Com maquininhas, Credicard Itaú quer crescer em setor em expansão
O Itaú ficou por quatro anos com a marca em banho-maria. Voltou a usá-la no ano passado, com seu cartão Credicard Zero, e agora aposta nas maquininhas
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de julho de 2018 às 14h18.
Última atualização em 17 de julho de 2018 às 14h22.
São Paulo - O diretor executivo do Itaú Unibanco , Marcos Magalhães, afirmou que o momento de entrada do banco com uma nova família de maquininhas de cartões (POS, na sigla em inglês) junto aos pequenos empreendedores não é um problema, uma vez que, além de subpenetrado, o segmento está em franca expansão. "Não temos costume de ser o primeiro (a entrar em novos segmentos) e acreditamos que o momento de entrada é agora. O mercado alvo das maquininhas da Credicard está em franca expansão", disse, em coletiva de imprensa, nesta manhã de terça-feira, 17.
De acordo com Magalhães, somente cerca de 20% do público de autônomos, microempreendedores e pequenas empresas é atendido pelo setor de adquirência. Mas o executivo não revelou a fatia que o Itaú espera ter desse nicho.
O foco das maquininhas da Credicard, conforme o diretor do banco, é complementar e mira novos clientes, uma vez que o banco não atuava com adquirência junto aos pequenos empreendedores. Segundo ele, não foi desenhada uma estratégia de recuperação do market share da Rede, marca premium do Itaú no setor de adquirência, mas sim crescer em um segmento que está aquém do seu potencial em penetração do setor de cartões.
Em termos de rentabilidade, o banco está, de acordo com o executivo, confortável. Ao invés do aluguel, as máquinas da Credicard serão vendidas e o prazo de pagamento ao lojista será menor que os 30 dias, possibilitando ao banco um ganho de taxa com a antecipação desse recebível.
A First Data fará o processamento das transações capturadas pela Credicard, mas o relacionamento do banco com a empresa americana se resume apenas em um contrato de prestação de serviços. Conforme Magalhães, em momento algum o Itaú cogitou uma associação.
A escolha da marca Credicard, conforme Magalhães, foi feita após uma pesquisa junto ao público alvo das novas maquininhas. O banco identificou, segundo ele, que o nome era mais bem aceito por parte dos pequenos empreendedores. Negou, contudo, que a Credicard será usada como uma marca de combate ou de defesa pelo Itaú em novos segmentos. "A marca Credicard passou por uma repaginação e atualização. Identificamos que há um nicho relevante do lado da emissão e da adquirência, mas com uma demanda mais digital e moderna", explicou Magalhães.
Após desembolsar R$ 2,8 bilhões pela Credicard, o Itaú ficou por quatro anos com a marca em banho-maria. Voltou a usá-la no ano passado, quando lançou seu primeiro cartão, o Credicard Zero, em uma ofensiva ao Nubank. Agora, aposta nas maquininhas, com o lançamento da família Pop.
Estabilização da fatia da Rede
O maior objetivo da adquirente Rede, do Itaú Unibanco, é estabilizar o seu market share, que ainda segue numa trajetória de queda, de acordo com Magalhães. A redução da fatia de mercado da adquirente já está se estabilizando, segundo ele, mas ainda é cedo para falar em aumento de fatia.
"A Rede perdeu market share, mas isso vem se estabilizando após correções de rumo que estamos fazendo", disse Magalhães, sem dar detalhes da participação da companhia.
Sobre a afirmação do presidente do banco, Candido Bracher, de que a rentabilidade da operação de adquirência da instituição estava abaixo do esperado, durante teleconferência de resultados, ele afirmou que após os ajustes feitos na Rede essa percepção deve mudar e que é esperada melhoria em termos de retorno. "Estamos confortáveis com os ajustes feitos", acrescentou o diretor do Itaú Unibanco.
Magalhães reforçou ainda que as novas maquininhas (POS, na sigla em inglês) da Credicard, cujo lançamento feito nesta terça foi antecipado pela Coluna do Broadcast no mês passado, não mira uma recuperação de market share. "A grande perda de share que tivemos na Rede não foi para o segmento que a Credicard vai mirar em adquirência, mas para outros. A atuação da marca será complementar e não de recuperação de clientes", concluiu o diretor do Itaú.