7 de blistagem (ou embalagem), ainda que nem todas funcionem o tempo todo. As cores mais vendidas da empresa são o branco e o preto, por serem mais básicas. Logo depois, vêm os tradicionais vermelhos.
Nesta etapa, os vidrinhos são organizados pelo carrossel e entram na fila para envase. O processo de embalagem é semi manual – funcionários precisam abastecer as máquinas com os componentes dos esmaltes, como os vidros e as tintas.
O book, ou galão, de esmalte é acoplado a uma bomba, que suga o conteúdo - neste caso, da cor preta. A fábrica faz entre 10 a 12 cores por dia. Para limpar uma máquina, para que ela possa começar a fabricar a próxima cor, a Impala usa solventes que já fazem parte da fórmula do esmalte. Assim, não há risco de contaminação cruzada.
É possível encher 6 vidros por vez, com 90% de sua capacidade máxima. Essa margem de 10% irá garantir um espaço extra para o pincel e para que, caso o esmalte expanda com o calor ou movimento, o vidro não exploda.
Uma mola separa os frascos para o próximo passo – colocação do pincel e fechamento.
Os pincéis, já unidos à tampa, são abastecidos, também manualmente, em outro carrossel. Em grande velocidade, são inseridos nos frascos e rosqueados pela máquina. Todos os pincéis eram iguais até o início de agosto, quando a empresa desenvolveu uma novidade, o pincel flat. Feito por uma fornecedora italiana, ele facilita a aplicação e dá um efeito 3D.
Por fim, vem a colocação do rótulo adesivado no vidrinho. Em períodos determinados, pequenas amostras são retiradas e levadas para controle de qualidade. O objetivo é analisar a consistência do esmalte com o passar do tempo. Depois de um período parados, é normal que os esmaltes fiquem com uma cor dividida. Cores mais pesadas, como o branco, podem se sedimentar. Mas Ricardo Pires, diretor geral da fábrica, afirma que isso é normal - basta chacoalhar o frasco um pouco que a cor volta ao normal.
O filme de pvc, que irá formar a embalagem, entra em um forno com uma temperatura entre 135°C e 145°C. Ele é moldado a partir do vácuo que se forma neste processo.
Aqui, as funcionárias estão embalando o esmalte Garota Pop.
O papel cartão recebe uma camada de verniz, para ficar brilhante e mais resistente. Ele passa por uma placa, também aquecida a cerca de 100°C, para selar a embalagem.
Para dividir cada um dos blísteres, uma guilhotina hidráulica é usada. A partir daí, os vidrinhos estão prontos para ir para as mãos de mulheres de todo o país.
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