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Calor e outros contratempos derretem resultados da Hering

Adversidades do mercado e problemas na parte logística fizeram com que empresa apresentasse resultados fracos no terceiro trimestre

Hering: promoções de peças de outono e inverno além da conta (Bia Parreiro/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Publicado em 19 de outubro de 2012 às 14h12.

São Paulo – O calor antecipado, a valorização do dólar e o aumento do preço do algodão já eram fatores externos que por si só poderiam atrapalhar e muito os resultados da Hering . Mas, além deles, a companhia ainda teve de enfrentar contratempos na operação, com a dificuldade de migrar seu centro de distribuição em Goiás. Resultado do estrago: de julho a setembro o lucro da empresa ficou em 54,6 milhões de reais, 14,2% menos que um ano atrás.

A combinação de todos esses reveses é simples de explicar: com o calor antecipado, as peças de outono e inverno das marcas Hering não agradavam consumidores e forçaram a empresa a fazer promoções além da conta. Com o preço elevado da matéria-prima e moeda americana, e sem poder repassar isso aos clientes, o gasto foi maior. Para piorar, as peças dos estoques, queimadas às pressas pelas liquidações, ainda tinham dificuldade de chegaram às lojas por problemas com a entrega.

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“Foi um trimestre bastante difícil pelos fatores de mercado e das mudanças internas, já que não esperávamos dificuldades com a migração do CD”, afirmou Fábio Hering, principal executivo do grupo em teleconferência hoje pela manhã. “Esperamos que a partir de agora nossas vendas se normalizem e estamos olhando a empresa para tomar as devidas decisões necessárias para isso”, disse ele.

Além do lucro, os demais números da empresa também derreteram. No trimestre, a receita líquida ficou em 324 milhões de reais, apenas 1% acima do mesmo período do ano passado. Isso mesmo com a ampliação de quase 27% lojas próprias da rede para 203 unidades em setembro.

A geração de caixa medida pelo ebitda, lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, foi de 74,4 milhões de reais de julho a setembro, 19,35% abaixo em relação ao mesmo período de 2011. A margem ebtida foi de 23%, queda de 4,7 %.

“Tivemos uma atividade promocional bem além do que imaginávamos, o que gerou uma queda na margem bruta e consequente queda de ebtida. E também uma despesa maior com investimentos em marketing, com gastos adicionais de 5,5 milhões de reais”, explicou Frederico Oldani, vice-presidente financeiro da Hering.

Marcas e lojas

Todas as marcas da companhia tiveram baixo resultado de venda bruta. As vendas das lojas Hering totalizaram 280,90 milhões de reais no balanço , 2,1% de crescimento em relação ao terceiro trimestre de 2011. Hering Kids teve receita de 32,6 milhões de reais, 4,1% a mais, e as vendas da PUC totalizaram 36,8 milhões de reais, aumento de 10,5%. Já a marca Dzarm faturou 23,2 milhões de reais, 3,6% abaixo em comparação com o número de um ano atrás.


“Nossa principal coleção no ano, a de verão, estará nas lojas a partir desta semana e deve se prolongar até o Natal”, disse Fábio. A boa receptividade das peças aumenta as expectativas da empresa em relação a melhores resultados daqui para frente.

A empresa terminou o período com 581 lojas, sendo 480 Hering, 77 da marca PUC, 1 da Dzarm, 17 franquias fora do país e 6 lojas Hering Kids. “Continuamos com o plano de abrir 20 lojas Hering Kids até o final do ano”, afirmou Hering. A primeira loja da marca foi aberta em Curitiba, no Paraná, como franquia e o modelo deve ser seguido pelas demais.

Com a marca PUC, a empresa segue o plano de reestruturar a distribuição das lojas e deve descontinuar e realocar algumas operações. “Sabemos a marca tem potencial de crescimento mais limitado”, disse Fábio. Apesar dos fracos resultados, decidiu por revisar o guidance do grupo para cima: em vez de abrir as 75 lojas que previa até dezembro, elevou a expectativa para 87 até o final do ano.

Adversidade

O verão fora de época fez com que o grupo tivesse de antecipar o showroom de peças de outubro para setembro, fato que foi agravado pela dificuldade de atender aos pedidos das lojas, em especial, as multimarcas. Os problemas de logística já foram normalizados, afirmaram os executivos.

“O varejo multimarcas é um canal que não espera grande crescimento em expansão – dentro dele, temos cerca de 1.500 clientes qualificados que trabalham com até 90% dos itens comprados de marca Hering”, disse o herdeiro da companhia.

“Deixamos de vender por esse canal, mas é uma situação que já melhora em setembro e outubro, tempo que o setor já se prepara para as vendas melhores de final de ano”, afirmou.

Outro fator que atrapalhou, não só a Hering, como suas concorrentes, foi a alta do preço do algodão, principal matéria-prima das varejistas brasileiras de moda. Nos últimos seis meses, o aumento do valor do produto chegou a 150%, conforme o Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul ( Sindivest/MS), ocasionado pela da quebra de safra de importantes produtores mundiais, como Paquistão, e a decisão da Índia de suspender as vendas para o mercado externo.

O ano com caraterísticas bem não deve se repetir em 2013, acredita a empresa. “Ano que vem devemos apresentar uma recuperação de margem, muito embora ainda com alguns efeitos nocivos na margem por conta de câmbio e questão mais promocional”, disse Hering. É torcer para São Pedro também ajudar.

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