Como preparar talentos para a transformação digital no Brasil
No Café EXAME Tecnologia, diretor do Senai e gerente da Fiat debateram sobre a educação e indústria brasileira
Lucas Agrela
Publicado em 25 de julho de 2018 às 12h07.
Última atualização em 25 de julho de 2018 às 14h34.
São Paulo – Em termos de educação, o Brasil enfrenta dois desafios para crescer: aumentar sua produtividade e formar profissionais que ajudem as empresas a inovar. Não só para a nova geração, os trabalhadores atuais também precisam evoluir nessas duas frentes.
No Café EXAME Tecnologia, realizado nesta quarta-feira (25) em São Paulo, Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), parte do problema está na falta de educação profissionalizante dos jovens.
“No Brasil, menos de 10% fazem cursos de educação técnica. Outros países mais avançados têm porcentagens muito mais altas, como 70%”, disse Lucchesi. “No mundo, a matriz educacional é mais honesta, engajada e cidadã. No Brasil, há um pretenso discurso de que todo mundo pode fazer faculdade, mas poucos realmente a concluem.”
Na visão de Lucchesi, o profissional de nível técnico tem mais oportunidades de emprego e tem menos chances de ser dispensado porque as equipes de inovação têm modelo piramidal no qual os técnicos estão sempre presentes.
Representando a indústria automotiva, Miguel Lorenzini, gerente do projeto Plant X da Fiat, participou do debate contando sobre sua experiência na montadora. “Nosso funcionário operacional chega com um certo preparo ao qual temos que adicionar um conhecimento a mais para que ele possa contribuir para o nossos cenário de inovação. Hoje, eles não chegam prontos para inovar como queremos", afirmou Lorenzini.
No nível superior, é importante que os funcionários entendam o que é a inovação para a empresa na qual trabalham. A Fiat busca ouvir e entender as ideias dos seus profissionais que podem levar a empresa adiante e elas podem então virar projetos.
Lucchesi acredita também uma mudança fiscal para acelerar o desenvolvimento do país. “Nosso sistema Robin Hood, onde quem ganha acima do teto contribui mais, faz as empresas adotarem a pejotização", declarou. Sua crença é de que a educação precisa estar vinculada ao projeto de país que queremos nos tornar, um desafio que também abrange a implementação de inovações da indústria 4.0, ao mesmo tempo em que ainda precisamos tirar o atraso na fase de automação, da indústria 3.0.