Empresários brasileiros, a convite do governo, chegam na capital do Irã, Teerã (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Teerã, Irã - Há dois anos, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esteve no Irã com um grupo de empresários. Agora é a vez de o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, desembarcar no país com 86 empresários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito inúmeros apelos para evitar o isolamento do governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Os empresários brasileiros se queixam das dificuldades causadas pela falta de linhas de crédito disponíveis para fazer operações no Irã. Ao negociar uma mercadoria, os brasileiros necessitam de cartas de créditos confirmadas e irrevogáveis emitidas por bancos de primeira linha. Mas os bancos privados brasileiros não atuam no Irã. E, para confirmar por meio de bancos europeus, há uma série de dificuldades.
"Com isso tudo fica mais complicado. Na maioria dos casos as empresas negociam utilizando um terceiro país, que se disponha a colaborar com a operação", afirmou Renato Franco, que atua no segmento automotivo. "Na prática esse tipo de operação encarece a mercadoria, o que, claro, não é bom."
A chamada triangulação da operação, quando dois países necessitam de um terceiro para negociar, além de elevar os preços dos produtos, atrasa o envio e a recepção do produto, afirmam os empresários. Nesta viagem ao Irã, eles querem buscar uma saída para essa complexa operação.
Entre os produtos brasileiros, os iranianos se interessam principalmente pela carne bovina, frango inteiro com menos de 1 quilo, milho, açúcar de cana e farelo e óleo de soja. Porém tem aumentado também o interesse pelo etanol e construção civil.
No ano passado, exportações brasileiras para o Irã totalizaram US$ 1,2 bilhão. Comparando com 2008, quando as vendas externas foram da ordem de US$ 1,1 bilhão, houve aumento de 7,5% . As exportações para o mercado iraniano representaram 0,8% do total exportado pelo Brasil no período.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações cresceram 28,2% - passando de US$ 15 milhões para US$ 19 milhões -, respondendo por apenas 0,01% das compras globais brasileiras em 2009.
Os iranianos sofrem com uma elevada inflação, que no ano passado chegou a 18%, e com a falta de emprego formal, uma vez que a maioria dos trabalhadores está no mercado informal. Também há queixas sobre o programa interno de subsídios domésticos para alimentos e combustíveis. Para o cidadão comum, o nível de vida no país é considerado elevado.