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Cesp lidera prejuízos bilionários de 2002

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) encerrou o ano passado com prejuízo de 3,4 bilhões de reais. O resultado preocupa, mas não causa surpresa porque os analistas financeiros dedicados ao setor elétrico esperam balanços negativos para a maioria das empresas do setor. Mas o prejuízo da Cesp atingiu cifras tão elevadas que pelo relatório […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) encerrou o ano passado com prejuízo de 3,4 bilhões de reais. O resultado preocupa, mas não causa surpresa porque os analistas financeiros dedicados ao setor elétrico esperam balanços negativos para a maioria das empresas do setor. Mas o prejuízo da Cesp atingiu cifras tão elevadas que pelo relatório da Economática deve entrar para a história como o maior de 2002.

No início da noite, a agência de classificação Standard & Poor s rebaixou a nota do crédito corporativo e das emissões da empresa. A Cesp permanece em observação, podendo ter sua nota novamente alterada. Na avaliação da S&P, a empresa perdeu bruscamente a capacidade de gerar caixa em janeiro. Se não conseguir renegociar suas dívidas de curto prazo, não terá condições de honrar os pagamentos. Os vencimentos de curto prazo totalizam 3 bilhões de reais (850 milhões de dólares).

A agência acredita que a Cesp pode receber ajuda financeira de seu acionista majoritário, o governo do Estado de São Paulo, ou de entidade federais como Eletrobrás ou Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Se a empresa não receber ajuda financeira até o próximo mês, a S&P reduzirá ainda a nota da empresa.

A Cesp atua no planejamento, construção e operação de sistema de geração e comercialização de energia elétrica na região Sudeste, uma das mais importantes do país. Tem uma capacidade instalada de 7,346 Mw e usinas importantes como Ilha Solteira, Três irmãos, Jupiá e Engenheiro Sérgio Motta. É uma empresa completa, mas acumula uma dívida avaliada em 11,4 bilhões de reais, 35% acima de seu valor patrimonial.

A Cesp de um problema de gestão e precisa de uma reestruturação , diz Otto Bertini Junior, analista de mercado da corretora Intra. Na avaliação do mercado, a Cesp está tentando e deve conseguir a renegociação das dívidas, mas sua situação causa desconfiança. Na sexta-feira sua ação registrou queda de 2% na Bovespa. É um papel arriscado que o investidor usa para giro , diz Otto. Ninguém quer ter em carteira no longo prazo.

A Economática avaliou os prejuízos de companhias de capital aberto listadas na Bovespa entre 1986 e 2002. Na lista dos 20 maiores prejuízos, a Cesp aparece três vezes (quinta, sexta e 13 posição) por conta das perdas registradas em 1990 (-3,5 bilhões de reais), no ano passado e em 1993(-1,9 bilhão de reais). Os prejuízos da Cesp ocupam a quinta e a sexta e a 13 posições. As maiores perdas da história foram registra por bancos, antes do programa de reestruturação do Proer e das privatizações que promoverem o saneamento do sistema financeiro.

Segundo levantamento da Economática, dados parciais de balanços fechados até setembro também sinalizavam prejuízos acima de um bilhão para três empresas ligadas direta ou indiretamente a AES: Elpa (-1,4 bilhão de reais), Cemig (-1,3 bilhão de reais) e Sul Distribuidora de Energia (1,3 bilhão de reais). Elpa e AES Sul Distribuidora são controladas pela empresa americana. Na Cemig, a AES tem participação através do consórcio Southern Eletric Brasil.

Prejuízos acima de um bilhão aparecem ainda nos resultados da Varig, hoje em processo de fusão com a Tam; e para a Elektro, distribuidora de energia elétrica da Enron, empresa americana envolvida em escândalos contábeis. Duas siderurgias, Usiminas e Cosipa, também já acumulavam prejuízos de um bilhão de reais até setembro (confira os resultados nos quadros abaixo).

O outro prejuízo bilionário do ano passado, já confirmado com a divulgação do balanço do quarto trimestre, é da Telesp Celular (-1,1 bilhão de reais.) O prejuízo da Telesp Celular causa menos preocupação. A empresa tem potencial e vem tomando corpo por intermédio de aquisições. São justamente as novas empresas que contribuíram para o prejuízo. A Telesp Celular adquiriu participação na Tele Centro-Oeste Celular, uma empresa saudável, e na Global Telecom, uma empresa do Paraná com problemas de caixa.

Os 20 maiores prejuízos entre 1986 e 2002
Empresa Setor Prejuízo Ano
Nacional Finanças e Seguros -16.106 1995
Brasil Finanças e Seguros -15.129 1996
Brasil Finanças e Seguros -9.351 1995
Banestado Finanças e Seguros -5.260 1998
Cesp Energia Elétrica -3.499 1990
Cesp Energia Elétrica -3.417 2002
Nord Brasil Finanças e Seguros -3.214 2001
Banespa Finanças e Seguros -2.911 2000
Sid Nacional Siderur & Metalur -2.418 1990
Cia Paulista Ativos Outros -2.287 1998
Eletropaulo(Antiga) Energia Elétrica -2.145 1993
Sid Nacional Siderur & Metalur -2.079 1988
Cesp Energia Elétrica -1.885 1993
Cosipa Siderur & Metalur -1.846 1988
Lojas Arapua Comércio -1.840 1998
Cosipa Siderur & Metalur -1.749 1993
Cosipa Siderur & Metalur -1.612 1987
Telesp Cel Part Telecomunicações -1.408 2001
Banrisul Finanças e Seguros -1.401 1998
Sid Tubarao Siderur & Metalur -1.260 1987
Fonte: Economática, a partir de balanços anuais de companhias
abertas divulgados entre 1986 e 2002.
Prejuizo anualizado Ajustado pelo IGPDI até 31/12/02
Os 10 maiores prejuízos
de 2002
Empresa Setor Prejuízo Último balanço
Cesp "Energia Elétrica" -3417,5 "31/12/02"
AES Elpa "Energia Elétrica" -1350,6 "30/09/02"
Cemig "Energia Elétrica" -1303,7 "30/09/02"
Varig "Transporte Servi" -1264,1 "30/06/02"
Aes Sul Dist Energ "Energia Elétrica" -1259,9 "30/09/02"
Telesp Cel Part "Telecomunicações" -1140,8 "31/12/02"
Elektro "Energia Elétrica" -1132,3 "30/09/02"
Usiminas "Siderur & Metalur" -1069,3 "30/09/02"
Cosipa "Siderur & Metalur" -1005,5 "30/09/02"
Sabesp ON "Outros" -998,6 "30/09/02"
Fonte: Economática. Levantamento realizado a partir da
data do ultimo balanço disponivel, sendo que estas empresas podem ainda
apresentar prejuizos mairoes ou menores dependendo dos seus resultdaos do
último trimestre de 2002
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