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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.
O maior frigorífico brasileiro, o Friboi, está perto de fechar a aquisição do controle acionário da Swift Armour, maior indústria de carnes da Argentina. Caso se confirme, a compra, por cerca de 200 milhões de dólares, será o primeiro investimento da empresa de José Batista Júnior em território argentino e trará uma série de vantagens estratégicas. "O primeiro efeito para o Friboi é conquistar um poder de negociação ainda maior do que o exercido hoje", diz Geide Figueiredo Jr., consultor do Instituto FNP, de análise do agronegócio.
Outros efeitos são a consolidação de novas linhas de produtos e a reunião de melhores condições para buscar a abertura de mercados mais exigentes, como Estados Unidos e Japão. O mercado japonês, um dos mais cobiçados, era atendido predominantemente por frigoríficos americanos até a ocorrência de casos de vaca louca naquele país em dezembro de 2003.
Desde então, a briga pela preferência japonesa é travada entre exportadores australianos e neozelandeses de um lado e brasileiros de outro. A aliança com a Argentina pode representar um elemento decisivo nessa disputa. "A internacionalização traz ganhos em qualificação", diz Amaryllis Romano, analista setorial da consultoria Tendências, "especialmente neste caso, já que a Argentina tem grande tradição em exportação de carne".
Além desses ganhos, a transação vai ampliar oportunidades de embarque, com a combinação de cotas de importação impostas, por exemplo, pela União Européia.
O grupo Friboi já vem tomando medidas expansionistas em território nacional, com a compra de unidades no Mato Grosso para fazer o abate diário superar a marca das 10 000 cabeças de gado, uma das maiores do mundo. O Friboi responde por quase 20% de toda carne exportada pelo Brasil e ocupa a quinta colocação mundial em volume de produção.
Arranjos
Segundo nota distribuída pelo Friboi nesta terça-feira (31/8), a empresa está em fase final de negociações com os acionistas da Swift. O presidente da Swift argentina, Carlos Oliva Funes, permanecerá no cargo, como acionista minoritário, e vai integrar o conselho de administração do Grupo Friboi no Brasil.
O jornal Clarín desta quarta-feira (31/8) publica reportagem apontando preocupação do empresariado local com a nova aquisição estrangeira de um empreendimento argentino. A Swift é a quarta exportadora que muda de mãos em apenas dois anos. A Finexcor, atual líder, foi comprada pela americana Cargill. A AB&P foi adquirida por um investidor britânico e a Friar passou para a fabricante de azeite Vicentín.
Mas a apreensão aumenta quando se consideram outros setores. O Clarín lista a aquisição da área de petróleo da Perez Companc pela Petrobras, da Quilmes pela Ambev e da Loma Negra pela Camargo Corrêa.