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Com HSBC, Bradesco amplia escala e aproxima-se de Itaú

O Bradesco comprou a operação do HSBC no Brasil por US$ 5,2 bilhões e se aproximou do Itaú Unibanco na vice-liderança por ativos

Agência do Bradesco: o negócio, que une o quarto e sexto maiores banco comerciais no Brasil, cria um grupo com 1,2 trilhão de reais em ativos (Pedro Lobo/Bloomberg News)
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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2015 às 16h44.

São Paulo - O Bradesco comprou a operação do HSBC no Brasil por 5,2 bilhões de dólares e se aproximou do rival Itaú Unibanco na vice-liderança por ativos, apostando no ganho de escala para enfrentar a fraqueza do mercado de crédito no país.

O negócio, que une o quarto e sexto maiores banco comerciais no Brasil, cria um grupo com 1,2 trilhão de reais em ativos, carteira de crédito de 522 bilhões de reais e 31,4 milhões de correntistas.

Ao mesmo tempo, a operação impõe ao Bradesco a tarefa de uma integração bem sucedida que desafiou seus principais rivais nos últimos anos. Isso especialmente considerando o ágio de cerca de 50 por cento pago pelo Bradesco, em dinheiro, na transação, bem superior ao esperado pelo mercado e após o HSBC ter tido prejuízo superior a 500 milhões de reais em 2014.

Esse cenário deve reforçar o escrutínio sobre a promessa do Bradesco de tornar a filial brasileira do HSBC tão rentável quanto sua próprioa operação, isto é, dobrar a rentabilidade para 20 por cento em quatro anos.

"Será uma empresa maior, mais eficiente", disse o presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em teleconferência nesta segunda-feira. Ele defendeu o preço pago, mencionando a rede complementar de agências, especialmente no Sul e Sudeste do país, e as oportunidades para oferta de mais produtos.

Com a compra, o Bradesco retoma da Caixa Econômica Federal a terceira posição no ranking de maiores bancos do Brasil por ativos, atrás de Banco do Brasil e Itaú, respectivamente.

Mas passou a ter a maior folha salarial do setor, com mais de 115 mil empregados e cerca de 500 agências a mais que Itaú Unibanco.

Embora o Bradesco tenha frisado o foco nos ganhos que a compra lhe traz em termos de escala, e que o ganho planejado de eficiência o deixará mais competitivo para quando a economia do país voltar a crescer, analistas avaliaram que à primeira vista a maior conquista é a oportunidade de rentabilizar o capital.

Apesar de terem considerado alto o valor pago pelo HSBC Brasil, analistas consideraram acertada a estratégia do Bradesco, dada a perspectiva de fraco crescimento do crédito nos próximos anos no país, o que impõe aos bancos o desafio de remunerar o excesso de capital.

"Há sinergias suficientes de maior escala", disseram em relatório analistas do Credit Suisse liderados por Marcelo Telles.

Para os analistas Eduardo Rosman e Gustavo Lobo, do BTG Pactual, "embora um pouco cara, a aquisição, a nosso ver, faz muito sentido do ponto de vista estratégico".

Na bolsa paulista, as ações preferenciais do Bradesco recuavam 3,5 por cento e as ordinárias cediam quase 2 por cento às 15h51, enquanto o Ibovespa tinha variação negativa de 1,44 por cento.

Além do banco de varejo e do cobiçado negócio de alta renda, o Bradesco absorve as operações de seguros e de comércio exterior do HSBC, segmentos que tendem a ter expansão superior à média do mercado de crédito, disse o consultor e ex-presidente da Febraban, Roberto Luís Troster.

O valor em dólares a ser pago pelo HSBC Brasil em dólares representa 17,6 bilhões de reais. Executivos do Bradesco explicaram que fizeram hedge cambial para a operação.

NOVAS EXPANSÕES?

A transação também reduz chances de expansão inorgânica de rivais num mercado já bastante concentrado, em que os cinco maiores detêm mais de 90 por cento dos ativos do sistema financeiro brasileiro.

Mas a aquisição fará o Bradesco enfrentar situação reversa à vista no mercado nacional na última década, quando preferiu crescer organicamente, enquanto Santander Brasil comprou o ABN (2007), pouco antes da fusão que criou o Itaú Unibanco, que precedeu a compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil.

O trabalho de integração tecnológica e de equipes nessas aquisições exigiu trabalho árduo dos bancos compradores, em alguns casos bem mais do que eles próprios previam.

No caso do Bradesco, a previsão de seus executivos é que levará de três a quatro anos para que as operações do HSBC no Brasil passem a ter o mesmo nível de eficiência que o detido pelo comprador.

Ganhar eficiência será vital não apenas para remunerar adequadamente os recursos dos acionistas, mas também para recuperar os níveis de capitalização, já que o índice de Basileia do Bradesco caiu de 16 para 13,5 por cento, ante mínimo regulatório exigido pelo Banco Central de 11 por cento.

O Bradesco calcula que a transação lhe dará um ganho de otimização de 2,5 bilhões de reais, ou 5,5 por cento de ganho de escala, com base nos resultados esperados para o HSBC no Brasil em 2015, de lucro recorrente de 1,2 bilhão de reais.

A operação, que ainda requer aprovação regulatória e foi selada em 31 de julho, pode ser concluída até junho de 2016.

São Paulo - Depois de muita especulação, o HSBC confirmou nesta segunda-feira (3) que vendeu seus ativos no Brasil para o Bradesco . Toda a operação do banco no país foi incluída no negócio, e não apenas o segmento de varejo, como era esperado pelo mercado. O valor da aquisição ficou bem acima do que os analistas previam e a transação ainda precisa passar por aprovações regulatórias. Nas fotos, veja 9 números que ajudam a compreender o que o Bradesco ganha e o tamanho que ele passa a ter a partir da conclusão da compra.
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