Negócios

Com medo de eleição, empresas querem leilão de aeroportos neste ano

Pressão tem gerado uma divergência entre o Ministério dos Transportes e o PPI, responsável por tocar leilões e privatizações no governo Temer

Empresas interessadas na concessão de 12 aeroportos estão pressionando o governo para que o leilão desses terminais seja realizado ainda neste ano (Aeroporto Internacional de Miami/Wikimedia Commons)

Empresas interessadas na concessão de 12 aeroportos estão pressionando o governo para que o leilão desses terminais seja realizado ainda neste ano (Aeroporto Internacional de Miami/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 09h07.

Brasília - Empresas interessadas na concessão de 12 aeroportos estão pressionando o governo para que o leilão desses terminais seja realizado ainda neste ano, com receio de que o próximo presidente não dê continuidade ao processo. Isso tem gerado uma divergência entre o Ministério dos Transportes e o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), responsável por tocar leilões e privatizações no governo Temer.

O martelo vai ser batido na semana que vem, na reunião do conselho do PPI, onde têm assento o presidente Michel Temer e sete ministros. "Será na segunda quinzena de dezembro, por volta do dia 20", diz o secretário de Coordenação de Projetos do PPI, Tarcísio Freitas. Já o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, prefere deixar para 2019.

O ponto que divide os dois órgãos de governo é o prazo a ser dado entre a publicação do edital e a realização do leilão. Casimiro quer manter os 100 dias de praxe e é contra atropelar o rito. Já o PPI avalia que o prazo pode ser menor porque os grupos interessados já analisaram bem a concessão. "Tem grupos pedindo para antecipar", diz Freitas.

Nos últimos meses, o PPI dialogou individualmente com 11 grupos interessados em participar do leilão e espera uma participação recorde no leilão. Na lista de potenciais interessados estão grupos estrangeiros e nacionais: Vinci, ADP, Fraport, Zurich, Aena, Egis, CCR, Changi, Socicam, Corporacion America e Pátria.

Se a decisão for mesmo a de cortar o prazo de 100 dias, Casimiro não deve criar caso, dizem interlocutores do ministro. O problema, alertam, é que assim como há grupos interessados pedindo para acelerar, outros pedem mais tempo para estruturar suas propostas.

O leilão, no entanto, só se concretiza com a assinatura do contrato, que inevitavelmente ficará para 2019. Se o novo presidente não concordar, ele simplesmente não assina.

Nesta rodada, pela primeira vez, os aeroportos foram organizados em três blocos, que juntam terminais rentáveis e outros que dão prejuízo: o do Nordeste (Recife, Maceió, Aracaju, João Pessoa, Juazeiro do Norte e Campina Grande), do Centro-oeste (Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta) e do Sudeste (Vitória e Macaé).

As chances de o leilão acontecer em dezembro aumentaram na semana passada, quando a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu seu relatório sobre o processo, fazendo ressalvas que o governo considera fáceis de atender.

As resistências ao leilão vêm de Pernambuco, Espírito Santo e Alagoas. O deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) entrou com ação na Justiça questionando a forma como o leilão foi organizado. Ele teme que, leiloado num bloco junto com outros aeroportos deficitários, o de Recife tenha seus investimentos desviados para os outros terminais. A mesma crítica tem sido feita pelo deputado Marx Beltrão (PSD-AL). Na mesma linha, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, questiona o leilão do aeroporto de Vitória no mesmo pacote com o de Macaé (RJ).

Freitas admite que há questionamentos, mas diz que as concessões estão muito bem embasadas por estudos técnicos.

Na sexta-feira, 28, o governo realiza o leilão de dois portos e a quinta rodada de concessão de áreas do pré-sal, que pode render R$ 6,8 bilhões em bônus de assinatura para a União. O leilão de pré-sal atraiu o interesse de 12 grupos, que também temem mudanças no programa de concessões pelo próximo presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AeroportosGoverno Temer

Mais de Negócios

Esta empresa de saúde de SC capta R$ 5,7 milhões para tratar aneurismas com nova tecnologia

China Investe US$ 11 bi para estimular demanda interna com troca de bens em 2025

De olho na Faria Lima, este russo criou um Uber de luxo com carros blindados

Por que Sam Altman está perdendo dinheiro com o ChatGPT?