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Como o uso da tecnologia no combate ao desperdício de alimentos tem alavancado empresas

Como os pequenos produtores e os serviços de delivery de orgânicos movimentam a economia e ajudam o meio ambiente

Aplicativos que entregam cestas de alimentos reaproveitados e até otimizam o plantio já são uma frente de negócios importante (Julija Erofeeva/Getty Images)
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Publicado em 24 de julho de 2023 às 16h06.

Última atualização em 24 de julho de 2023 às 16h07.

Antigamente, comer o que se produzia era comum. Mas, então, por que paramos de plantar? A agricultura se transformou e se afastou das cidades, se organizou como um processo industrial, e o cultivo foi se desconectando do seu propósito inicial.

O uso de agrotóxicos, fertilizantes, o aparecimento dos transgênicos, o desmatamento e a poluição tomaram conta das pautas e o caminho do alimento até a mesa do consumidor tornou-se um grande problema.

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Mas algo está mudando. Nos últimos anos, a frequência de consumo de frutas e hortaliças aumentou de 40,2% para 44,6%, segundo os resultados iniciais do Estudo Nutrinet, que acompanha os hábitos alimentares no país e é realizado pela USP (Universidade de São Paulo) e os pequenos produtores têm participação expressiva nesse contexto.

O agronegócio, em 2022, era responsável por 24,8% do PIB do Brasil e, desse total, cerca de 25% é proveniente da agricultura familiar, ou seja, 5% do PIB brasileiro tem origem nos pequenos empreendedores rurais.  No total, o país possui 4,1 milhões de pequenos produtores, cerca de 84% de todas as propriedades rurais do país.

Tecnologia e conscientização: quando tudo começou a mudar?

A tecnologia entrou em jogo e aplicativos que conectam pequenos produtores aos consumidores finais ganharam destaque nos últimos anos. "Trabalhamos com mais de 900 pequenos produtores e contamos com mais de 3.000 produtos no catálogo. Graças à tecnologia desenvolvida a partir de inteligência artificial, que retira do solo apenas o que será consumido, a empresa consegue trabalhar em prol de objetivos sociais evitando o desperdício", conta  Tomás Abrahão, fundador da Raízs.

Mas, afinal, como o crescimento dessas empresas e o uso dessas tecnologias afetam o dia a dia das pessoas e movimentam os negócios? De diversas formas:

Desperdício de alimentos: Na pandemia percebemos uma grande preocupação por parte da população pela origem dos alimentos consumidos para o bem-estar físico e mental e o cenário da COVID-19 também intensificou a crise econômica e, por consequência, o aumento da desigualdade social.

Desde então, há uma conscientização muito maior sobre o desperdício dos alimentos, uma vez que mais de 33,1 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, enquanto mais de 27 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente. "Mais do que isso, a tendência é que as pessoas passem a consumir de marcas que estejam atreladas aos seus princípios e valores, mostrando até uma predisposição a pagar mais por isso", avalia Tomás Abrahão.

Economia:  Ao apoiar os pequenos produtores, a economia local é fortalecida, gerando empregos e renda para a comunidade. "Essa proximidade entre produtor e consumidor em cadeias curtas de comercialização também reduz a necessidade de transporte de longa distância, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa", explica Mayra Viana, analista de Competitividade do Sebrae Nacional.

E mais:  a conexão direta entre os produtores e os consumidores tende a fazer com que a margem de comercialização do produtor aumente. "Somente para ilustrar como o comércio eletrônico é cada vez mais relevante, segundo o Dashboard do Comércio Eletrônico Nacional (do MDIC), houve transação por esta modalidade de R$ 62,5 milhões para frutas e de R$ 54,8 mi de produtos hortícolas em 2022. Em 2020, os montantes haviam sido de R$ 34 mi e de R$ R$ 32,4 mi, respectivamente", conta Mayra.

Meio ambiente: Os pequenos produtores que estão conectados com esses serviços de entrega costumam adotar práticas mais sustentáveis, pois é uma demanda forte do consumidor moderno. A procura aquecida faz com que cresça cada vez mais o interesse de produtores por cultivo orgânico, com o manejo correto dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade local. Além disso, esses produtores tendem a utilizar práticas como a agroecologia, que também contribuem para a preservação do meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis.

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