Churrasco e cerveja: Budweiser lança livro próprio sobre os temas (ThinkStock/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 15h29.
São Paulo - O barbecue americano impulsionou o resultado global da JBS. Além da temporada cheia de churrascos no verão e nos feriados, a demanda doméstica nos Estados Unidos se mantém forte nesse e nos próximos trimestres.
As economias estão fortes, consumidores têm mais dinheiro para gastar em carne e há um aumento de pubs e restaurantes dedicados ao churrasco, afirmam os executivos da companhia. "Vivemos uma nova realidade com aumento de demanda e de oferta", afirmou o CEO da JBS USA, André Nogueira, em teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre.
"Nosso negócio nos EUA mudou significativamente nos últimos cinco anos", diz. A divisão de bovinos da JBS USA também abrange as operações no Canadá e Austrália.
A companhia lançou produtos de maior valor agregado, como carne orgânica, natural e “grass-fed”, animais criados em pastagens. Esses produtos ajudaram a margem Ebitda subir de 5,9% para 10,2% – historicamente, a margem é de apenas um dígito.
Não é apenas a demanda doméstica que está forte. As exportações da unidade também cresceram 26,8% no período. A receita cresceu 1,3% no segundo trimestre, para 5,6 bilhões de dólares. Já o Ebitda, resultado antes de impostos e taxas, melhorou 75,8% para 570 milhões de dólares.
A força da divisão “não é explicada apenas pela temporada forte de churrasco, mas também pelos fundamentos fortes, com demanda interna sólida de carne bovina e melhoria da oferta de gado”, afirmou o banco BTG Pactual em relatório.
Para a corretora Rico, a “JBS USA Carne Bovina é destaque com rentabilidades fortes devido à demanda doméstica e exportações robustas”.
Enquanto a divisão bovina dos EUA se expande, outras não apresentaram resultados tão promissores.
A divisão de suínos nos EUA sofreu com uma oferta maior de animais no mercado. Com isso, o preço da carne cai, bem como os ganhos da companhia. A receita líquida do segmento caiu 6,3%, para 1,43 bilhão de reais, e a margem ebitda encolheu de 11,7% para 7,2% no trimestre.
Já no Brasil, a situação é mais desafiadora. A Seara, divisão de alimentos da companhia, viu sua receita encolher 5,4%, para 4,09 bilhões de reais. A greve dos caminhoneiros teve um impacto de 112,9 milhões de reais no ebitda, que caiu 36,3% para 226,7 milhões de reais.
No entanto, os obstáculos vão além do impacto pontual . O preço dos grãos como milho e farelo de soja, alimentação para os rebanhos e um dos principais custos da empresa, está alto. “Hoje pagamos o preço premium pelo grão”, afirmou Gilberto Tomazoni, COO Global da empresa.
Apesar de lidar com uma matéria prima mais cara, A empresa não repassa esse aumento de preço aos consumidores, diz o diretor, por conta da demanda mais fraca por carne no Brasil e uma situação econômica ainda frágil.
A alta do dólar frente ao real barateou a carne brasileira e a Seara impulsionou as exportações, compensando parcialmente a queda nas vendas internas.
Ainda que o dólar forte tenha ajudado a aumentar as receitas da companhia, também levou ao seu prejuízo. Por conta da variação cambial, a companhia apresentou prejuízo contábil de -911,1 milhões de reais.
“Verificamos que o grande causador da queda no resultado final da companhia foi a apreciação do dólar sobre o valor em reais das dívidas em moeda estrangeira”, afirmou a Coinvalores, em relatório.