OGX: em outubro do ano passado, Eike outorgou à companhia o direito de exigir que ele subscreva, até abril de 2014, novas ações correspondentes a até US$ 1 bilhão (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2013 às 08h15.
Rio de Janeiro - A OGX dispõe atualmente de recursos que sustentam a operação da empresa por, no máximo um ano, segundo relatório do banco HSBC, distribuído a clientes.
A posição de caixa e o consumo trimestral de caixa de US$ 500 milhões são uma preocupação: a atual posição de caixa de US$ 1,1 bilhão sustenta apenas mais três trimestres ou quatro, diz o relatório, que considera imprescindível o aporte de US$ 1 bilhão na empresa, prometido por Eike Batista.
A renúncia dos ex-ministros Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, além da ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, do conselho de administração da petroleira, na semana passada, torna mais improvável a injeção de recursos do controlador para ajudar a tirar a empresa da profunda crise financeira em que se encontra.
Os três eram conselheiros independentes. Com a saída, apenas dois integrantes mantêm essa condição. Até abril deste ano, quando o consultor Claudio Sonder também deixou o grupo, eram seis os membros independentes do conselho.
Em outubro do ano passado, Eike outorgou à companhia o direito de exigir que ele subscreva, até abril de 2014, novas ações correspondentes a até US$ 1 bilhão. Mas, condicionou a operação à avaliação da maioria dos membros independentes do Conselho de Administração da Companhia, como destacou no fato relevante.
Os dois remanescentes - Luiz do Amaral de França Pereira e Samir Zraick -, que participam também dos conselhos de LLX, MMX, MPX, OSX e CCX, teriam ambos de exigir o exercício da put (opção de venda) prometida por Eike. Os conselheiros devem levar em conta a necessidade de capital social adicional da companhia e ausência de alternativas mais favoráveis.
Pressão
Pessoas que acompanham de perto as operações da OGX consideram difícil essa tomada de posição pelos dois conselheiros, egressos de Vale e Caemi, com relação antiga com Eike Batista. Procurada, a OGX negou, por meio de nota, que a empresa estivesse sendo pressionada, pelos três conselheiros que deixaram os cargos na semana passada, a exigir o aporte de recursos por parte de Eike.
A saída de Malan, Tourinho e Ellen Gracie, porém, revela um desprestígio político do grupo EBX. Até agora, as boas relações de Eike com todas as esferas governamentais parecia inabalável.
A OGX vive uma crise de fluxo de caixa. Mas, tem projetos interessantes, ativos a vender. Acredito que, em algum momento, deva mudar de dono, diz o economista Edmar Almeida, do Grupo de Economia de Energia da UFRJ.
Para ele, a intensa crise financeira da companhia não corresponde exatamente à sua situação. Produção de petróleo é um negócio de alto risco. O problema é o enorme descompasso entre a expectativa vendida pela empresa e o que está sendo entregue.
A OGX não pretende indicar novos conselheiros independentes para as três vagas. Em resposta ao acionista minoritário Willian Magalhães, a área de Relações com Investidores da petroleira informou que os conselheiros renunciaram a seus cargos, sem dar maiores detalhes sobre seus motivos. Segundo o investidor, a empresa disse que não convocará uma assembleia para indicar outros conselheiros.
Detentor de 21 mil ações da OGX ele afirma, entretanto, que não vê uma relação direta entre a mudança no conselho e o exercício da put (opção de venda) de US$ 1 bilhão por Eike Batista. Magalhães vem tentando organizar os minoritários para instituir um conselho fiscal na OGX.