Como se faz a barrinha de cereais Nutry
EXAME.com visitou a fábrica da Nutrimental, no Paraná, para mostrar a produção do alimento criado a partir de um pedido do navegador brasileiro Amyr Klink
Karin Salomão
Publicado em 14 de maio de 2015 às 11h23.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h43.
São Paulo – Barrinhas de cereais são, para muitos, uma ótima opção para matar a fome na correria ou no regime. Mas, afinal, do que e como elas são feitas? EXAME.com foi até a fábrica da Nutrimental, em São José dos Pinhais, no Paraná, para acompanhar de perto a produção da barrinha Nutry de aveia, banana e mel. Por lá, a fabricante conta com 7 plantas, onde são feitas as barrinhas, refrescos e pudins em pó, barras assadas, desidratados, gomas de fruta e muitos outros produtos. Veja os bastidores da produção a seguir.
A Nutrimental, empresa que produz as barrinhas Nutry, começou em 1968. Dois engenheiros decidiram desidratar legumes, para prolongar sua duração. Começaram pelas batatas, para fazer um purê em pó. Não deu muito certo, mas o logo da empresa retrata, até hoje, batatas sendo desidratadas. Passaram então a fazer farinhas e suplementos nutricionais e a fornecer merendas para escolas.
Foi quando Amyr Klink, navegador brasileiro, entrou em contato com os donos da Nutrimental, pedindo que eles desenvolvessem alimentos nutritivos e desidratados, que suportassem os cem dias entre o céu e o mar da travessia do oceano Atlântico.Eles criaram, então, merendas desidratadas e as barrinhas de cereais. Elas foram lançadas para o público na ocasião da conferência Rio 92, em colaboração com os castanheiros da Amazônia.
Todos os produtos são criados da mesma forma: seguindo o Projeto Mais (sigla para Modelo Avançado de Inovação Seletiva). Qualquer pessoa da fábrica pode sugerir um novo produto, uma alteração ou sabores diferentes para os já existentes. Cada uma das sugestões é avaliada e passa por várias etapas, conduzida por equipes multidisciplinares. Da ideia ao protótipo, das pesquisas de mercado às degustações, todos os departamentos se envolvem no processo.
Depois de passar por todos os processos de desenvolvimento, os doces podem finalmente ser provados por funcionários ou pessoas externas treinadas para isso. Todos os dias as degustações acontecem, sejam com produtos novos ou antigos com ingredientes diferentes. No dia da visita de EXAME.com, eram a vez de barrinhas, barras de frutas assadas, cereais e outros. Sensibilidade para distinguir mudanças mínimas nos sabores é um dos pré-requisitos para a equipe da Nutrimental. Para serem promovidos a cargos de gerência, todos os funcionários passam por um treinamento que inclui técnicas para desenvolver o paladar e degustações das comidas fabricadas pela empresa.
Assim que chegam, todas as matérias primas são enviadas para o armazenamento. De um lado, sacos de 300 kg de crispies de arroz, um dos ingredientes básicos. Do outro, lascas de chocolate, para a cobertura ou tapete das barrinhas. Todos as matérias primas mostradas desta foto são suficientes para apenas 2 ou 3 dias de produção.
As embalagens ficam em um armazém diferente. Os produtos em estoque são controlados por funcionários a partir de um sistema. Como a produção é bastante rápida e as cargas podem passar até 10 dias em análise no laboratório, qualquer atraso na entrega de produtos pode trazer problemas para a fábrica inteira. Portanto, o acompanhamento que a equipe de recebimento faz é crucial.
As castanhas do Pará são levadas a uma parte isolada da fábrica. Como são alergênicas, elas não podem ser preparadas no mesmo ambiente dos outros alimentos. As máquinas usadas para a castanha também são exclusivas.
Parte dos ingredientes é testada assim que chega à fábrica.Em alguns casos, apenas um lote em cada três é verificado. Já com produtos perecíveis, como frutas, a análise é feita com uma amostra de todos os lotes.A Nutrimental verifica se há bactérias ou restos de inseto, por exemplo, nas suas matérias primas.
Os cereais, em sacos de 300 quilos, chegam a uma das três linhas de produção de tabletes. Assim começa a fabricação das barrinhas de aveia, banana e mel.
A barrinha de aveia, banana e mel é feita com cinco cereais diferentes: dois tipos de flocos, crispies de arroz, aveia e crispies em formado de bolinha. A quantidade correta de cada ingrediente é medida pela vazão com que ela sai dos silos – quantos gramas do produto caem por segundo.
A calda, que irá dar liga aos cereais, é cozida em dois galões. Ela fica no primeiro até adquirir a viscosidade ideal. Depois, é bombeada para o segundo galão, até a hora de entrar na mistura com os cereais.
No caso do doce de aveia, banana e mel, a calda é feita de xarope de glicose, polpa de banana e outros ingredientes. O caldeirão exala um cheiro delicioso de caramelo e banana.
Os cereais sólidos e a calda líquida se encontram dentro do misturador. Enquanto torna a massa homogênea, o misturador precisa manter a temperatura a 50°C. A massa quente sai do misturador ainda irregular.
O tapete de cereais passa, então, por dois rolos calibrados. Eles compactam o alimento, alisam sua superfície e esfriam a massa, que deve sair em uma altura entre 13 e 14 milímetros. Os rolos são gelados com água fria, bombeada no interior dos cilindros.
O tapete, já alisado, encara um longo caminho de resfriamento. Ele passa demoradamente por 20 metros de câmaras com ar condicionado. No final, ela deve estar a 20°C.
O tapete de cereais será cortado no formato das famosas barrinhas. Primeiro, ele passa por uma faca circular, que a cortará transversalmente.
Antes de ir para a próxima etapa de corte, ela precisa passar por uma esteira separadora. Como a goma de açúcar ainda está fresca, as barras grudariam umas nas outras se continuassem juntas.
Para adquirir o formato de barrinha, as tirar de cereais passam pela guilhotina. A máquina executa um movimento de “corta e empurra” para separar as unidades, por causa da goma de açúcar.
Na foto, a operadora retira todos os produtos que não estão conforme o padrão. Os descartados serão moídos e voltam ao misturador, no começo do processo.
Na foto, estão as duas linhas de embalagens. As linhas são usadas para criar versões diferentes do mesmo produto, como caixas ou displays.
O tubo de embalagens é dividido em doces individuais nessa etapa. Um cortador, chamado de mordente giratório, corta e lacra a embalagem, finalizando-a. O ciclo todo, da seleção dos cereais até a embalagem final, dura apenas 20 minutos.
Ao final, cada barrinha é inserida em uma caixa, pronta para a venda. No caso, os doces de aveia, banana e mel foram organizados em um display enviado para supermercados e outros pontos comerciais.
Todos os alimentos prontos da Nutrimental, como barrinhas, refrescos, farinhas nutritivas, entre outros, ficam estocados no centro de distribuição. Eles aguardarão até serem vendidos no Brasil ou no exterior.