C6 Bank atrai JPMorgan como sócio e pode abrir expansão internacional
Banco americano de investimentos compra 40% de um dos maiores players financeiros digitais do país, que havia sido avaliado em R$ 11,3 bilhões no fim de 2020
Marcelo Sakate
Publicado em 28 de junho de 2021 às 13h21.
Última atualização em 29 de junho de 2021 às 06h39.
O C6 Bank , um dos maiores bancos digitais do país, anunciou ao mercado no início da tarde desta segunda-feira, 28 de junho, que vendeu 40% do capital para o JPMorgan Chase , por valor não revelado.
O negócio representa a entrada do banco americano de investimentos no varejo bancário brasileiro. Há opção de compra dos 60% restantes no futuro, de acordo com a Bloomberg. Para o C6, é o ingresso de um sócio de peso em um projeto que nasceu há apenas três anos, com o banco em operação comercial há menos de dois anos.
Em dezembro do ano passado, uma capitalização de R$ 1,3 bilhão de cerca de 40 investidores privados, como family offices, levou o valuation do banco para R$ 11,3 bilhões. O valor é um ponto de partida para dimensionar o negócio anunciado, uma vez que ele acelerou o crescimento desde então.
A escolha do JPMorgan como parceiro estratégico deve servir como um impulso para o plano de médio prazo de internacionalização do banco, segundo fontes do banco.
O C6 Bank foi fundado em 2018 por Marcelo Kalim, CEO e maior acionista, Leandro Torres, Luiz Marcelo Calicchio, o Teco, e Adriano Ghelman, todos ex-sócios do BTG Pactual (BPAC11). A licença do Banco Central para operar veio no início de 2019, e a entrada em escala comercial ocorreu em agosto do mesmo ano.
“A parceria com o JPMorgan Chase, o maior banco do Hemisfério Ocidental e uma das marcas de banco mais prestigiosas do mundo, é um divisor de águas”, disse Kalim, que era um dos principais acionistas do BTG.
“Essa parceria estratégica nos permite ganhar ainda mais escala no nosso negócio e continuar oferecendo aos consumidores brasileiros os melhores produtos financeiros”, completou.
“Estamos entusiasmados para usar nossas competências globais e a expertise do JPMorgan Chase para acelerar o crescimento do C6 Bank”, afirmou Daniel Darahem, Senior Country Officer para o Brasil do JPMorgan.
Com atuação para pessoas físicas, MEIs e pequenas e médias empresas (PME), o banco tem ganhado escala rapidamente, tanto na linha de produtos como em clientes. São mais de 7 milhões de contas abertas.
Diferentemente da estratégia de lançamento gradual de produtos do Nubank, o C6 tem se notabilizado pela oferta acelerada com mais de 20 opções, algumas das quais inexistentes no mercado: uma das novidades foi o lançamento de uma conta global em dólar no fim de 2019.
Outra foi a transferência de valores via SMS -- com o nome de Kick --, um ano antes que o Pix fosse lançado ao mercado.
A estratégia do banco é se posicionar como um banco completo de varejo, oferecendo serviços e produtos gratuitos para ampliar essa base e daí rentabilizar com produtos como crédito e investimentos.
“Admiramos a estratégia e a gestão do C6 Bank. Com uma plataforma impressionante de produtos e serviços, eles estão bem posicionados para manter a trajetória de crescimento e construir uma grande franquia”, disse Sanoke Viswanathan, CEO de Varejo Internacional do JPMorgan Chase.
Ao fim de 2020, o banco tinha cerca de R$ 10 bilhões em ativos totais, R$ 5 bilhões na carteira de crédito para pessoas físicas e jurídicas e um volume transacionado em sua plataforma de pagamentos que chegava a quase R$ 20 bilhões.
O C6 se preparava para realizar o IPO (oferta pública inicial de ações) na bolsa brasileira ou em Nova York, provavelmente no segundo semestre, de acordo com fontes do mercado. Com a capitalização do JPMorgan, a oferta de ações deve ser adiada.
O C6 Bank integra a Carbon Holding, da qual fazem parte as empresas PayGo (meios de pagamento), Som.us (assessoria de seguros), Setis (aplicações de pagamentos) e Idea9 (edtech). Juntas, somam cerca de 1.600 funcionários.