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Clima atrasa planos da Biosev para zerar capacidade ociosa

Geadas em Mato Grosso do Sul e uma seca no Nordeste vão reduzir o volume de cana produzido, atrasando os planos da companhia


	Colheita de cana de açúcar da Biosev: clima desfavorável deve reduzir o volume de cana produzido nesta e na próxima safra
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Colheita de cana de açúcar da Biosev: clima desfavorável deve reduzir o volume de cana produzido nesta e na próxima safra (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2013 às 16h42.

São Paulo - A Biosev, uma das maiores produtoras de açúcar e etanol do Brasil, terá que adiar seus planos para eliminar a ociosidade em suas usinas devido a geadas em Mato Grosso do Sul e a uma seca no Nordeste, que vão reduzir o volume de cana produzido na atual safra, com repercussões também na próxima temporada.

A empresa, que divulgou resultados do trimestre abril/junho na noite de terça-feira, reduziu sua estimativa de moagem na safra atual (2013/14) para entre 28,7 milhões e 30,1 milhões de toneladas, ante 33 milhões na estimativa inicial.

A maior parte do impacto ocorreu devido a geadas sobre canaviais da empresa em Mato Grosso do Sul, no fim de julho. Cerca de um terço da redução foi atribuído a uma forte seca no Nordeste, que está reduzindo a produtividade agrícola.

A Biosev tem apostado na melhoria da eficiência, especialmente no maior uso da capacidade instalada, para reduzir custos e melhorar os resultados.

"Nessa safra tivemos uma pausa. Voltamos (a reduzir ociosidade) no próximo ano, então vai ser entre a safra 2015/16 e 2016/17", disse à Reuters o diretor financeiro da empresa, Serge Stepanov, estendendo o prazo para que 100 por cento da capacidade instalada da Biosev seja utilizada.

A estimativa inicial da companhia era elevar o uso da capacidade instalada para 87 por cento em 2013/14, ante 73,7 por cento em 2012/13.

Stepanov não deu detalhes sobre uma nova estimativa para esse índice após as geadas e a seca afetarem a produção. Ele acrescentou que o frio intenso atrapalhou o trabalho de plantio para a próxima temporada. "Parou também o crescimento da muda. Para plantar, vai ser mais difícil, vai ter impacto na safra 14/15." A Biosev conseguiu reduzir o seu prejuízo no período de abril a junho para 325,8 milhões de reais, refletindo um aumento na receita e melhora no resultado financeiro. No mesmo período do ano passado, a divisão brasileira para energia da trading francesa de commodities Louis Dreyfus teve prejuízo de 351,6 milhões de reais.

A redução dos ativos biológicos, os canaviais afetados pelo clima, teve um impacto não-caixa de 216 milhões de reais, segundo Stepanov.


As ações da empresa operavam em queda de mais de 5 por cento por volta das 15h.

Foco no Açúcar

Após um trimestre com priorização do etanol, com fortes vendas ao exterior, a Biosev deve mudar seu mix de produção em favor do açúcar.

No último trimestre, 55 por cento da cana moída foi destinada ao biocombustível, mas esse índice deverá ser alterado, embora a empresa ainda não saiba exatamente em que proporção.

"No primeiro trimestre a gente fez mais etanol que açúcar. No restante do ano a gente vai reduzir etanol e aumentar açúcar, em proporção. A gente ajusta a cada semana o melhor mix", disse o executivo.

A Biosev, com o apoio da Louis Dreyfus, conseguiu aproveitar uma janela de exportação de etanol para os EUA. A empresa disse ter realizado, no trimestre, 20 por cento das exportações brasileiras do biocombustível.

A empresa exportou 106 mil metros cúbicos de etanol no trimestre, crescimento de 263 por cento ante o mesmo trimestre de 2012.

Com o início da safra de milho nos EUA, onde o etanol é produzido com o cereal, a janela se fecha, o que contribui para um foco maior da Biosev no açúcar, disse Stepanov.

A estimativa feita pela empresa no início de julho era de produção de açúcar de 2,1 milhões de toneladas em 13/14, e de etanol em 1,3 bilhões de litros.

"A gente vai ter um pouco menos de produtos para vender. A gente escolhe onde cortar produção, devido à falta de cana, com um pouco menos de etanol", avaliou o diretor da Biosev, evitando estabelecer novas estimativas.

O açúcar é considerado por ele um produto "menos pior" que o etanol, no que se refere a preços.

A avaliação do executivo é de que os preços do biocombustível ainda estão muito pressionados pela política do governo para a gasolina.

O balanço trimestral também sinaliza que a queda das cotações internacionais do açúcar foi compensada pela desvalorização do real frente ao dólar.

O preço do açúcar em reais subiu 2 por cento entre abril e junho, estimou a companhia, passando de 35,55 centavos por libra-peso para 36,55 centavos no período.

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