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Cervejaria AB InBev tem queda de 75% no lucro — e vê ameaça da China

Resultados da maior cervejaria do mundo mostraram queda no lucro no começo de 2020 devido ao coronavírus. No Brasil, as marcas premium são a esperança

Ambev: na América do Sul, após 2018 ruim, mercado projeta que a empresa teve bom ano em 2019 (Nacho Doce/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 06h43.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 12h21.

São Paulo — O dia será de olhar para o mercado cervejeiro — e refletir sobre os impactos do coronavírus também nas bebidas . A Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, divulgou resultados pouco positivos para 2019 e o quarto trimestre na madrugada desta quinta-feira.

Globalmente, uma das maiores ameaças vem da China. A AB InBev afirmou que a redução da demanda na região devido ao coronavírus já a fez perder 170 milhões de dólares em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) só nos primeiros dois meses de 2020 e 285 milhões em faturamento. O país é um dos mercados mais importantes da AB InBev, cuja sede fica na Bélgica. Na China, se vende mais Budweiser do que nos Estados Unidos, terra natal da marca.

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Enquanto isso, em 2019, os resultados também foram considerados pouco animadores. O lucro atribuído aos acionistas no quatro trimestre foi de 114 milhões de dólares, 75% menor do que o ganho de 456 milhões de dólares no mesmo período de 2018. O faturamento também caiu de 13,79 bilhões de dólares entre outubro e dezembro de 2018 para 13,33 bilhões em 2019, abaixo das expectativas.

No acumulado do ano, o volume vendido subiu 1,1%, terceira alta anual consecutiva. Contudo, houve quedas nas vendas na América do Norte e na região da Ásia-Pacífico. “Nossa performance em 2019 foi abaixo de nossas expectativas, e não estamos satisfeitos com os resultados”, escreveu a diretoria da empresa em carta aos acionistas.

Internamente, a AB InBev passa por suas próprias mudanças. O diretor financeiro Felipe Dutra, na companhia desde 2005, anunciou aposentadoria e vai dar lugar em abril a Fernando Tennenbaum, então diretor financeiro da Ambev e baseado no Brasil.

Um de seus maiores desafios será controlar a dívida gerada pela super aquisição da SAB Miller em 2016, de 100 bilhões de dólares. Desde então, a companhia abriu capital em Hong Kong e levantou outros 5,7 bilhões de dólares, enquanto tenta vender suas operações na Austrália por 11 bilhões — negócio que aguarda aprovação de órgãos reguladores.

Para chegar lá, além da China e do mercado asiático, outro ponto estratégico é o próprio Brasil e a América do Sul, onde a alta no volume em 2019 foi de 2,8%. Em 2018, o lucro da cervejeira havia caído 5%, e o mercado se mostrava cauteloso quanto à concorrência da holandesa Heineken , dona da marca homônima e da Nova Schin.

Para 2019, a expectativa é de um respiro, com alta de 9% no lucro, a  12 bilhões de reais. A esperança é se ancorar no bom momento de produtos um pouco mais premium, que não só conseguem brigar com a Heineken como obtêm melhores margens do que as tradicionais Skol e Brahma — como Budweiser, Corona, Stella Artrois ou mesmo a brasileira Original. A ver se a Ambev terminará a semana de Carnaval, um de seus momentos mais importantes do ano, com algum motivo para celebrar.

Dados no Brasil

Além dos dados globais da Anheuser-Busch InBev, o braço brasileiro da cervejaria também divulgou seus dados nesta quinta-feira.

Por aqui, a Ambev teve um aumento de 5,1% no volume de vendas e lucro aumentado em 8,5%. A receita do ano da empresa somou R$ 28,7 bilhões e cresceu 7,1%.

De acordo com a cervejaria, o aumento no lucro deve-se ao lançamento de novos produtos, como a Skol Puro Malte.

Se considerados apenas o volume de cerveja vendido, o aumento foi de 3,2%, alcançando 80,3 milhões de hectolitros. Incluindo não alcoólicos, esse índice cresceu 5,1%, chegando aos 106,8 milhões de hectolitros.

As vendas das bebidas não alcoólicas também subiram, com aumento de 11,3% no volume e 16,1% na receita líquida em 2019.

Nos três últimos meses de 2019, o lucro líquido ajustado da Ambev cresceu 24,4% na comparação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida consolidada do trimestre atingiu R$ 15,9 bilhões, um crescimento de 5,7%. O EBITDA somou R$ 6,9 bilhões no período.

No ano, as marcas premium do portfólio (Stella Artois, Budweiser, Corona e Becks) cresceram dois dígitos. No segmento value, as marcas regionais Magnífica, Nossa e Legítima continuaram ganhando participação de mercado ao mesmo tempo em que impulsionam as economias dos estados onde são produzidas.

Em 2019, a Ambev aumentou 42% os investimentos, totalizando R$ 5 bilhões, o maior montante desde 2015.

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