Repórter de Negócios
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 10h13.
O recente apagão que deixou mais de 2 milhões de clientes sem energia na última semana em São Paulo gerou um pico de procura por geradores em empresas do setor.
A Tecnogera, uma das maiores da categoria, viu a demanda saltar de cerca de 50 pedidos diários para mais de 2.500 no auge do problema, entre quarta e sexta-feira da semana passada.
"Muitos clientes nossos já estavam atendidos porque contratam seguro de energia. Mas fora isso, a demanda subiu para cerca de 2.500 pedidos por dia", afirma Maysa Calmona, gerente de comunicação da empresa.
"Naturalmente, não conseguimos atender todo mundo", diz. "Priorizamos nossos clientes que já têm contratos de longo prazo. Mas além disso, não tínhamos geradores para toda essa demanda e faltou mão de obra para atender a todos, porque não levamos só o gerador, fazemos a instalação e a manutenção. Não deu para aguentar a alta demanda".
O blecaute teve início na terça, 9, mas se intensificou na quarta, 10, após a passagem de fortes ventos que atingiram a capital e a Grande São Paulo.
Segundo a Enel, o evento climático foi o mais prolongado desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e dificultou o trabalho de recuperação da rede elétrica. Mais de 2,2 milhões de clientes chegaram a ficar no escuro.
Até a noite de domingo, cerca de 100.000 residências continuavam no escuro.
"Ainda estamos com uma procura alta, está longe de estar normalizado. Já não são mais 2.500 por dia, mas ainda há procura", diz. "Além disso, sinto que as empresas estão se preocupando mais. Agora, há muitas procurando por seguros de energia".
A Tecnogera nasceu de uma necessidade. Após ser demitido de uma multinacional, Abraham Curi usou a indenização, somada à venda de seu carro, para abrir um negócio no setor de energia.
A ideia inicial era vender geradores. Começou com cinco em estoque.
Hoje, quase duas décadas anos, o desejo de Curi virou a Tecnogera, uma das maiores empresas de geradores do país. Mas o modelo de negócio mudou: agora é uma empresa de serviços de locação, manutenção, operação logística e suporte de energia temporária.
A demanda crescente por soluções temporárias de energia impulsionou a expansão da empresa. Atualmente, a companhia fornece toda a infraestrutura necessária, como cabos, transformadores, manutenção preventiva e operação contínua.
Sua proposta é atender tanto emergências pontuais quanto projetos de longo prazo, com contratos flexíveis que podem variar de algumas horas a até 10 anos. São os chamados "seguros-energia".
O público-alvo da companhia são grandes centros de distribuição, shoppings, supermercados e indústrias, que precisam garantir o fornecimento constante de energia para operar, manter itens refrigerados e atender seus consumidores.
Este modelo de negócio é responsável por 70% do faturamento da companhia, que ano passado ficou na casa dos 560 milhões de reais.
Os outros 30% vêm de modelos de transição energética, aposta recente na história da companhia.
Lavieri também destaca o aumento na procura pelo modelo de serviço stand by, acionado em situações emergenciais para evitar perdas financeiras causadas por falhas no fornecimento de energia. Com o aumento de desastres climáticos, muitas empresas também têm alongado seus contratos.
"Assim como as pessoas têm seguro de carro e seguro de vida, as empresas agora estão percebendo a crescente necessidade de contar com um seguro de energia", conclui.