Silicon Valley Bank: o que é o SVB e por que o banco está em crise?
Banco do Vale do Silício é protagonista de uma tormenta que afeta todo o setor bancário dos Estados Unidos
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Silicon Valley Bank: ações do banco desabam 87% em dois dias (Andrey Rudakov/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 10 de março de 2023, 14h27.
Última atualização em 10 de março de 2023, 19h08.
O Silicon Valley Bank (SVB) está no centro de uma tormenta que já é considerada a maior crise financeira desde 2008. Financiador de startups no Vale do Silício, o banco foi interditado por reguladores depois de uma crise de liquidez com os clientes sacando depósitos em massa.
A razão para o pânico foi anúncio de que o SVB pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos. O plano foi mal recebido e as ações da empresa desabaram 87% nos últimos dois dias. Além disso, a instituição estaria em tratativas, segundo a CNBC, para venda completa de sua operação, o que trouxe ainda mais incerteza. Abaixo, os principais pontos da crise:
O que é o Silicon Valley Bank
Fundado em 1983 na Califórnia, o Silicon Valley Bank fornece crédito para startups. Segundo o SVB, o banco forneceu crédito para 44% das startups de tecnologia e heath techs listadas na bolsa americana no último ano. Além dos Estados Unidos, o SVB tem ação global, em países como Alemanha, Canadá, China, Dinamarca, Índia, Israel, Reino Unido e Suécia.
Por que o SVB está em crise
Na quarta-feira à noite, o SVB anunciou que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O plano do SVB seria oferecer US$ 1,25 bilhão em venda de ações ordinárias e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias. O fundo General Atlantic concordou que compraria outros US$ 500 milhões em ações ordinárias do banco, fechando o valor estimado.
O anúncio, porém, causou pânico entre os investidores e desembocou em uma crise de liquidez com clientes retirando os recursos do SVB.
Na bolsa, as ações desabaram 87% entre ontem e hoje. Nesta sexta, o papel reagiu ainda à notícia da CNBC de que a SVB Financial, controladora do SVB, estaria em contato com fontes para vender a própria operação após a tentativa frustrada do banco em levantar capital. As negociações da ação foram paralisadas no início da tarde.
SVB fechado pelos reguladores
Para conter a crise de liquidez, o SVB foi fechado hoje pelo Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia, que assumiu o controle dos depósitos do banco e criou um fundo para proteger os clientes que depositaram dinheiro na instituição. Os clientes segurados devem ter acesso aos seus depósitos até segunda-feira, 13, pela manhã.
Em 31 de dezembro de 2022, o Silicon Valley Bank tinha aproximadamente US$ 209,0 bilhões em ativos totais e cerca de US$ 175,4 bilhões em depósitos. No momento do fechamento, o valor dos depósitos excedentes aos limites do seguro era indeterminado.
Por que as ações de outros bancos caíram junto?
A crise pode atingir também os grandes bancos comerciais dos Estados Unidos. O alerta vem da Gavekal, uma das casas de análise macro independente mais prestigiosas do mundo.
“Os lucros dos bancos comerciais dos EUA estão sob pressão devido à deterioração da qualidade dos ativos, à desaceleração do crescimento dos empréstimos, às reservas encolhendo e ao aumento nas taxas de juros. O SVB provavelmente não é um caso único, mas o primeiro de um batalhão de desafios que ainda estão por vir”, afirmam, em relatório, os analistas Tan Kai Xian e Will Denyer.
Na quinta-feira, 9, o índice bancário S&P 500 (SPXBK) caiu quase 6%, a maior queda em um dia em mais de dois anos. Juntos, os quatro maiores bancos norte-americanos perderam US$ 52 bilhões em valor de mercado só neste pregão.
Vale lembrar que o caso do SVB veio na esteira do banco cripto Silvergate, que anunciou ontem que iria encerrar suas operações.
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Créditos

Beatriz Quesada
Repórter de InvestFormada pela USP, trabalha na cobertura de mercados e negócios na EXAME. Foi repórter na revista Capital Aberto e produtora na Rádio Band News FM.Últimas Notícias
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