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PRAETOR 600 da Embraer Foto: Germano Lüders 07/11/2018 (Germano Lüders/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 10h00.
Última atualização em 5 de dezembro de 2018 às 10h00.
São Paulo - A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, anunciou o lançamento de dois novos aviões, o Praetor 500 e Praetor 600. Os dois aviões integram a linha de oito jatos executivos e a segunda maior divisão da companhia.
Os modelos foram apresentados na feira NBAA-BACE (National Business Aviation Association’s Business Aviation Conference and Exhibition), convenção e exposição da aviação executiva, e ficaram expostos no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para potenciais clientes.
O Brasil tem a terceira maior frota de jatos executivos, com cerca de 750 aviões. Os Estados Unidos estão disparados no primeiro lugar, com cerca de 12 mil aviões e o México em segundo, com 900.
EXAME voou no novo jato Praetor 600 para contar como é a experiência da aviação executiva e por que a fabricante está apostando nessa categoria.
Em julho deste ano, a fabricante brasileira firmou uma joint venture com a Boeing para a criação de uma nova empresa voltada para aviação comercial. A Embraer terá 20% da nova companhia e a Boeing, os 80% restantes. Apenas a divisão comercial da Embraer foi negociada no acordo. A joint venture também prevê parcerias para investimentos em novos mercados e a comercialização do KC-390.
A receita da fabricante com jatos executivos foi de 1.48 bilhão de dólares no ano passado. A aviação comercial foi responsável por 3,37 bilhões de dólares, de um total de 5,84 bilhões de dólares.
A Embraer controla cerca de 20% do mercado mundial executivo em número de unidades vendidas. Entre suas concorrentes, estão a Cessna, Bombardier, Honda, Pilatus, entre outras. Por quatro anos, de 2012 a 2016, o seu modelo Phenom foi o mais vendido no mundo.
A divisão executiva foi criada em 2005 é a segunda maior da companhia, que também fabrica aviões comerciais, de defesa e oferece serviços, entre outros. Com o acordo comercial com a Boeing, a empresa deverá focar mais nesta categoria. “A Embraer precisa estar preparada para o futuro”, afirma o diretor.
Em 2017, entregou 72 jatos leves e 37 jatos grandes, total de 109 aeronaves. Na aviação comercial, foram 101 entregas. A receita da divisão, no ano passado, foi de 1,5 bilhão de dólares, enquanto a aviação comercial apresentou receita de 3,4 bilhões de dólares no ano.
As entregas de jatos caíram em relação aos dois anos anteriores - em 2015, foram 120 entregas. No entanto, com a recuperação da economia, Teixeira acredita que as entregas também serão retomadas.
A Embraer hoje trabalha com oito modelos de jatos executivos, que acomodam de 4 a 19 pessoas. O Lineage 1000E é o maior deles, com espaço para uma cama king size e até um chuveiro a bordo.
A primeira diferença entre pegar um avião comercial e um jato executivo é no local de embarque. Para o nosso voo, fomos do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para uma pista do aeroporto de São José dos Campos.
O hangar executivo, da empresa Icon Aviation, fica na parte de trás do aeroporto. Para embarcar, não há necessidade de pegar fila, passar a mala pelo Raio-X ou de passar pela Polícia Federal.
O controle é prévio e o Hangar/FBO (sigla em inglês para Fixed Based Operations) recebe uma lista com os nomes e RG dos passageiros.
Uma das inovações do Praetor é o winglet, parte final da asa que é dobrada para cima. Essa peça é maior que nos jatos anteriores, o que permite que o avião sofra menos arrasto, ou seja, resistência do ar. Assim, o gasto de combustível é menor e o avião pode voar distâncias maiores sem parar para abastecer.
Assim, essas serão as aeronaves mais avançadas da categoria na companhia, com capacidade para voar de Londres a Nova York ou Fortaleza a Madri sem escalas. Ainda não estão em produção, mas os protótipos estão em campanha de desenvolvimento e consolidação dos dados técnicos.
Os dois novos modelos Praetor 500, para 6 a 9 passageiros, e Praetor 600, que acomoda de 8 a 12, estão à venda por a partir de 18 milhões de dólares e 22 milhões de dólares, respectivamente.
O lançamento foi na feira de NBAA-BACE (National Business Aviation Association’s Business Aviation Conference and Exhibition), em outubro. Até então, o novo modelo era tratado como um segredo industrial, tratado por siglas nos documentos internos e conhecido só pelos envolvidos no projeto.
Os aviões devem aterrissar no mercado no ano que vem, mas a companhia disse que já recebeu pedidos de compra. A expectativa é de que o Praetor 600 receba certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) no segundo trimestre de 2019, e o Praetor 500 seja homologado no terceiro trimestre do mesmo ano.
Para Gustavo Teixeira, diretor de vendas da Embraer Aviação Executiva, para a América Latina, o jato é uma “ferramenta de trabalho”. Grandes empresas costumam comprar um avião para transportar executivos, que precisam visitar novas lojas, centros de distribuição ou fábricas, por exemplo. É comum até que negócios importantes sejam fechados na cabine de um avião, diz, uma vez que executivos têm privacidade no embarque.
Os aviões precisam substituir o escritório, com rede wifi, mesas de trabalho, televisão e telefone conectado via satélite. A internet à bordo é de alta velocidade, com cobertura mundial, que permite streaming de vídeo, TV ou videoconferência durante o voo. Sua velocidade chega até 16 Mbps. “Quem usa esse avião precisa ter o domínio de tudo na mão”, diz Teixeira.
Designers brasileiros e americanos ficaram responsáveis pelo interior das aeronaves. O projeto se chama Bossa Nova, ritmo brasileiro derivado do jazz americano. O país está representado nos padrões de costura dos assentos, que lembram o calçadão de Ipanema, e nas cores do carpete, que imitam a areia da praia.
Cada detalhe do avião é pensado para aumentar o conforto. A iluminação é controlada pela tela touch screen e pode ser ajustadas para uma luz mais azulada ou branca, perfeita para trabalhar, ou amarelada, mais relaxante. O trilho das luzes tem uma função dupla. Também serve como corrimão, para que os passageiros possam andar pela cabine sem se apoiar nos assentos, o que pode atrapalhar quem está sentado.
A cabine também recebe um isolamento acústico e, por isso, é bem mais silenciosa que a de um avião comercial. Segundo o diretor, o barulho é um dos causadores do cansaço sentido depois de um voo.
Outro mecanismo voltado ao conforto é a redução de turbulência. O voo, que durou cerca de 15 minutos, foi bem suave que um voo comercial. Há uma diferença também na decolagem, mais rápida e feita em uma pista mais curta.
Para voltar para São Paulo, depois do voo, pegamos uma van.
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