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C&A: notícias sobre venda no Brasil animaram o mercado, mas empresa nega

A família Brenninkmeijer, descendentes dos irmãos fundadores da C&A, ainda controla a companhia no mundo; no Brasil, a família detém 65% da operação

Loja da C&A: incertezas sobre a operação no Brasil? (C&A/Divulgação)

Loja da C&A: incertezas sobre a operação no Brasil? (C&A/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 16h14.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 12h53.

Uma possível venda da operação brasileira da C&A agitou os mercados nesta segunda-feira, 19. Rumores de que a família acionista poderiam vender a sua participação na empresa no Brasil foram noticiados pelo jornal Valor Econômico. Como consequência, os papéis chegaram a subir 8%, com alta de 5% às 16h. Procurada, a C&A afirmou que “como política, a companhia não comenta rumores ou especulações de mercado”.

Em fato relevante divulgado no final da tarde, a C&A afirmou que "nenhum processo está em andamento" e que os acionistas controladores continuam como "apoiadores do negócio e sua performance”, na tradução livre.

A família Brenninkmeijer, descendentes dos irmãos fundadores da C&A, os alemães Clemens e August Brenninkmeijer, ainda controla a companhia no mundo através da holding Cofra, baseada na Suíça. No Brasil, a família detém 65% da operação. 

No entanto, esse controle começou a mudar de mãos em alguns países. Já em 2018, reportagens de jornais alemães como Der Spiegel e Die Welt noticiaram que a empresa estaria considerando a venda da companhia para um investidor chinês. Na ocasião, a Cofra afirmou que está "completamente comprometida em manter um negócio bem sucedido e com futuro para a C&A e que a companhia embarcou em um programa de transformação e crescimento". Entre os focos possíveis de crescimento, estariam mercados emergentes, de alto crescimento como a China, e a transformação digital, "o que pode potencialmente envolver parcerias e outros tipos de investimento externo", disse a empresa há dois anos.

Movimentos no Brasil e no mundo

No Brasil, a varejista abriu o capital de sua operação local em outubro de 2019 e levantou 1,6 bilhão de reais. Na abertura de capital, a ação estava precificada em R$ 16,50. Depois de um pico de R$ 17,70 em dezembro, hoje está em R$ 12,80. Com 288 lojas, atingiu receita líquida de 1,27 bilhão de reais no primeiro semestre do ano, queda de quase 45% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Em janeiro deste ano, a companhia fechou 13 de suas 450 lojas na Alemanha e 30 unidades na França - depois de ter fechado 160 unidades em 2019 no país. Logo em seguida, a família vendeu sua divisão mexicana ao seu concorrente Grupo Axo. Já em agosto, vendeu sua operação chinesa para o fundo de investimentos em private equity Zhongke Tongrong Private Equity. Segundo comunicado divulgado na ocasião, "a venda é uma oportunidade para acelerar o crescimento de uma das marcas varejistas mais sustentáveis, respeitáveis e duráveis da Europa no mercado chinês, potencializando possibilidades impulsionadas pela urbanização e adoção de tendências de moda no mercado de massa". 

Sobre a venda da participação na operação brasileira, o mercado está animado. "Esse movimento faz sentido quando se acompanha as movimentações que o controlador fez em outros países. É natural que possa fazer por aqui também", diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, sobre as vendas das operações no México e na China. Segundo ele, ter um controlador mais próximo da companhia poderia ser interessante, para dar mais eficiência ao negócio.

A operação brasileira sempre foi relevante para o grupo. Mas começou a perder relevância com a crise econômica de 2015, diz André Pimentel,  sócio da Performa Partners, consultoria especializada em empresas médias e grandes. "De um tempo para cá, a C&A vem analisando suas operações no mundo inteiro. Vendeu participação na China e no México e só sobrou o Brasil fora da Europa", afirma ele. Além disso, com a desvalorização do real frente ao dólar e ao euro, a operação brasileira perde importância dentro do grupo.

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    Caso a venda seja concretizada, não será um negócio simples. De acordo com Pimentel, normalmente há duas opções para um possível fundo comprador: mudar a marca ou pagar royalties. Nenhuma das opções é fácil. Presente no país desde 1976, é uma das marcas mais fortes no varejo de moda - qualquer mudança seria complexa. Já pagar royalties pelo uso da marca também não seria simples, já que acarretaria em um custo a mais para a empresa, em um mercado bastante competitivo. Apesar dos desafios, o otimismo em torno da companhia continua.

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