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Chega de alunos!

Depois de espalhar campi por toda a metrópole, a Unip investe em novos cursos

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

  • Veja o ranking dos 30 setores avaliados por EXAME SP
  • A Universidade Paulista (Unip), maior instituição de ensino superior de São Paulo, é também a maior do país em número de alunos. Ela ostenta essa dupla liderança desde 1999, quando ultrapassou a Universidade de São Paulo (USP), veterana com mais que o dobro de idade e de prestígio. Trata-se de uma façanha, levando-se em conta a tradição e o tamanho das instituições públicas brasileiras, que sempre predominaram na educação superior. No ano passado, a Unip faturou 520 milhões de reais. Tem mais que o dobro de alunos da segunda maior universidade privada paulistana, a Uniban: mais de 87 000, dos quais cerca de 37 000 na Grande São Paulo. Para ter uma idéia do que isso representa, há dois anos, com 66 000 matrículas, a Unip já tinha o equivalente a 16% do total de alunos das universidades federais do país juntas. Com 28 campi no estado de São Paulo -- 12 deles na região metropolitana --, a Unip praticamente encerrou seu processo de expansão física e investe agora em novos cursos e atividades. "Não quero mais alunos", brinca o empresário João Carlos Di Genio, dono da Unip.

    A líder no ranking das universidades começou em 1972 com o nome de Instituto Unificado Paulista. Oferecia quatro cursos relativamente baratos de montar (Comunicação Social, Letras, Pedagogia e Psicologia). Em 30 anos, o número de cursos aumentou para 184, entre graduação, pós-graduação e seqüenciais (curso superior de curta duração). Esse crescimento espantoso ocorreu como resultado da estratégia de espalhar campi por toda a Grande São Paulo -- e posteriormente por todo o estado. Para que isso fosse possível, a Unip foi regulamentada em 1988 como uma universidade multicampi, com sede na região metropolitana de São Paulo. Abriu-se assim o caminho para a expansão no resto do estado, aproveitando regiões onde a instituição já estava estabelecida nos ramos do ensino fundamental e médio com o Colégio Objetivo, também de propriedade de Di Genio. "Garantimos a captação de alunos para a universidade desde o começo, principalmente no interior", diz Di Genio.

    A estrutura descentralizada permite à Unip atrair mais facilmente estudantes que não conseguem entrar em universidades de primeira linha, como USP, Unicamp e PUC. Além disso, a Unip leva a vantagem de ter se instalado em muitos bairros paulistanos antes de suas concorrentes. O principal período de crescimento ocorreu nos anos 80, às vésperas do boom do ensino superior brasileiro. A Unip estava pronta na hora certa. Na segunda metade da década de 90, o sistema de educação superior do país retomou o ritmo de expansão dos anos 60 e 70, quando haviam sido inauguradas universidades federais em vários pontos do Brasil. O Ministério da Educação autorizou a abertura de vários cursos para atender à demanda do ensino médio, também em crescimento. De 1995 a 2000, 3,8 milhões de estudantes ingressaram nas faculdades brasileiras. Quase toda essa demanda foi absorvida pelas instituições privadas. A Unip foi uma das que mais se beneficiaram com a explosão do número de jovens oriundos da expansão do ensino médio que não encontravam vaga em instituições superiores públicas.

    A exemplo da maioria das universidades particulares que se expandiram nesse período, a Unip não tem um desempenho brilhante nas avaliações do Ministério da Educação, como o Exame Nacional de Cursos, o Provão (veja quadro), e a Avaliação das Condições de Oferta. No Provão, em que os alunos são avaliados ao fim da graduação numa escala de A a E, a Unip tem 51% de cursos com nota C. Segundo Di Genio, as notas do Provão refletem o perfil dos alu nos que estudam na Unip: jovens de classe média e média alta que não conseguiram ser aprovados nas melhores instituições de São Paulo. A Unip tenta compensar a performance dos últimos anos investindo na abertura de cursos de pós-graduação strictu sensu (mestrado e doutorado) e financiando projetos de pesquisa. Outra estratégia é "roubar" profissionais de instituições de maior prestígio oferecendo salários mais atraentes. Um professor titular em regime de tempo integral recebe em torno de 7 000 reais por mês, um valor razoável em comparação com o pago pelas instituições públicas.

    Na avaliação do dono da Unip, não existe mais muito espaço para a expansão do ensino superior em São Paulo. "Estamos chegando ao limite de alunos pagantes", diz Di Genio. "Se não houver políticas de financiamento estudantil por parte do governo, a inadimplência, que já preocupa alguns empresários da educação, só tende a aumentar." A Unip aposta agora num mercado mais garantido: está investindo 10 milhões de dólares na criação da Universidade do Trabalhador. Aproveitando os campi já existentes, vai oferecer cursos superiores de curta duração, de formação específica, voltados para funcionários de grandes empresas. Para pôr a idéia em prática, está negociando com alguns sindicatos. Outra cartada nos planos de Di Genio é o lançamento de um canal de TV digital especializado em educação e que oferecerá cursos superiores a distância. Di Genio já tem 100 retransmissoras montadas. O investimento total será da ordem de 200 milhões de dólares.

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