Burger King mantém expansão agressiva e pode dobrar presença no Brasil
A expansão de novas lojas e a incorporação das unidades de franqueados foram essenciais para o crescimento da rede no trimestre
Karin Salomão
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 14h45.
Última atualização em 10 de agosto de 2018 às 13h41.
São Paulo – O Burger King tem um plano agressivo para se tornar líder no Brasil. A rede de fast food está em um ritmo acelerado de abertura de novas unidades.
Apenas nesse trimestre, foram abertos 12 restaurantes e, nos últimos 12 meses, 103 unidades. Hoje, já são 717 restaurantes, 583 próprios e 134 franquias. O McDonald’s tem 900 unidades e o Bob’s, mais de mil contando com os quiosques.
Além da expansão orgânica, o Burger King Brasil adquiriu 51 restaurantes e 20 quiosques de franqueados, em abril deste ano. “Com a conclusão de mais esta aquisição, a Companhia reforça seu posicionamento no mercado de fast-food do Brasil”, escreveu a empresa em fato relevante publicado na ocasião.
A expansão de novas lojas e a incorporação das unidades de franqueados foram essenciais para o crescimento da rede no trimestre. A receita da companhia chegou a 537 milhões de reais no trimestre, alta de 25,3%. Porém, sem o impacto da aquisição, o crescimento das receitas seria de 9%.
Sem contar com os restaurantes adicionados à sua rede, o trimestre não foi fácil para o Burger King. As vendas em lojas abertas há pelo menos um ano se mantiveram estáveis em relação ao ano passado, com crescimento de 0,0%.
Assim como outras companhias, o Burger King afirma que foi impactado pela greve dos caminhoneiros e Copa do Mundo. Sem esses efeitos, o aumento nas vendas comparáveis teria sido de 6,2%, calcula a empresa.
"Embora o trimestre tenha sido difícil, os resultados ajustados, sem efeito da Copa do Mundo e greve de caminhoneiros, não foram ruins. Neste ponto, mantemos nossa visão positiva considerando o plano de expansão de lojas contínuo e agressivo", afirmou o BTG Pactual em relatório.
Dobrar de tamanho
De acordo com analistas, a empresa tem bastante espaço para crescer no Brasil. “Crescimento por expansão continua um dos maiores do setor e o BK continua a oferecer um mix de crescimento alto e retornos maiores, em uma categoria atraente”, afirmou o Bradesco BBI em relatório.
O objetivo é abrir cerca de cem unidades no ano, mas o banco acredita que há espaço para crescer ainda mais.
“O Burger King Brasil pode dobrar sua presença e as dinâmicas do setor são favoráveis”, afirma o BBI. De acordo com a análise, o mercado pode absorver, facilmente, mais 450 unidades do Burger King, que podem ser abertas nos próximos cinco anos.
Além disso, ainda que a rede tenha apresentado números estáveis de vendas em mesmas lojas, o banco acredita que as vendas logo deverão voltar a crescer. “Fast Food no Brasil cresceu a um ritmo mais rápido (em termos reais) do que os salários nos últimos 16 anos, o que essencialmente significa que os consumidores gastam uma proporção maior de sua renda em fast food à medida que se tornam mais ricos”, descreve o relatório.
Outro fator favorável para a rede é a concorrência com inúmeras redes menores. O mercado brasileiro é pouco consolidado – apenas 11% do segmento de fast food está nas mãos dos três maiores concorrentes.
Novos horizontes
Além da abertura de novas unidades, a companhia também está expandindo por outras frentes. Em dezembro do ano passado, realizou sua abertura de capital e movimentou 2,2 bilhões de reais.
Também irá investir em novas marcas. O Burger King Brasil acertou um acordo com a rede norte-americana Popeyes Louisiana Kitchen para ser master franqueada da marca no país por 20 anos. A Popeyes foi comprada pela controladora do Burger King Global, a Restaurant Brands International, rede de fast food controlada pelo fundo 3G Capital.
A rede Popeyes opera mais de 2.800 lojas em mais de 25 países ao redor do mundo, ocupando a posição de segunda maior rede de fast-food focado em frango no mundo, afirmou a BK Brasil.
O fundo de investimentos Vinci Partners, que era o gestor do Burger King Brasil até seu IPO, comprou a rede Domino’s de pizzaria, que pertencia ao Grupo Trigo, dono dos restaurantes Spoleto.