Negócios

Casas Bahia e Pão de Açúcar testarão agora diferenças de estilo

Novo acordo aumenta a influência dos Klein na sociedade e cria mais uma prova à parceria

Loja do Pão de Açúcar: Cade deve impedir unificação das marcas do grupo com Casas Bahia  (.)

Loja do Pão de Açúcar: Cade deve impedir unificação das marcas do grupo com Casas Bahia (.)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - Mesmo com o novo acordo entre Pão de Açúcar e Casas Bahia anunciado hoje (2/07), as duas gigantes do varejo devem encontrar outros empecilhos pela frente em relação à gestão comum de seus negócios. Não serão barreiras financeiras e contratuais, mas sim diferenças culturais e sinérgicas na maneira como Abílio e os Kein controlam suas companhias.

De acordo com José Roberto Martins, consultor de varejo da Global Brands, quando as empresas anunciaram a fusão, em dezembro do ano passado, essas diferenças não foram levadas tão a sério quanto deveriam. Segundo o especialista, a gestão da Casas Bahia é um pouco mais conservadora e menos ágil na tomada de decisões se comparada a gestão do Pão de Açúcar. "E isso deve ter influenciado a parte do Abílio a abrir mão de alguns pontos no acordo", diz Martins. "O poder de veto que eles concederam aos Klein é um exemplo disso".

O poder de veto concedido aumenta a influência das Casas Bahia dentro do grupo e faz com que os Klein interfiram em todas as questões estratégicas da companhia. Entre elas, a de como, quando e quais concorrentes do mercado o Pão de Açúcar pode adquirir. "Com isso, o acordo deixa de ser uma mera fusão para se tornar uma aliança estratégica dos empresários mais bem sucedidos do país", afirma Cláudio Tomanini, especialista em varejo e professor da Fundação Getúlio Vargas.

Marcas independentes

Quanto à reação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à associação, Martins, da Global Brands, acredita que a restrição que será imposta à fusão das duas companhias estará ligada, principalmente, ao uso conjugado das duas marcas. "O uso conjunto das marcas pode dificultar ou embaraçar o desenvolvimento de outras marcas de varejo, e isso o Cade terá de impedir", diz o Martins. Traduzindo: para ele, não há a possibilidade de repetir o caso do Itaú Unibanco, em que as duas marcas se fundiram para, progressivamente, deixar de utilizar o Unibanco.

Da mesma maneira, o Cade também terá de resolver como ficará a junção da marca Ricardo Eletro e Insinuante, outros grandes empresas do varejo. "O setor está em consolidação, com a aposta em lojas menores e uso do espaço para vendas de eletrodomésticos", afirma Tomanini. De acordo com o professor, além de fazer com que as marcas não atrapalhem os concorrentes. "O Cade também deve pensar em uma maneira de proteger os fornecedores de eletrônicos e linha branca, que ficarão com pouco poder de barganha para a venda de seus produtos".

O novo acordo

Grupo Pão de Açúcar anunciou hoje o novo acordo de fusão com a Casas Bahia, depois de mais de quatro meses de negociações. Os ativos foram reavaliados e a rede de Abílio Diniz concordou em fazer uma capitalização adicional de até 700 milhões de reais na Nova Casas Bahia - empresa resultante da fusão entre Casas Bahia, Extra Eletro e Ponto Frio. O objetivo é ajustar a equivalência patrimonial.

O dinheiro vai sair do caixa do Pão de Açúcar para a nova empresa. Quando o contrato começou a ser rediscutido, em março deste ano, a família Klein, controladora da Casas Bahia, alegava que seus ativos foram subavaliados em pelo menos 2 bilhões de reais e queria acertar essa diferença.

O novo acordo de acionistas prevê que o poder será mais compartilhado entre os sócios e que os Klein terão direito a veto nas decisões estratégicas que envolvam a diluição de sua participação.

 

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