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Com alta de custos, BRF aumenta preços no exterior

O aumento nos preços dos produtos exportados também compensa os efeitos negativos do câmbio para as exportações da companhia

No curto prazo, a BRF espera contar com vendas maiores neste final de 2010 do que nas festas do ano anterior (EXAME)

No curto prazo, a BRF espera contar com vendas maiores neste final de 2010 do que nas festas do ano anterior (EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2010 às 17h46.

São Paulo - A Brasil Foods, maior exportadora global de carne de aves, negocia com clientes no exterior aumentos nos preços de 10 a 15 por cento em dólar, com o objetivo de neutralizar os efeitos da recente alta nos custos dos grãos, disse o presidente executivo, José Antonio do Prado Fay.

Os repasses serão realizados ao longo deste quarto trimestre, explicou Fay em entrevista a jornalistas, após evento com analistas e investidores na BM&FBovespa para comemorar os 30 anos de listagem da BRF, antiga Perdigão.

"O mercado está recebendo o aumento de preço em dólares... E estamos conseguindo com essas medidas manter o nosso resultado", declarou ele.

Na média de junho contra outubro, os preços do milho subiram 36 por cento no mercado interno, enquanto a soja, também utilizada na composição da ração, teve alta de 27 por cento, informou o diretor financeiro da BRF, Leopoldo Saboya, observando que os grãos representam em média entre 22 e 25 por cento dos custos dos produtos acabados.

O aumento nos preços dos produtos exportados também compensa os efeitos negativos do câmbio para as exportações da companhia, que se intitula a segunda maior exportadora de proteínas do mundo, com 9 por cento do comércio global.

Fay destacou, durante reunião nesta terça-feira, que a situação de abastecimento de frango em importantes países consumidores é favorável à empresa no momento.

"Os países não estão estocados em frango. Isso é bom para o repasse de preços", disse.

Ele também reforçou que o Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, continua se beneficiando de preços comparativamente mais baixos de matérias-primas.

Nos EUA, segundo exportador global, as altas do milho e da soja comparando junho e outubro foram de 57 e 23 por cento, respectivamente, mostraram dados da BRF.

"O Brasil continua competitivo em relação aos Estados Unidos. Evidentemente que o dólar depreciado (no exterior) dá condição de competitividade maior (para os EUA). Mas a questão do dólar é conjuntural, o custo de produção é estrutural", declarou Fay, salientando que o Brasil continuará sendo "o melhor lugar do mundo para produzir frango".

A companhia, principal processadora de aves e suínos no país, vê uma demanda firme no mercado exportador apesar das elevações de preços. "Em termos de fluxo (de volumes exportados) está normalizado", comentou Saboya ao falar sobre a demanda pelo produto nacional. Sobre a rentabilidade com as vendas externas, ele disse que a situação está quase regularizada em relação ao passado.

A Brasil Foods divulgou na última sexta-feira resultados financeiros do terceiro trimestre, tendo registrado lucro líquido de 189,7 milhões de reais, queda de 10 por cento em relação a igual período em 2009, quando receitas financeiras ajudaram no resultado.

Após as quedas nos preços das commodities seguindo a crise econômica iniciada em 2008, os valores dos principais produtos subiram muito nas últimas semanas, ficando perto dos níveis registrados há dois anos.

A situação começa a preocupar alguns países, do ponto de vista de inflação, e suscita novos debates sobre uma eventual crise de alimentos.

"Achava que não voltava ao nível de 2008", disse o presidente da BRF, citando queda na produtividade da safra dos Estados Unidos, preocupações com o clima na próxima safra do Brasil e a grande participação de fundos de investimentos nos mercados de commodities.


Investimentos, aquisições

A companhia deverá investir aproximadamente 1 bilhão de reais no ano que vem, montante estável ante 2010, indicou Fay, notando que o total ainda não está fechado. 

Os investimentos serão direcionados para preparar o crescimento orgânico da companhia em 2012 e 2013 e virão da própria geração de caixa, ressaltou Saboya, diretor financeiro.

Ele disse que para o crescimento orgânico não há a necessidade de captação no mercado. "(Crescimento) não-orgânico, aí vai depender (ser analisado) caso a caso", afirmou.

A propósito, o presidente da BRF disse que a empresa precisa retomar as aquisições a partir do segundo semestre de 2011 "para garantir o nosso crescimento", numa ação que independeria da aprovação do acordo entre BRF e Sadia.

Fay trabalha com a perspectiva de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica do negócio, feito em maio de 2009, no máximo em 2011.

No curto prazo, a BRF espera contar com vendas maiores neste final de 2010 do que nas festas do ano anterior, contando com um mercado interno aquecido.

Desde 4 de novembro, último dia em que o dólar caiu, os investidores estrangeiros reduziram em 27 por cento suas apostas na valorização do real, diminuindo a posição vendida em dólares a 11,776 bilhões de dólares nos mercados futuro e de cupom cambial (DDI) da BM&FBovespa.

"Mas o real também tem sofrido por ameaças de intervenção. Investidores permanecem nervosos e não inclinados a voltar para a moeda, sabendo do risco de mais medidas de controle de capital", disseram em relatório.

O operador de uma corretora em São Paulo, que pediu anonimato, notou ordens de "stop loss" quando a cotação alcançou 1,735 real.

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