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Com nova oferta, Netshoes decide: quer mesmo o Magalu. Mas por quê?

Netshoes recomendou a seus acionistas que aceitem oferta do Magazine Luiza na assembleia marcada para amanhã

MAGAZINE LUIZA: varejista teve nova alta de 46% no valor de marca. (Germano Lüders/Exame)

MAGAZINE LUIZA: varejista teve nova alta de 46% no valor de marca. (Germano Lüders/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 13 de junho de 2019 às 08h33.

Última atualização em 13 de junho de 2019 às 08h53.

Um novo dia, uma nova oferta pela Netshoes. A varejista de artigos esportivos divulgou comunicado nas primeiras horas desta quinta-feira anunciando um segundo acordo para venda de suas operações ao Magazine Luiza. Pelo texto divulgado, o Magalu concorda em igualar a oferta feita ontem pela Centauro, de 3,70 dólares por ação, colocando o valor de mercado da Netshoes em 115 milhões de dólares.

O acordo ainda fixou uma multa de 6 milhões de dólares para o caso de cancelamento. Ou seja, os acionistas da Netshoes têm uma barreira para vetar, na assembleia marcada para esta sexta-feira, a oferta do Magazine Luiza. Pelo comunicado de hoje, o conselho de administração da Netshoes volta a reiterar aos demais acionistas da varejista seu desejo de venda para o Magazine Luiza, e não para a Centauro.

A grande pergunta entre executivos próximos às negociações é: por quê?

A guerra de ofertas tem feito muito bem aos acionistas da Netshoes, que já viram suas ações subirem mais de 50% em 45 dias. Em 29 de abril, o Magazine Luiza iniciou a contenda com uma oferta de 2 dólares por ação para a Netshoes (cerca de 62 milhões de dólares). Quando a oferta do Magazine Luiza chegou a 87 milhões de dólares, o conselho da Netshoes recomendou aos acionistas que aprovassem a venda por este valor, no dia 26 de maio.

Mas a Centauro continuou elevando a mão, para 109 milhões e depois para 115 milhões, ou 3,70 dólares por ação, nesta quarta-feira, forçando a nova oferta do Magazine Luiza. Ou seja: em 15 dias o conselho da Netshoes recomendou o aceite de duas ofertas com diferença de 28 milhões de dólares entre elas.

Para além dos valores, a disputa envolve questões sobre a sobrevida da Netshoes, em dificuldades financeiras. Como parte da oferta revelada ontem, a Centauro incluiu um empréstimo de 120 milhões de reais à Netshoes como reforço do caixa para capital de giro. O adiantamento tentava dirimir uma dúvida em relação à Centauro. Como a varejista é concorrente direta da Netshoes, uma eventual demora na análise da compra pelo Cade, o conselho de defesa da concorrência, poderia deixar a companhia sem caixa para manter suas operações.

Nesta quarta-feira, porém, o Cade anunciou que vai avaliar a proposta da Cenatuaro em rito sumário, ou seja, num prazo de até 30 dias, o mesmo apontado como necessário para avaliar a oferta do Magazine Luiza.

Ou seja, há propostas semelhantes na mesa, mas a preferência clara do conselho da Netshoes por um dos lados. “Talvez esteja pesando o ego de não vender a marca para um concorrente direto”, diz um executivo do setor. “Pode pesar também o medo de dizer não a uma empresa com o poder de fogo do Magazine Luiza”, diz outro executivo.

Haverá resposta? Se a Centauro aumentar sua oferta, a assembleia marcada para amanhã será mantida? São questões a serem respondidas nas próximas horas. A quinta-feira deve ser mais um dia movimentado para o varejo esportivo na bolsa.

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