Companhia de Harvey Weinstein vai declarar falência
The Weinstein Company entrou em declínio desde que começaram a ser divulgadas, em outubro, as denúncias de abuso sexual de seu fundador
AFP
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 09h03.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2018 às 09h09.
A produtora The Weinstein Company vai declarar falência , informou a imprensa americana, depois que a Justiça tentou impor condições à venda da empresa, que teve como um dos fundadores o antes todo-poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
A empresa entrou em declínio desde que começaram a ser divulgadas, em outubro, as denúncias de assédio sexual, abuso e estupro contra Weinstein, produtor de filmes premiados como "O Artista", "O Discurso do Rei", entre muitos outros.
"Apesar de reconhecermos que este é um resultado extremamente infeliz para nossos funcionários, nossos credores e qualquer vítima, o conselho administrativo não tem outro remédio que buscar a única opção viável para maximizar o valor restante da empresa: um processo de falência", afirma a comissão de diretores da Weinstein Company em um comunicado citado pelo jornal Los Angeles Times.
O New York Times também divulgou a informação. Os jornais relataram o fim das negociações entre a Weinstein Company e um grupo de investidores liderado por Maria Contreras-Sweet, uma funcionária do governo do ex-presidente Barack Obama.
O grupo estava pronto para concluir uma negociação de compra da Weinstein Company por quase 500 milhões de dólares, até o momento em que o estado de Nova York abriu processo contra a produtora em 11 de fevereiro por não proteger suas funcionárias do assédio e agressão sexual. A justiça bloqueou a operação.
A ação contra Weinstein, seu irmão Bob e a produtora foi apresentada diante do temor de que a venda iminente da empresa poderia deixar as vítimas sem a possibilidade de uma indenização adequada.
O procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman, reclamou da negociação para a venda da The Weinstein Company: "Um acordo que essencialmente apenas remove os irmãos Weinstein, mas deixa o restante da administração intacta, pensamos que é inaceitável.
A revista de entretenimento Variety publicou em seu site uma carta supostamente enviada pela Weinstein Company a Contreras-Sweet e Ron Burkle, que também foi apontado como integrante do grupo de investimentos interessado em comprar a empresa.
A carta, com data de 25 de fevereiro, afirma que a empresa "trabalhou sem descanso" após uma reunião com o procurador Schneiderman e os investidores na quarta-feira passada. Mas aponta que o grupo de investidores falhou em manter as promessas feitas a respeito de "políticas de direitos humanos de alto padrão" e da apresentação do financiamento temporário necessário.
"Devemos concluir que seu plano de comprar esta empresa era ilusório e deixaria apenas a empresa encaminhada para seu desaparecimento em detrimento de todos seus integrantes. Algo que o conselho de administração não deixará que aconteça", afirma o texto divulgado pela Variety.
Contreras-Sweet e Burkle não responderam até o momento ao pedido de comentários da AFP.
Bob Weinstein é o atual presidente da empresa, que demitiu seu irmão Harvey Weinstein no ano passado.
Desde a divulgação do escândalo Weinstein, dezenas de ações civis, pelo menos duas coletivas, foram apresentadas contra Harvey Weinstein e a Weinstein Company, sobretudo por mulheres que denunciam terem sido agredidas pelo famoso produtor de Hollywood.
De acordo com a imprensa, Weinstein está em tratamento para o vício em sexo e é alvo de investigações nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Mas até o momento não foi apresentada nenhuma acusação contra ele por qualquer crime. Ele nega qualquer relação sexual sem consentimento das mulheres.