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Cielo encerra 2011 ainda no céu dos cartões (e quem pode desafiá-la?)

Mesmo com o fim da exclusividade, a Cielo detém mais da metade do mercado de credenciamento

Rômulo Dias e executivos da Cielo: ainda na frente do mercado (Germano Lüders/EXAME.com)

Rômulo Dias e executivos da Cielo: ainda na frente do mercado (Germano Lüders/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 18h04.

São Paulo - Qualquer dúvida sobre qual credenciadora lideraria o mercado de cartões após o fim da exclusividade se dissipou no ar durante este ano, em que a Cielo liderou o setor de forma constante tanto em participação de mercado como em resultados.

A companhia terminou o terceiro trimestre com uma receita total de 1,2 bilhão de reais e lucro líquido de 457,6 milhões de reais. Em comparação, a Redecard, sua principal concorrente, faturou 920,3 milhões e lucrou 343,6 milhões no mesmo período.

Por trás dos números, estão estratégias opostas das duas empresas que dominam o credenciamento de cartões no Brasil, com 98% do mercado. Enquanto a Redecard era comercialmente mais agressiva, a Cielo apostou em manter as margens de lucro e apostar em programas de fidelização de clientes.

Do capex total (investimento em ativo fixo) de 315 milhões de reais feito pela Cielo no ano, grande parte foi destinada ao reforço da área comercial, que foi passou de 450 para 750 profissionais (no total são 1.550 funcionários).

Inovações

“Além de aumentar nossa capilaridade também investimos na fidelização de nossos parceiros e inovação de produtos, como o Cielo Mobile, aplicativo para captura via celular, usado por mais de 50.000 profissionais autônomos no país”, afirma Rômulo Dias, presidente da Cielo.

Como resultado, a Cielo ficou com pouco mais de 50% de participação do mercado e a Redecard com quase 50%. O domínio só não é de 100%, devido à parceria do Santander com a GetNet, que detém entre 1,5% e 1,8% do setor.

Atualmente, a Redecard passa por uma reestruturação que começou no início do ano com a troca do comando – Roberto Medeiros deu lugar a Cláudio Yamaguti.

Em comum, ambas apostaram em fechar acordos de preferência com alguns grandes bancos. O HSBC fechou em junho uma parceria com Cielo. Em agosto foi a vez de a Redecard fechar uma parceria com o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) e, em outubro, com o Safra.


Vento a favor

Fazer pagamentos com cartões é hoje tão comum para os brasileiros quanto receber balas de troco foi no passado. Nos últimos cinco anos, o setor cresceu 121% em volume transacionado e impulsionou os negócios das duas credenciadoras do país.

Isso explica como em um ano em que o Ibovespa cai 20%, as ações das processadoras de cartões Cielo e Redecard sobem 44% e 45%, respectivamente - as maiores altas entre as empresas do índice. “Ninguém quer ficar de fora de um setor que tende a crescer 20% ao ano nos próximos anos”, afirma Álvaro Musa, sócio da Partner Conhecimento e ex-presidente da Credicard.

O aumento da competição trouxe o benefício para os varejistas e, segundo estimativa de especialistas do setor, da redução do preço cobrado pelo aluguel das maquininhas. Nesse período, segundo um especialista no setor, a margem cobrada de grandes varejistas pelas credenciadoras caiu então pela metade (de 3% para 1,5%). “Com a entrada de novos competidores, a tendência é a das credenciadoras fidelizar suas grandes contas”, diz Musa.

As desafiantes

A partir de fevereiro, ao lado do Citibank, a americana Elavon, segunda maior credenciadora independente de cartões dos Estados Unidos, começará a operar no país com a pretensão de conquistar, até 2015, 15% do mercado.

Sua missão será oferecer soluções de nicho para segmentos que lidera lá fora: aviação, hotelaria, varejo e saúde. Por enquanto, já tem contratos com oito grandes empresas e outras 20 médias e 500 pequenas empresas terão 30% de suas transações processadas nas maquininhas da nova concorrente.

Outra gigante que ameaça acabar com a festa do duopólio é a americana Global Playment, uma das cinco maiores empresas do mundo. A companhia anunciou sua entrada no mercado brasileiro, em novembro do ano passado, mas ainda está à procura de um acordo com uma instituição financeiro (sem ela, não há como pedir autorização para as bandeiras Visa e Mastercard).

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