Com recuo do mercado, Volks negocia demissões em suas quatro fábricas
Só na pandemia, desde março, o setor de automóveis fechou 3,2 mil vagas. Em 12 meses, foram 6,2 mil
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 12h12.
Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 12h32.
A Volkswagen negocia corte de funcionários em suas quatro fábricas no País, com a alegação de que é preciso adequar o quatro de pessoal à atual demanda do mercado, enfraquecida pela crise provocada pela pandemia do coronavírus. O assunto já foi discutido na terça-feira e ontem entre dirigentes da montadora e representantes dos sindicatos de trabalhadores.
A empresa emprega ao todo 15 mil funcionários e, segundo os dirigentes sindicais que participaram do encontro realizado na fábrica do ABC paulista, o excedente seria de 35% - ou seja, cerca de 5 mil pessoas, entre funcionários da linha de produção e do administrativo.
Porta-voz da empresa afirmou ser precipitado falar em números, uma vez que a empresa propõe negociar medidas de flexibilização que incluem redução de salários e de benefícios como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-transporte e convênio médico, além de corte de reajustes salariais - o que, eventualmente, ajudaria a reduzir o número de excedentes. Também não descarta abrir planos de demissão voluntária (PDV).
Em nota, a Volks confirma o processo de negociação e cita medidas de flexibilização e de revisão dos acordos coletivos - alguns preveem estabilidade no emprego até 2021. A direção da montadora alega a necessidade de "adequação do número de empregados ao nível atual de produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, muito afetado pela pandemia do novo coronavírus".
A montadora cita dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de que a produção de veículos deve cair 45% neste ano e que a recuperação do mercado só deve vir em 2025.
Só na pandemia, desde março, o setor fechou 3,2 mil vagas. Em 12 meses, foram 6,2 mil. Hoje, as montadoras empregam 122,5 mil funcionários. No início do mês, a Renault demitiu 747 pessoas no Paraná, mas, após greve e negociações com o sindicato, eles foram reintegrados e a empresa abriu um PDV.
Conjuntura
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde está a maior fábrica do grupo, a de São Bernardo do Campo, com 8,6 mil trabalhadores, informa que novas reuniões estão programadas para a próxima semana. "Nossa visão é de que coisa boa não vem por aí, infelizmente", afirma Júlio Henrique da Silva, secretário de Finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos. Segundo ele, os sindicatos entendem que a pandemia agravou o cenário, mas esperam construir alternativas conjuntas para evitar cortes.
A fábrica de São Carlos produz motores e tem 940 funcionários. O grupo também tem unidades em São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP), ambas fabricantes de automóveis. A Volkswagen é a segunda montadora que mais vende carros no País, atrás da General Motors.