Com novo centro em Pernambuco, Amazon acirra briga do e-commerce
Empresa vai abrir no começo de 2020 o primeiro centro de distribuição fora de São Paulo. Com a empreitada, quer intensificar vendas na região Nordeste
Carolina Riveira
Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 17h15.
Última atualização em 12 de dezembro de 2019 às 18h15.
A Amazon acaba de fincar mais uma bandeira no Brasil. A varejista americana anunciou nesta quinta-feira 12 que vai abrir um novo centro de distribuição em Pernambuco, na cidade deCabo de Santo Agostinho -- no Grande Recife, a 35 quilômetros da capital pernambucana.
O novo centro deve entrar em operação ainda no primeiro trimestre de 2020, com 10.000 metros quadrados de área. Será o quarto centro de distribuição da empresa no Brasil. A Amazon já tem três espaços em Cajamar, em São Paulo, o primeiro deles aberto em janeiro deste ano.
Com a operação em Pernambuco, a empresa espera reduzir seu tempo de entrega na região Nordeste do país e aumentar a presença entre os consumidores locais. A Amazon afirma que a entrega será feita em até dois dias para clientes de algumas capitais da região: Recife, em Pernambuco, João Pessoa, na Paraíba, Natal, no Rio Grande do Norte, Maceió, em Alagoas, e Fortaleza, no Ceará.
“Estamos felizes em levar mais conveniência aos consumidores brasileiros e em contribuir para a economia da região. O anúncio de hoje representa o compromisso de longo prazo da Amazon com o Brasil e principalmente, com nossos clientes em todo o país”, disse em comunicado à imprensa o executivo Alex Szapiro, presidente da Amazon no Brasil.
No Brasil desde 2012, primeiro somente com livros digitais e depois expandindo o portfólio para outras categorias, a Amazon já vendeu mais de 200.000 produtos vendidos e entregues diretamente pela empresa no país, além dos "dezenas de milhares" de lojistas parceiros que a americana afirmou ter no país. Os produtos em seu site somam mais de 20 categorias, entre livros, esportes e casa e jardim.
O ano de 2019 foi um dos mais agitados para o braço brasileiro da empresa. Além dos centros de distribuição abertos em São Paulo e agora o anúncio de um novo espaço em Pernambuco, a empresa lançou também por aqui o Amazon Echo, caixa de som inteligente que inclui a assistente virtual Alexa. Já conhecida no exterior, a Alexa ainda não estava disponível em português brasileiro e não era vendida diretamente no Brasil, somente importada da Amazon estrangeira e falando inglês.
Também neste ano, a empresa lançou no Brasil seu serviço de assinaturas, o Prime. Por 9,90 reais mensais, o assinante tem frete grátis e entrega mais rápida em uma série de produtos do site. Para fazer as entregas rápidas prometidas pelo serviço, a Amazon afirmou anteriormente que conta com parcerias com a estatal Correios e outras oito transportadoras. O assinante também ganha outros benefícios como o Amazon Prime Video, serviço de streaming que, no Brasil, dispõe de séries famosas não disponíveis em rivais como a Netflix -- como as temporadas da série "The Office".
O ano da virada no Brasil?
Os lançamentos mostram que a Amazon começa a, lentamente, expandir sua operação nacional. Quando chegou ao país, a empresa só vendia livros eletrônicos e o Kindle, seu leitor de e-books. Dois anos depois, partiu para a venda de “livros físicos”. Mantendo a política de dar um passo de cada vez, a Amazon anunciou em 2017 que criaria no Brasil seu “marketplace” de livros — ou seja, abriria o site para outras livrarias. Depois, abriu o marketplace para outros setores, embora ainda se concentre em livros e alguns aparelhos eletrônicos. Em seus mercados mais maduros, é comum comprar na Amazon absolutamente tudo, de sabão em pó a celular.
Por ora, a presença da Amazon no Brasil está longe do tamanho que possui no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, seu maior mercado. Ainda assim, o "fantasma Amazon" assombra as varejistas nacionais, como Magazine Luiza, Via Varejo (dona das Casas Bahia) e B2W (de Americanas.com e Submarino), além da argentina Mercado Livre, líder em vendas no Brasil.
Embora seja comum ouvir de analistas e especialistas em varejo que "o Brasil não é para amadores" e que a Amazon terá dificuldade em se estabelecer localmente, uma vez que as varejistas locais já conhecem os percalços e atalhos para operar no Brasil, também é inegável que a companhia americana, caso deseje investir pesado no mercado nacional, pode ser uma ameaça às concorrentes. No dia em que a Amazon lançou o Prime, em setembro, as ações das varejistas brasileiras na bolsa tiveram baixa de mais de 5%.
O centro em Pernambuco é a prova derradeira de que a Amazon estuda fortalecer a operação no Brasil. Levar a operação física para além do eixo Sul-Sudeste é algo primordial para que varejistas consigam vender em todo o Brasil, dada as amplas distâncias geográficas brasileiras.
Na mesma linha, nos últimos dois anos, a brasileira Magazine Luiza , cujo e-commerce é elogiado e que é considerada uma das brasileiras com maior potencial para eventualmente competir diretamente com a Amazon, também vem abrindo lojas e centros de distribuição em estados onde não tinha presença. Neste ano, a empresa da família Trajano chegou ao número de 1.000 lojas físicas (muitas funcionando como pequenos centros de distribuição e agilizando as entregas e presença de marca) e abriu novas lojas no Pará e no Mato Grosso, chegando ao número de 18 estados em que tem operação.
Em comunicado sobre o novo centro em Pernambuco, o diretor de operações da Amazon no Brasil, Ricardo Pagani, afirma que "continuaremos a expandir nossa rede no Nordeste e no Brasil". O que indica que 2020 pode ser tão agitado para a varejista americana quanto foi 2019.