Desde 2017, o Café Pelé faz parte do portfolio da holandesa Jacobs Douwe Egberts (JDE), que a adquiriu juntamente com as marcas Graníssimo e Tropical. A JDE detém ainda a Pilão, L’OR e Caboclo (Redes sociais/Divulgação)
Ícone do futebol, Pelé virou sinônimo de qualidade e sua imagem esteve associada a diversos produtos ao longo dos seus 82 anos de vida. O ex-atleta morreu nesta quinta-feira, 29, por falência múltipla de órgãos. Pelé lutava contra um câncer generalizado, que atingiu intestino (cólon) e se espalhou para o fígado e início do pulmão.
Logo do início da carreira, aproveitando o sucesso do jovem garoto, o café brasileiro foi um dos primeiros produtos em que a associação começou a ser trabalhada.
Em 1961, o Instituto Brasileiro do Café, órgão vinculado ao governo federal, assinou o contrato com o atleta, que pode ser visto em várias fotos apreciando o famoso cafezinho brasileiro.
Importante lembrar o Rei do Futebol nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, que tem na produção de café uma das suas principais atividades econômicas. O município fica no sul do estado, região que é a principal produtora de café arábica do mundo.
No começo da década de 1970, o nome do atleta é associado de vez com a indústria cafeeira. O craque da conquista do tri mundial (58,62 e 70) assinou contrato com a Cacique Alimentos para a criação da marca Café Pelé, comercializada até hoje.
Segundo o noticiário da época, o acordo garantiu ao ex-jogador um milhão de cruzeiros, valor que correspondia ao uso da marca internamente e na Europa. Para cada país em outro continente, a empresa teria que desembolsar 500 mil pesos.
A parceria unia duas das maiores paixões brasileiras, o café e o futebol. Com elevado investimento em publicidade, a marca se tornou uma das maiores no setor com a sua oferta de café torrado e moído.
Com o sucesso, a empresa resolveu usar a marca para abrir mercados mundialmente para o café solúvel, uma das inovações da época. A Cacique foi a primeira empresa brasileira a trabalhar com exportação desde tipo de produto, com operação iniciada em 1966.
Ao longo do tempo, a marca se consolidou no mercado internacional, sendo exportada para cerca de 50 países.
Desde 2017, o Café Pelé faz parte do portfolio da holandesa Jacobs Douwe Egberts (JDE), que a adquiriu juntamente com as marcas Graníssimo e Tropical. A JDE detém ainda a Pilão, L’OR e Caboclo.
Procurada, a JDE não respondeu até o fechamento da matéria. Caso se manifeste, a matéria será atualizada.
Um fato inusitado que vivido pela marca ao longo dos seus cinquenta anos envolve um episódio de pirataria por uma empresa americana com exportações para o mercado russo. O caso foi noticiado pela Folha de S.Paulo em 1996.
Uma empresa de Miami, sob o nome de RCP Inc, começou a exportar o seu “Café Pelé” para a país euroasiático, com embalagem semelhante ao produto brasileiro. Quando a Cacique descobriu, importou uma pequena quantidade, a partir dos seus parceiros da Rússia, para conhecer o produto. Descobriu-se que era uma café equatoriano e de má qualidade.
E, em outra movimentação, entrou em contato com o Pelé para que acionasse os seus advogados nos Estados Unidos – a Cacique não tinha a marca no País. Os profissionais descobriram que a empresa estava tentando registrar a marca Pelé nos Estados Unidos.
Contatada, a RCP disse que não estava registrada a marca do atleta, simplesmente o nome “Pelé” – um nome bem americano, pelo visto.
No fim, a empresa americana desistiu do registro e das exportações para a Rússia. Á época, a Cacique detinha cerca de 23% do mercado de café solúvel do país, onde comercializava tanto a marca Café Pelé quanto a homônima à companhia, Cacique.
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