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Com mega lucro, JHSF acelera lançamentos e cria moeda virtual

Lucro da JHSF se multiplicou por 50 no segundo trimestre, puxado pelas incorporações; moeda incentiva que clientes circulem por negócios da companhia

Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JHSF: mega lucro na crise (Leandro Fonseca/Exame)

Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JHSF: mega lucro na crise (Leandro Fonseca/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 26 de agosto de 2020 às 09h06.

Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 11h36.

A JHSF, dona do shopping Cidade Jardim e outros quatro empreendimentos do tipo, vive um momento bem diferente que o de outras empresas de shopping centers. Enquanto as concorrentes amargam os efeitos da pandemia nas vendas, o lucro da JHSF se multiplicou por 50. Foi de 5 milhões de reais no segundo trimestre de 2019 para 254,7 milhões de reais no mesmo período de 2020. Isso no auge do isolamento social.

A proposta da companhia é atender o cliente de alta renda em várias frentes. Para isso, tem quatro divisões de negócio: shoppings, hotéis e restaurantes, incorporação e aeroporto. Para se aproximar do cliente, a empresa lançou recentemente a J Coin, uma moeda virtual que pode ser usada em todos os produtos da JHSF. Se o cliente compra um apartamento da empresa, por exemplo, recebe J Coins pela transação, que podem ser usados para pagar uma diária em um hotel administrado pelo grupo, uma conta em um restaurante ou fazer compras nas lojas de seus shoppings. “A proposta é reconhecer o cliente e mostrar que somos gratos por usar nosso sistema”, afirma.

Quanto mais a JHSF conseguir manter seu cliente endinheirado dentro do seu próprio sistema melhor. Das quatro divisões de negócio da empresa, duas sentiram diretamente os efeitos da crise. A divisão de shoppings teve perda de 74% na receita no trimestre. A parte de hoteis e restaurantes perdeu 88%.

Mas as outras divisões voaram. As vendas da incorporadora cresceram 465% no segundo trimestre de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019. O segmento se beneficia do momento da economia, com juros baixos. "Nossos lançamentos ocorrem em terrenos que já tínhamos há muito tempo, mas que, por uma questão macroeconômica, ainda não fazia sentido lançar”, afirma Alonso.

O cenário dos juros começou a mudar em 2018 e a companhia vem ampliando sua oferta desde então. Em 2019, a parte de incorporação da JHSF cresceu 189%. “O desempenho que vimos no segundo trimestre não é algo pontual, é parte de um filme que vem se desenhando desde 2018 e tem curva proporcional à taxa de juros”, afirma o executivo.

A companhia tem tido como estratégia lançar projetos em terrenos vizinhos a seus próprios empreendimentos. Um deles fica no entorno do Shopping Cidade Jardim, é o Fasano Cidade Jardim, lançado em setembro de 2019. Outro fica próximo o hotel Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP), é o Boa Vista Village, cujo pré-lançamento foi em dezembro. Em julho, a companhia comprou um terreno de 34,5 mil metros quadrados na marginal Pinheiros, em São Paulo. A ideia é fazer ali um projeto com torres residenciais de alto padrão e um shopping center.

Entre imóveis prontos e lançamentos, a JHSF tem 2 bilhões de reais em valor geral de vendas (VGV - soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um ou mais empreendimentos). Se considerados os terrenos já comprados e que vão receber projetos no futuro são mais 24 bilhões de reais em VGV. “Temos para lançar o equivalente a 12 vezes o que já lançamos”, afirma Alonso.

A outra divisão que cresce é a do aeroporto. Lançado no final do ano passado, o aeroporto executivo São Paulo Catarina fica em São Roque e já está com seus hangares lotados. A companhia está construindo três novos hangares, que devem ser entregues até o fim do ano. Também trabalha para a internacionalização do aeroporto.

Com isso, a soma dos negócios da JHSF gerou aumento de receita total da companhia. “Ter essa diversificação no negócio nos permitiu viver esse trimestre atípico no mundo sem que isso representasse uma perda para a empresa de maneira consolidada”, afirma.

Ainda assim, a JHSF mantém os planos de expansão para os segmentos em dificuldades. Na parte de shoppings, a empresa se prepara para lançar o Cidade Jardim Shops, cuja proposta é ser um shopping de luxo mais compacto. Terá também o Faria Lima Shops, com o mesmo DNA. Realiza aida obras para expandir a área locável do Shopping Cidade Jardim e para ampliar o Catarina Fashion Outlet.

“Estamos aumentando a presença em bairros de alta renda de São Paulo, que é onde parte da nossa base de clientes reside”, afirma Alonso. Em outra frente, a companhia tem ampliado sua operação digital, área que cresceu quatro vezes nos primeiros seis meses de 2020. Cidade Jardim Fashion cresceu 271,5% no trimestre. Os pedidos do Delivery Fasano cresceram 963,6% na comparação com o primeiro trimestre.

Na parte de restaurantes, a meta era abrir dois novos esse ano, que já foram abertos. Nos hoteis, a JHSF vai de oito unidades administradas para onze. Nos próximos anos, a meta é adicionar mais quatro hoteis ao portfólio. Recentemente a JHSF lançou um hotel em Nova Iorque e a intenção é expandir as operações nos Estados Unidos e na Europa.

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