Com assinatura a R$ 14,90, Wine quer chegar a 1 milhão de amantes de vinho
Maior site de vinhos do país lança assinatura inspirada na Amazon e investe em lojas físicas para crescer.
Mariana Desidério
Publicado em 9 de setembro de 2018 às 07h00.
Última atualização em 9 de setembro de 2018 às 07h00.
São Paulo – A Wine quer crescer. Com 140 mil assinantes, o maior e-commerce de vinhos do país agora está de olho em quem consome a bebida de forma esporádica – mas pode se convencer a beber um pouco mais. O chamariz para esse público é uma assinatura que custa menos da metade do preço do clube original. A intenção é atrair até 850 mil pessoas que já compraram alguma vez no site de forma avulsa e chegar a 1 milhão de assinantes somando as modalidades.
O novo serviço é inspirado no Amazon Prime, clube de vantagens da gigante do varejo que tem hoje impressionantes 85 milhões de assinantes. No Wine Prime, o assinante paga uma taxa de R$ 14,90 e passa a ter direito a frete grátis e desconto de 15% nos produtos. O que ele não recebe são as garrafas de vinho todo mês em sua casa, além da revista da Wine, reservadas para os assinantes do Clube Wine, cuja mensalidade vai de 70 a 280 reais, dependendo do tipo de vinho escolhido.
“Milhares de pessoas já se relacionaram com a Wine, mas querem escolher o seu próprio vinho, ou ainda não querem ter a obrigatoriedade de pagar um valor mais alto, preferem começar com menos. Entendemos que esse pacote de benefícios ajuda a aproximar esse cliente e mostrar para ele o nosso propósito”, afirma Rogério Salume, fundador e CEO da Wine.
No ar há três meses, o novo serviço tem tido até 5 mil assinaturas por mês. A expectativa da Wine é que ele se torne seu maior produto, com mais assinantes que o próprio Clube Wine. Segundo Salume, o site tem hoje 450 mil usuários ativos fora assinantes, sendo que 850 mil pessoas já interagiram com a plataforma em algum momento, mesmo que para comprar uma única garrafa de vinho. É justamente esse o público-alvo do Prime.
Se consideramos que o Brasil tem uma população de 210 milhões de habitantes e um consumo de vinhos de apenas três litros per capita no ano, as possibilidades para esse crescimento são gigantescas. “O Brasil é um país cervejeiro e construir uma nova cultura e um novo comportamento de consumo leva um tempo. Temos muito a fazer”, diz Salume.
100 lojas
Além de angariar mais assinaturas, a Wine já começou a colocar em prática seu plano de crescer também em lojas físicas. Recentemente, a companhia comprou a distribuidora de vinhos Bodegas, que já tinha três unidades: uma em Curitiba e duas em Porto Alegre. A intenção é expandir esse número – serão mais seis lojas nos próximos doze meses, com a meta de chegar a 100 unidades nos próximos 25 anos.
“Com essas lojas físicas e a plataforma online, a Wine estará próxima ao consumidor e pronta para anteder no momento que ele desejar, seja no celular, seja quando ele está na rua”, afirma Salume.
A rede de lojas funcionará também como pequenos estoques para abastecer rapidamente clientes empresariais, como restaurantes, lojas e supermercados. Como em qualquer e-commerce brasileiro, a logística é um desafio para a Wine. Hoje, as entregas da empresa levam de 24 horas a 7 dias, a depender da distância. Com a rede de lojas, a ideia é que esse prazo seja de algumas horas, pelo menos em algumas regiões. “Cada loja passará a ser um hub de atendimento aos clientes corporativos. Se tivermos uma loja no Itaim e temos restaurantes clientes naquele bairro, posso abastecer esses parceiros em questão de horas”, diz o empresário.
Fundada em 2008, no Espírito Santo, a Wine tem 400 funcionários. A empresa teve um faturamento de 400 milhões de reais em 2017 e, ao contrário de muitos e-commerces, é lucrativa há alguns anos. Em parte isso se explica pelo fato de que, diferente de quem vende geladeiras ou calçados, a Wine pode contar com a recorrência de seus clientes. “A não ser que ele fique doente ou mude de religião, é provável que vá consumir vinhos por muitos anos”, afirma.
Talvez por isso, a companhia chamou a atenção de Abilio Diniz, que decidiu investir na Wine em 2016, através da Península Participações. Segundo Salume, o investimento tem trazido melhorias na gestão, maior eficiência e mais oportunidades de negócio.
Como importadora de vinhos, o maior desafio da empresa no momento é suar para não repassar aos clientes a volatilidade do mercado, que vive dias intensos no período pré-eleitoral. Mesmo assim, a Wine espera fechar o ano com crescimento de dois dígitos. No longo prazo, a meta de Salume é bem mais ambiciosa: “Meu sonho é perpetuar esse projeto. O vinho tem 9 mil anos de história, se continuarmos focados nesse consumo seremos uma empresa secular”.