BRF assume que Perdigão é marca secundária
Sadia se tornou a opção "premium" e a Perdigão virou a linha "alternativa"
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 09h56.
São Paulo - Uma das decisões comerciais que a atual gestão da BRF tomou foi "assumir" para o consumidor que a Sadia é uma marca mais forte do que a Perdigão. Segundo o presidente da fabricante de alimentos , Claudio Galeazzi, as duas marcas tinham posicionamentos de preço muito parecidos e foi preciso que uma se descolasse da outra.
Desta forma, a Sadia se tornou a opção "premium" e a Perdigão virou a linha "alternativa". Dentro da empresa, há resistência em classificá-la como uma "marca de combate".
Segundo o consultor em alimentos e bebidas Adalberto Viviani, a posição dominante da Sadia no setor de alimentos é antiga. "O consumo da Sadia sempre foi inercial", diz o especialista.
Na prática, isso quer dizer que, na dúvida, o cliente escolhia a Sadia. Ele lembra que, antes da fusão, a Perdigão trabalhava para se estabelecer no mesmo patamar. "Mas é algo muito difícil de se fazer quando se tem um concorrente tão forte."
Apesar de a BRF ser dona das duas marcas líderes no varejo, a concorrência no mercado ficou bem mais acirrada nos últimos anos. A Seara ganhou força especialmente a partir do ano passado, quando trocou de dono - passando da Marfrig para a JBS - e passou a investir mais em campanhas publicitárias.
Segundo dados Nielsen compilados pela revista Supermercado Moderno, a marca conseguiu mais do que dobrar sua participação de mercado em alguns categorias nos últimos três anos.
Dentro do acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para garantir a aprovação da fusão de Sadia e Perdigão - e a criação da BRF -, a companhia teve de fazer uma troca de ativos com a Marfrig, que na época era dona da Seara. Neste processo, escolheu abrir mão de algumas linhas de produtos da Perdigão.
Categorias
Segundo o consultor Viviani, a força da Seara está concentrada entre os consumidores da classe C. "Muitas vezes, primeiro o consumidor conquista o consumo de uma categoria, para depois pensar na marca. Então começa pelo produto mais barato", explica.
Ele afirma que, em momentos como o atual, em que a renda das famílias está comprometida, marcas de combate costumam ganhar força.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.