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Combate à corrupção engatinha no setor empresarial do país

Levantamento feito com 124 companhias indicou que mais da metade (55%) já teve casos de corrupção

Papeis: o investimento anual em compliance não passa de R$ 1 milhão por ano em 76% das empresas pesquisadas (Dreamstime)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 09h03.

São Paulo - Os escândalos de corrupção na Petrobras trouxeram à tona a necessidade do combate à corrupção, tanto no setor público quanto no privado. As práticas de compliance e gestão de riscos - vitais para evitar ilícitos -, porém, ainda "engatinham" no setor empresarial do País, aponta estudo da consultoria Deloitte feito com 124 companhias.

Sócia do Centro de Governança Corporativa da Deloitte, Camila Araújo acredita que o grande desafio é mudar a cultura das empresas. "Se irregularidades continuam acontecendo, o mecanismo de tratamento ainda não está completo."

O levantamento indicou que mais da metade das companhias (55%) já teve casos de corrupção. Segundo André Fonseca, sócio da área criminal do Veirano Advogados, a estatística está relacionada ao "jeitinho brasileiro". "Eu não vejo surpresa, esse tipo de conduta já foi o ‘modus operandi’", afirma.

Para o advogado, a Lei Anticorrupção, porém, contribuirá para mudar o quadro. "O brasileiro é um pouco ‘São Tomé’. Quando houver punição, as empresas ficarão mais receosas."

Ainda que a nova legislação tenha criado incentivos para que as companhias criem departamentos de compliance e gestão de riscos, a pesquisa apontou, entretanto, que essas áreas ainda precisam avançar no País.

O investimento anual em compliance, por exemplo, não passa de R$ 1 milhão por ano em 76% das empresas pesquisadas.

O valor pode ser considerado baixo para manter uma estrutura com treinamento e recursos tecnológicos, dentre outras práticas. Para Camila, "existe uma confusão conceitual" sobre o compliance. "Ele deve ser complementar à gestão de riscos e sinérgico a controles internos".

Parte do compliance, o treinamento contra corrupção não é feito em 48% das empresas, segundo a pesquisa. "Ele é um dos principais instrumentos de capacitação e aculturamento em empresas", defende Camila.

Criar uma área de compliance, porém, não garante sua implementação. "É um trabalho de longo prazo. Existem ações para garantir, como definir um código de ética", diz Camila.

Para Fonseca, a Lei Anticorrupção ajudará para que o compliance não seja "de vitrine". "A empresa terá de mostrar que fez o que estava ao seu alcance".

Gestão de riscos

Como a nova legislação contra corrupção prevê punições para empresas mesmo por fraudes cometidas por outra organização, o monitoramento de fornecedores, terceiros e parceiros é cada vez mais relevante.

Segundo Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte em Gestão de Riscos, não existe empresa "100% blindada", mas a companhia "deve ter mecanismos para mitigar riscos".

Na visão de Fragoso, uma companhia pode perder 50% do valor de mercado por causa de danos à reputação. A pesquisa apontou, porém, que 60% das empresas não têm processos que periodicamente detectam, avaliam e monitoram riscos de corrupção.

"Prevenir crise custa infinitamente menos do que gerir uma já instalada e as empresas estão percebendo isso."

Lidar com o complexo ambiente regulatório brasileiro está entre os maiores desafios da gestão de riscos nas empresas. Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Pierpaolo Cruz Bottini afirma que companhias têm dificuldades de operar no "emaranhado de normas".

O compliance, então, "ajuda a empresa a conhecer e se atualizar sobre o que importa para sua área no complexo ambiente regulatório", observa Bottini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Sócia do Centro de Governança Corporativa da Deloitte, Camila Araújo acredita que o grande desafio é mudar a cultura das empresas. "Se irregularidades continuam acontecendo, o mecanismo de tratamento ainda não está completo."

O levantamento indicou que mais da metade das companhias (55%) já teve casos de corrupção. Segundo André Fonseca, sócio da área criminal do Veirano Advogados, a estatística está relacionada ao "jeitinho brasileiro". "Eu não vejo surpresa, esse tipo de conduta já foi o ‘modus operandi’", afirma.

Para o advogado, a Lei Anticorrupção, porém, contribuirá para mudar o quadro. "O brasileiro é um pouco ‘São Tomé’. Quando houver punição, as empresas ficarão mais receosas."

Ainda que a nova legislação tenha criado incentivos para que as companhias criem departamentos de compliance e gestão de riscos, a pesquisa apontou, entretanto, que essas áreas ainda precisam avançar no País.

O investimento anual em compliance, por exemplo, não passa de R$ 1 milhão por ano em 76% das empresas pesquisadas.

O valor pode ser considerado baixo para manter uma estrutura com treinamento e recursos tecnológicos, dentre outras práticas. Para Camila, "existe uma confusão conceitual" sobre o compliance. "Ele deve ser complementar à gestão de riscos e sinérgico a controles internos".

Parte do compliance, o treinamento contra corrupção não é feito em 48% das empresas, segundo a pesquisa. "Ele é um dos principais instrumentos de capacitação e aculturamento em empresas", defende Camila.

Criar uma área de compliance, porém, não garante sua implementação. "É um trabalho de longo prazo. Existem ações para garantir, como definir um código de ética", diz Camila.

Para Fonseca, a Lei Anticorrupção ajudará para que o compliance não seja "de vitrine". "A empresa terá de mostrar que fez o que estava ao seu alcance".

Gestão de riscos

Como a nova legislação contra corrupção prevê punições para empresas mesmo por fraudes cometidas por outra organização, o monitoramento de fornecedores, terceiros e parceiros é cada vez mais relevante.

Segundo Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte em Gestão de Riscos, não existe empresa "100% blindada", mas a companhia "deve ter mecanismos para mitigar riscos".

Na visão de Fragoso, uma companhia pode perder 50% do valor de mercado por causa de danos à reputação. A pesquisa apontou, porém, que 60% das empresas não têm processos que periodicamente detectam, avaliam e monitoram riscos de corrupção.

"Prevenir crise custa infinitamente menos do que gerir uma já instalada e as empresas estão percebendo isso."

Lidar com o complexo ambiente regulatório brasileiro está entre os maiores desafios da gestão de riscos nas empresas. Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Pierpaolo Cruz Bottini afirma que companhias têm dificuldades de operar no "emaranhado de normas".

O compliance, então, "ajuda a empresa a conhecer e se atualizar sobre o que importa para sua área no complexo ambiente regulatório", observa Bottini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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