Brazil at Silicon Valley: com colapso dos bancos e do VC, evento mira futuro do empreendedorismo
Terceira edição presencial do evento acontece entre os dias 23 e 25 de abril, em Santa Clara, Califórnia; propósito é reunir empresários e empreendedores para debater futuro do empreendedorismo e da inovação global
Repórter de Negócios e PME
Publicado em 9 de abril de 2023 às 10h00.
Última atualização em 10 de abril de 2023 às 11h41.
Há alguns anos, quando um grupo de alunos brasileiros de Stanford e Berkeley, duas das mais renomadas universidades americanas, decidiram criar um evento para aproximar o pujante ecossistema americano das ideias inovadoras que por aqui surgem, o impacto, apesar de estimado, não foi calculado. Desse esforço surgiu o Brazil at Silicon Valley (BSV), conferência anual dedicada a reunir empresários e empreendedores para debater o futuro da tecnologia e que já recebeu o apoio de nomes como Jorge Paulo Lemann e Carlos Brito, ex-CEO da AB-Inbev.
Uma pandemia, incontáveis downrounds e milhares de demissões depois, a terceira edição presencial do evento, agendada para os dias 23, 24 e 25 abril, acontecerá em meio a um cenário pouco usual para as empresas de tecnologia que têm, inclusive, o Vale do Silício como sua terra natal.
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Sobre o que é o evento
Diante de urgências sociais e ambientais, como as mudanças climáticas, a nova ordem mundial para relações de trabalho e até mesmo a quebra do mais importante financiador de startups do Vale do Silício, o Silicon Valley Bank , não faltará espaço para discussões acaloradas em 2023. Na programação do evento, estão previstas palestras sobre os temas
- Crescimento de empresas de maneira eficiente
- Futuro do trabalho
- Inovação
- Climatetechs (startups que aplicam tecnologia para o combate às mudanças climáticas)
Quem estará no Brazil at Silicon Valley
Famosa por receber grandes empresários e investidores com alguma pompa do setor de tecnologia, a conferência já contou com nomes como David Velez, fundador do Nubank; Jorge Paulo Lemman, da 3G Capital;Eric Schmidt, ex-CEO do Google Alex Szapiro, atual líder das operações brasileira do SoftBank.
Para este ano está confirmada a participação de
- Angela Strange, sócia da empresa de investimento Andreessen Horowitz;
- James Allen, sócio da Bain&Company;
- Leandro Balbinot, líder de tecnologia da rede de supermercados Whole Foods, que pertence à Amazon;
- VinodKhosla, fundador da Khosla Ventures, de investimentos em empresas de software e tecnologia;
- Vikram Sherma, CEO da empresa de cibersegurança Quintessence Labs;
- Orkut Buyukkokten, fundador da rede social Orkut.com
Em entrevista à EXAME, Marina Mamer e Emilio Umeoka, membros do conselho da Brazil at Silicon Valley, explicam detalhes da programação e expectativas para a edição deste ano.
A gente vê um mercado de tecnologia e de startups passando por grandes dificuldades. Isso afetou o apetite pelo evento, ou conteúdo dele?
Emilio: Inovação acontece durante vários anos. Quando olhamos para o mercado de VCs e startups, sempre estamos olhando mais do que o impacto no curto prazo, algo de dois ou três anos. Durante as crises é onde surgem novas tecnologias disruptivas. Então enxergamos o momento como uma grande oportunidade para nós.
Já a demanda pelo evento ficou ainda maior, e os temas que mapeamos são muito relevantes para o mercado, unindo o que está acontecendo agora e para o que as startups investirão para o futuro também.
Como é feita a escolha dos temas do evento? Vocês percebem uma evolução do evento junto ao público?
Marina: É um processo bem interativo. A gente tem conselheiros, que são pessoas que foram do board e continuam ativos conosco. Conversamos muito com eles e também entrevistamos alguns líderes do Brasil para entender o que tá na cabeça deles e quais são os principais problemas observados. A partir disso, selecionamos os temas e os filtramos. É um processo bem interativo, porque a gente quer apresentar algo que é relevante, que é atual pro público que vem.
Emilio: Como o evento é feito por estudantes brasileiros, também existe a visão do ambiente acadêmico. Esses estudantes sentem e perceberam para onde a tecnologia está indo. Essa também é uma outra vantagem em ter contato direto com o mundo acadêmico.
O evento é organizado por brasileiros, mas o público não é só de brasileiros?
Marina: O Brazil at Silicon Valley é organizado por brasileiros estudando na região. A maioria do público é brasileira. Nosso trabalho é ajudar a desenvolver tecnologia e inovação, então é importante trazer os brasileiros para cá para ter acesso a esses conteúdo e também criar relacionamento com pessoas de outros lugares e países.
Já o público-alvo continua o mesmo, desde o primeiro BSV. Mas, como seguimos diferentes temas todo ano, temos públicos mais relevantes para cada momento. Esse ano, em que vamos discutir pauta climática, vamos trazer bastante gente que trabalha com isso no Brasil.
Estamos buscando pessoas pra investir em agricultura, e coisas que talvez não teriam tanto interesse em anos anteriores. Sempre tentamos trazer pessoas diferentes, mas nosso público-alvo é: executivos de grandes empresas, empreendedores e investidores.
Emilio: Outra público são os VCs americanos, ou que estão no Vale, e que desejam investir no Brasil ou ampliar os investimentos que já fazem. A troca de informações também é muito importante pra nós também. Queremos fazer com o que o Brasil se torne cada vez mais um polo de atração de investimentos de VCs que já estão aqui no Vale.
A edição deste ano tem algo especial?
Emilio: Talvez a grande diferença do ano passado para esse é que nós criamos mais momentos para networking. Muitas vezes, pensamos que para brasileiros que vêm pra cá, encontrar-se com brasileiros é o que menos querem. É mentira! Temos startups que vêm do Sul, vêm do Nordeste, e de todos os cantos do Brasil, e também de VCs que investem no Brasil e buscam mais conexões.
Estamos tambpem nos aprofundando em palestras, e mudando o formato pra não ser só uma pessoa entrevistando a outra, mas sim uma espécie de ted talk mais dinâmico. Talvez no final do evento as pessoas vão falar que queriam mais conteúdo e menos networking? Talvez. Mas aí vamos ajustando.
Qual é a diferença de ter brasileiros na organização?
Marina: Quando estamos montando a agenda, tomamos cuidado pra ter conceder o papel de moderador a pessoas que têm conexão com o Brasil. Nem sempre é um brasileiro, mas muitas vezes é alguém que conhece o mercado brasileiro. Tentamos sempre trazer alguém pra fazer a ponte de forma clara pra beneficiar nossa audiência.
O Brasil tem hoje muitos eventos de empreendedorismo. Já pensaram em conectar o BSV com essas outras conferências?
Marina: Acho que por enquanto não temos uma conexão super forte. A gente conversa, vemos tudo como um objetivo comum, somos pares, colaboramos. A gente onversa, mas nunca evoluímos pra ter um evento conjunto.
Emilio: Já tivemos oportunidade de fazer, através de um dos nossos patrocinadore, um evento da BSV no Brasil. Mas temos que lidar com a complexidade que é ter um gerido pelos estudantes daqui. Ainda não acertamos a fórmula, mas estamos super abertos para qualquer organização focada na conexão e que queira fazer com que o Brasil avance.
A gente como brasileiro ouve frequentemente que o Brasil está atrasado em relação à tecnologia. O que vocês acreditam que falta para cá? As barreiras, para vocês, estão ficando menores?
Emilio: As barreiras estão ficando menores. Estamos colocando a sementinha pra fazê-la germinar no Brasil. Nossa missão é dar perspectiva de futuro paras empresas se prepararem para esse momento.
Marina: Os mercados são diferentes, e as realidades também. Quando a gente pensa em agritechs, por exemplo, o Brasil já tem iniciativas muito mais avançadas. A inovação pode acontecerde modo diferente, mas não necessariamente por conta de uma barreira. Muita coisa vista por aqui serve de inspiração e sabemos que as pessoas tentam aplicar no Brasil. Esperamos histórias positivas assim para o BSV esse ano.
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